Candidatos de Marília (7 de outubro de 1958)

Por dever de ofício, incluímo-nos no ról das pessoas que obtiveram a legal autorização do Juiz Eleitoral local, para transitar pelas imediações das mesas apuradoras de votos do último pleito.

Como nós, os que observavam tais trabalhos, devem ter para com a sua realização, palavras elogiosas, tal a produtividade e o despreendimento dos funcionários incumbidos do referido mistér. Igualmente, para com o próprio responsável pela organização, ordem e lisura dos trabalhos, dr. Santana e os demais servidores do Cartório Eleitoral, que foram incansáveis e não despregaram o pé do local, enquanto os trabalhos não chegaram ao seu término.

Ao par disso, todos devem ter notado um ponto curioso durante o transcorrer do pleito: a afluência de “paqueiros” de candidatos de fóra, acompanhando ávidos o decorrer da contagem dos votos, marcando sofregamente os sufrágios consignados aos “paraquedistas” que se intitularam, na véspera da eleição, “amigos de Marília”.

Por ali vimos quantos marilienses estiveram a soldo de gente de fóra. Não só nós, como todos viram e não foram poucos os que nos chamaram as atenções para êsse particular. Como elemento de imprensa, fomos procurados durante os dois dias, de minuto a minuto, a fim de fornecermos informações acêrca do pleito. Dentre as pessoas que nos procuraram, poucas foram as que se interessaram em saber como ia a votação dos candidatos locais. A maioria queria saber quantos votos tinha fulano ou sicrano “até agora”.

Não respondemos as perguntas a êsse respeito, porque não dispúnhamos de elementos necessários e nem estávamos preocupados com tal pormenor, principalmente nós que de há muito vimos levantando a bandeira de candidatos de Marília. Ficamos simplesmente impressionados com a atitude de algumas dúzias de marilienses que assim obraram. Ficamos admirados, maximé quando presenciamos a palestra de um “cabo eleitoral”, afirmando categoricamente os preços, condições e bases acertadas para a colocação de votos de um candidato de outra cidade, cujos preços quase nos fizeram desmaiar!

De tudo isso, uma coisa nos conformou e nos serviu de consôlo. A maioria dos marilienses soube compreender os apêlos que fizemos e que posteriormente foram secundados pela União Eleitoral Mariliense, cerrando fileiras em torno dos candidatos locais.

Apesar de pequenos, as votações de Guimarães Toni e Álvaro Simões provaram que muitos eleitores reconheceram o valor da campanha e o valor de nossos homens. Por outro lado, a votação expressiva nos nomes de Fernando Mauro e Aniz Badra, nos deu a certeza de que nem tudo está perdido nesta terra, proporcionando-nos, por outro lado, a garantia de que muita gente pensa como nós, ama Marília e prestigia seus homens de projeção, respeito e trabalho.

Embora sem conhecimento oficial da manifestação do Tribunal Regional Eleitoral, podemos ter esperança de que, desta vez, conseguiremos eleger dois deputados de nossa cidade. Fernando Mauro está praticamente eleito deputado estadual, o mesmo acontecendo com Aniz Badra, quanto à deputação federal.

E, eleitos oficialmente êsses nomes, mistér se faz que Marília em peso cerre fileiras em torno dos mesmos, prestigiando-os em todos os sentidos, para que êles sintam, ao lado do natural amor por Marília, aquêle estímulo que tanto precisam os homens públicos de nossa pátria.

Extraído do Correio de Marília de 7 de outubro de 1958

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