O Natal e os órfãos da Filantrópica (14 de dezembro de 1958)

Aproxima-se o dia de Natal, a festa máxima da Cristandade. Com ele, a alegria natural pelo evento e a esperança verde de dias melhores para o ano porvindouro.

Toda gente procura bem interpretar o significado dessa data majestosa e por todos os lares, desde o mais humilde ao mais abastado, tenta-se emprestar à efeméride um valor invulgar e uma tradução.

Felizes os que, embóra póbres, possam passar tão magnífica data reunidos com suas famílias, ausentes de doenças e aborrecimentos que destas resultam.

Há os que, entretanto, não possuem o calor de um lar de sua propriedade natural, não contam com o aconchego daquele calor paterno e materno, embora vivam num ambiente condigno e humanitário. Várias facções se incluem nesse particular, mas as que mais sofrem e as que mais sentem essas agruras, são, por certo, as criancinhas com a mente em formação. Pensamentos infantís não estão bem aparelhados para receber o impacto desses resvaloes da própria desdita, desdita atenuada ou diminuída pelo carinho e amor do próximo, conforme é o caso das crianças que se abrigam sob os tétos do Lar da Criança e da Associação Filantrópica.

Jamais faltou, entre nós, mercê de Deus, pessoas que não cooperassem com as piedosas missões referidas. Entretanto, a Filantrópica, como todos os anos, faz um apêlo mais profundo aos marilienses em geral, no sentido de que todas as famílias que podem, vão buscar na “chácara dos órfãos”, uma ou duas crianças, para que estas passem o Dia da Cristandade num Lar verdadeiro, tenham o convívio de uma família, sentando-se à mesa dentre poucas pessoas, convivendo, enfim, num ambiente diferente daqueles que, embora completo, habitam durante o ano inteiro.

Por nosso intermédio, os dirigentes da Filantrópica esperam, como tem sucedido nos anos anteriores, que famílias marilienses proporcionem nas medidas possíveis, essa felicidade aos meninos alí internados. Portanto, os que pretenderem proporcionar aos meninos da Filantrópica uma passagem do dia de Natal junto aos seus familiares, que se comuniquem com a direção da entidade, apontando o número de menores que poderão ir buscar. Essas medidas de comunicação prévia, muito auxiliarão os dirigentes do mencionado organismo, que poderão assim, em tempo hábil, proceder a distribuição normal dos meninos e ao mesmo tempo controlar a questão da alimentação, sem o risco de preparar comida de mais ou não como tem acontecido no passado, quando poucos meninos deixaram de ser procurados no Natal, na mesma ocasião em que a cosinha da Filantrópica, sem base certa, preparara a alimentação para a totalidade.

Aquí fica, portanto, o apêlo da Filantrópica, que, em síntese, traduz também o desejo e a alegria dos garotinhos órfãos ou desamparados que sob aquele této se encontram recolhidos.

Extraído do Correio de Marília de 14 de dezembro de 1958

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