Círculo Cívico de Conferências (18 de setembro de 1958)

Existe em Marília uma lacuna que poderá com facilidade ser superada. É a questão da ausência de um organismo especifico, destinado a promover conferências cívicas periódicas, de caráter público.

Verdade é que instituições diversas contamos na cidade, que, vez por outra, desincumbem tais mistéres, como, por exemplo, a União dos Treze, a Sociedade Luso-Brasileira, o Centro Acadêmico “Roberto Simonsen” e outras. Entretanto, são tão espaçadas as palestras ali desenvolvidas, que a gente de Marília vive quase constantemente privada de ouvir bons oradores e boas palestras cívicas.

Já é tempo de Marília ser dotada de um empreendimento dêsse porte, como, por exemplo, um Círculo Cívico de Conferências, organizado e dirigido pelos valores intelectuais de nossa “urbe”. Um C. C. C. que promova palestras sôbre assuntos e temas variados, de interêsse geral de fundo patriótico, onde se ressalte, de preferência o sentido de brasilidade. Um organismo independente e afastado, não só no rótulo, mas em tôda a sua consistência e estrutura geral, de tôda e qualquer doutrina político-partidária, religiosa, racial ou filosófica; uma casa onde se ouça a palavra dos que sabem, abordando motivos que se casem com os interesses gerais, por mais variados que sejam.

Temos em Marília valores exponenciais nesse sentido e que se encontram completamente perdidos no borborinho das coisas comuns, quando poderiam ser úteis, instruindo o povo, através de conferências poliformes. Precisamos dessa Casa em Marília. Necessitamos tal cometimento, como decorrência natural do desenvolvimento de nossa cidade, cuja expansão irradia-se e arraiga-se em todos os sentidos.

Marília póde muito bem alentar éssa idéia e desenvolvê-la com êxito pleno. De início, que se ouça apenas gente da cidade, falando para gente de Marília. Depois, quando as possibilidades permitirem e o interesse público for crescendo, outras pessoas de renome na ciência, arte ou literatura, do Estado ou do país, poderão aquí ser ouvidas.

O necessário, entretanto, é que a idéia seja levada avante e que as conferências sejam periódicas e infalíveis, para não arrefecer-se o espírito público e perder o interesse (por) éssa utilíssima questão.

Sabemos que no início, u’a medida do alcance e importância como o que óra preconizamos, deparará com impecilhos diversos, sendo o maior de todos, o apôio público, o despertar do interesse geral. Entretanto, com boa vontade, reunir-se-ão inicialmente os homens capazes de nossa cidade, fazendo, com pouco tempo, que as atenções se voltem para o empreendimento, cujo fundo, além de patriótico, representa empreitada de vulto.

Com a palavra os bons marilienses, especialmente os intelectuais da cidade e as pessoas de bom gosto pelo motivo focalizado.

Extraído do Correio de Marília de 18 de setembro de 1958

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