Alegria de pobre... (22 de outubro de 1958)

Alegria de póbre dura pouco. É o antigo brocardo que o assevera.

Assim estamos nós. Conseguimos nos ausentar uns dias de Marília, e, consequentemente, dêste jornal. Fantasiamo-nos de “turista” e rumamos lá para Serra Negra, com o fito exclusivo de descansar uma semana das lides cotidianas que nos integram, por contingências necessárias, às atribuições da vida mariliense.

Tempinho danado p’ra correr, êsse quando a gente está na “moleza”! Os dias passaram tão depressa, que mal nos apercebemos que o lapso programado expirava e que a carteira murchava mais do que folha de abóbra em dia de sol quente!

Alegria de póbre dura pouco mesmo. Os dias passaram tão depressa, que nem a gente havia ainda olvidado toda a barulheira das eleições e o dever já reclama nossa presença.

Mas, pensando bem, alguns de folga, aproveitados por aqueles que poucas oportunidades tem de dispor dessas vantagens, surtem maiores do que as férias permanentes dos que podem e as desfrutam 365 dias durante o ano.

Estivemos durante mais de uma semana na “cidade da saúde”, onde bebemos mais água do que sapo. De lá demos “um pulinho” até Amparo, onde visitamos o nosso velho colaborador João Jorge. Por sinal, o “turquinho” mostrou-de um circense especialíssimo conosco, fazendo-nos subir e descer ladeiras, para conhecermos os pontos mais interessantes e as realizações mais importantes de Amparo.

Fomos inclusive na redação de “O Município”, semanário de Jorge Filho, mano de João. Alí “batemos um papo” bastante comprido terminando por rabiscar “alguma coisa” para aquele hebdomadário.

João Jorge quiz saber de tudo aquí de Marília e particularmente da redação, tendo nos incumbido de abraçar a todos os companheiros, inclusive o “senador” Aristides. E não esqueceu também de nos solicitar que informássemos à “leitora do telefone” que ele (João Jorge), recebera a cartinha muito bem escrita e muito gentil.

Mas, como dizíamos, dura pouco mesmo a alegria de póbre. Quando a gente principia a gostar do descanço a folhinha nos alerta de que o prazo está a prescrever e que aproxima-se a hora de “levantar vôo” para o reinício das responsabilidades.

Nestes dias de ausência de Marília, não tivemos o ensejo de acompanhar o desenrolar dos acontecimentos locais nem mesmo a pretensa “marcha da produção”. Em consequência, vamos agora principiar a “tomar pé” com o andamento das coisas normais da cidade, para, gradativamente, reencetarmos a rota que vínhamos palmilhando.

E não o fazemos sem antes repetir o conceituado adágio de que, de fato, “alegria de póbre dura pouco”...

Extraído do Correio de Marília de 22 de outubro de 1958

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