Feliz Ano Novo, leitores! (1 de janeiro de 1959)

Com a graça de Deus, adentramos hoje o ano de 1959.

E com a mesma graça de Deus, novamente nos encontramos com os leitores amigos do CORREIO DE MARÍLIA, no ato de manifestar os mesmos propósitos e idênticos desejos, dos já formulados e confessados em iguais passagens, em anos anteriores.

Cumprida mais uma etapa de nossa vida jornalística, solvemos também, durante o transcorrer de mais um ano, nossas obrigações perante o próximo, perante a sociedade e perante Deus, o Arbitro dos árbitros.

Tentamos e tivemos as mais puras das intenções, em desincumbir-nos, durante o ano que ontem expirou, como uma facção de um arauto de boas causas, como um êlo da corrente das divulgações imprescindíveis, afetas ao nosso jornal. Em sã consciência, consideramo-nos credenciados a afirmar que nossos empenhos foram sinceros e que os frutos de nosso labor despretensioso, redundaram na safra dadivosas de resultados compensadores e satisfatórios.

Por ciência de oficio, vimo-nos às vezes, compulsados a censurar, criticar ou mesmo condenar atos ou homens. Em nossas censuras, críticas ou condenações, jamais permitimos que fosse salpicado, nem mesmo levemente, o colorido do sensacionalismo; jamais permitimos (honestamente conosco mesmo), que motivos de ordem pessoal ou interesseira, pudessem, em alguma circunstância, deturpar ou prejudicar o sentido réto da verdade meridiana. E quando as circunstância e os contra-choques de idéias assim nos forçaram agir, soubemos, com a graça a Deus, desempenhar nossa missão de maneira airosa, altaneira, independente, levantando sempre, com tôdas nossas forças, a bandeira da imparcialidade – apanágio-padrão, que tão belamente identifica o jornalista provinciano.

Procuramos, no pretérito, escrever com a razão e jamais com o coração ou o sentimento de amizade. Se não o conseguimos totalmente, penitenciamo-nos de algum êrro involuntário, que jamais esteve em nossas cogitações. Sempre focalizamos atos e nunca homens. Nossa preocupação primordial, foi o abordar assuntos de Marília e seu povo. Se desagradarmos alguém, não nos pejamos em afiançar que nossas intenções foram as mais puras e que procuramos produzir o pensamento da maioria dos marilienses.

Utilizamos têrmos em tôdas as decorrências. Dentro de nosso linguajar modesto de caboclos interioranos, desprezamos sempre as parábolas e as metáforas, para falarmos a língua simples que o povo simples sabe compreender e interpretar.

Tivemos árduas lutas, que nos acarretaram, por vêzes, como se diz vulgarmente, “dores de cabeça”. Não esmorecemos, como jamais esmoreceremos, quando reivindicamos questões de interêsse geral e popular. Sabemos, em tôdas as circunstâncias, sair bem da empreitada, sem jamais termos utilizado um subterfúgio desairoso, sem nunca termos empregado um meio abjeto ou condenável.

E assim, vencemos 1.958, completando também 30 anos de atividades dêste jornal e catorze anos de nossa colaboração à êste órgão mariliense.

Iniciamos hoje, nova caminhada; um percurso que não é uma estrada de rosas perfumadas, mais uma rota de sacrifícios, que só a necessidade pecuniária e o amor à arte, aliados ao amor sincero de servir o próximo, são capazes de justificar. E o fazemos com a mesma boa vontade, com as mesmas intenções que nos moveram a inserir nossos modestos escritos no CORREIO DE MARÍLIA, no ido ano de 1.944, quando, como integrante da gloriosa (e pouco lembrada) Fôrça Expedicionária Brasileira, das trincheiras geladas das íngremes montanhas do classicismo italiano, manuscritávamos nossas colaborações especiais, para o decano da imprensa mariliense.

Ao principiarmos nosso labor jornalístico em 1959, rendemos graças aos céus, pela inspiração, que sempre nos consignou, no sentido de que pudéssemos desincumbrir tão espinhosa missão. E agradecemos ao Deus Todo Poderoso, pela saúde e disposição que nos dispensou, propiciando-nos a facilidade de nossos mistér jornalístico, tão sacrificado, mas que tantas satisfações nos acarretou até aqui, pela consciência de que tivemos em mente, a sadia intenções de sermos úteis ao próximo.

E ao fazermos êsses votos públicos de reconhecimento e agradecimento ao Pai de todos os homens, agradecemos também aos marilienses em geral, a confiança com que nos distinguiram durante o ano que ontem findou. Formulamos votos de que nos ano que hoje se inicia, as graças a Deus contemplem os nossos governantes com maior inspiração administrativa; para que os próprios tempo decorra melhor para nossa agricultura, tão esquecida dos poderes oficiais; para que as nações se entendam melhor, melhor percebendo a inutilidade e a catástrofe das guerras; para que a Paz do Senhor paire sôbre o mundo; para que a boa vontade impere na terra; para que a fraternidade universal seja uma realidade e não uma fachada; para que os homens de todo o mundo melhor se entendam entre sí; para que a sorte dos pobre sejam menos sacrificada e menos infeliz; para que os ricos sejam menos ricos e os pobres menos pobres; para que Deus continue a iluminar os Destinos do Brasil, colocando-o no seu verdadeiro lugar entre as nações mais adiantadas e mais civilizadas do globo; para que todos tenham mais saúde, menos doenças, mais harmonia e mais gosto pela própria vida, vida que hoje se torna um martírio para muita gente.

Com êstes votos, reencetamos nossa nova caminhada, confiantes em que jamais nos falte, como jamais nos faltou, a inspiração dos céus, a proteção de Deus e o amparo e prestígio dos homens.

Feliz Ano Novo, leitores!

Extraído do Correio de Marília de 1 de janeiro de 1959

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)