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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

A eterna carestia (28 de fevereiro de 1959)

O problema desafia os argutos, os estudiosos, os técnicos, os legisladores, as autoridades e o Govêrno, principalmente o Govêrno. Ninguém consegue deter a espiral gigantesca da carestia, assunto debatido, discutido e insolúvel, que classifica o Brasil na abjeta condição de um dos países da vida mais cara do mundo. Não existe orçamento doméstico capaz de suportar as despesas forçadas ordinárias de hoje em dia, isso, sem contar-se com gastos extraordinários e imprevisíveis. Todos os governantes, todos os legisladores, confessam-se alarmados com a carestia da vida. Nenhum, entretanto, conseguiu demonstrar pulso, apresentando uma ação ou pelo menos uma sugestão que viesse constituir-se num dique para estancar a roubalheira impiedosa que impera descaradamente por êstes brasis afóra. O poder civil está desmoralizado, fraco, desprestigiado neste setor. O poder militar inativo, sem ação igualmente, nesse sentido. Em consequência, o povo, o pobre e sacrificado povo brasileiro, continua a sofrer

Não é pessimismo, não! (27 de fevereiro de 1959)

Outro dia, reunidos os redatores aqui do jornal, conversávamos sôbre assuntos diversos. A multiplicidade de questões, em comentários assim inesperados, espontâneos, traz sempre alguma coisa de útil, especialmente para quem se preocupa em encontrar um têma que se enquadre na oportunidade, para encher um espaço de jornal. E foi o que aconteceu dessa nossa palestra “ao pé do fogo”; seguiu-nos um motivo para a croniqueta de hoje. Falávamos sôbre a atmosfera de pessimismo, reinante em algumas camadas da cidade, dando como estagnada a fase de desenvolvimento de Marília, descrevendo como superada a espiral do vertiginoso progresso mariliense. E propusemo-nos a pensar sôbre o fato. No pensamento, tentamos u’a análise neutra, fria. E concluimos que a razão existe mesmo, se levarmos em consideração o surto ascensional do dinamismo mariliense verificado nos primeiros vinte dias de existência de nossa “urbe”. Está claro, Marília diminuiu mesmo um pouco o seu ritmo vertiginoso; e nem poderia ser es

Propaganda gratuita? (26 de fevereiro de 1959)

Deu-se o fato não há muito. Seus efeitos repercutiram e o éco perdura até hoje. Falou-se em Marília, por todos os meios e modos, que a Cervejaria Brahma, ao pretender instalar uma de suas fábricas aquí, fôra afugentada pela para a vizinha cidade de Vera Cruz, em face da exorbitância dos preços dos terrenos cogitados em Marília, para o fim de referência. Óra, se os marilienses de modo geral e os poderes públicos de maneira especial empenham-se seguidamente e sob todos os aspectos e possibilidades, no sentido de que Marília possa continuar sua marcha elevatória de progresso, justa foi a repercussão do acontecimento. E assim, durante vários dias, só se falou nessa questão, num misto de pessimismo, esperanças esburacadas e certa espécie. Os jornais comentaram o fato, idem as emissoras e também o público. A Câmara tomou partido, discutiu a questão e concluiu pela designação de uma comissão de edís, para estudar o problema, diretamente com os dirigentes da Bhahma. Por outro lado, os veracruz

Balaio de gatos (21 de fevereiro de 1959)

No setor de controle econômico atual, a grande massa popular, representada pelos empregados, continua a ser a eterna vítima do país. Um balaio de gatos existe entre nós. Ninguém poderá nega-lo. Não há hoje em dia, um orçamento domestico equilibrado, desde que se trate do orçamento de um empregado comum. Seja comerciário, industriário, operário, funcionário público, etc.. Estes trabalhadores são os que mais sentem as agulhadas do descontrole da vida nacional, pois não dispõem de nenhuma válvula de escape para “tirar uma casquinha”, para fazer uma defesazinha qualquer. Só os parcos ordenados. Os outros, não. Os outros defendem de qualquer maneira, sob qualquer meio ou módo. O vendedor de amendoim, de limões, de laranjas; o pipoqueiro, o açougueiro, o alfaiate; o patrão, o engraxate, o médico; o dentista, o hospital, o comerciante, o barbeiro, o dono do bar, o sorveteiro, enfim, todos, todos, “se viram” como pódem, aumentam as ações ou gêneros comercializados, vão dando um jeitinho de aco

Só o cego não enxerga a verdade (20 de fevereiro de 1959)

Tem alguma razão você, compadre N. E.. Nós jamais fomos contra a construção de Brasília. Fomos e somos contra, isso sim, é com o processo com que a Novacap está sendo edificada. Ainda somos caboclos daquêles que desconfiam das exibições do trator moderno e que, posteriormente, verificam que o trator ainda não pode percorrer determinados trechos de roça, que só o enxadeiro pode executar. No passado, nenhuma Constituição da República deixou em branco a necessidade da mudança da Capital Federal. Nenhuma. E se você, compadre, nos disse que pretende construir uma casa de um milhão de cruzeiros, só podendo gastar 100 mil cruzeiros por mês, saberemos que se a casa for construída antes de 10 meses, existiu alguma coisa errada, alguma “marmelada” na construção. Não, não somos contra o sr. JK. Somos contra o atual governo da União. Somos e somos. E por várias razões. Razões já ditas. E repizadas. O sr. Juscelino foi e está sendo o pior governo que o Brasil já teve em tôda a sua história, desde q

Cultura e dialética (19 de fevereiro de 1959)

Repetidas vezes e de há muito, pregamos através desta coluna, a necessidade de Marília organizar um Centro de Civismo de Conferências, onde pudessem os marilienses, especialmente os intelectuais, expor dados e idéias, defender teses e externando pensamentos, de maneira a aprimorar a cultura e a dialética, abordando, de preferência, temas que dissessem respeito a assuntos palpitantes. Nossos escritos, pelo que estamos informados, encontraram éco. Não total, porque idéias embora simples, porém de aparência arrojada, deparam sempre dificuldades e barreiras enormes. Ensaiou-se em Marília, a formação de um Centro de Cultura. Diversas personalidades de proeminência nos círculos sociais e intelectuais da cidade, estiveram reunidos, dando os passos iniciais da organização do mencionado corpo. Nós, infelizmente, não estivemos presentes. Por dois motivos distintos: porque não teríamos a ousadia de arvorarmo-nos em intelectuais e porque não pretendíamos aparecer como timoneiros da organização, a

Governo Municipalista (18 de fevereiro de 1959)

Inegavelmente, o sr. Jânio Quadros foi um excelente Governador de São Paulo. A rigor, para nós, aqui da “hinterlândia”, foi o melhor governador que já tivemos em tôda a história administrativa bandeirante. O ex-governador procurou, por todos os meios, entender as suas ações e atenções para as comunas paulistas, tendo realizado e auxiliado a grandes obras, que hoje representam índice vertiginoso do progresso interiorano. O sr. Quadros, por ocasião de sua posse, teve uma expressão em que afirmou: “Governarei de costas voltadas para o mar”. E de fato isso fez, para felicidade de nossa gente do interior. O ex-governador, foi, em nosso entender, um Govêrno Municipalista, dos mais completos em tôda história da administração paulista. Agora, o seu sucessor, o honrado professor Carvalho Pinto, nos dá a certeza de continuar essa grandiosa caminhada, trabalhando pela descentralização, vindo de encontro ao progresso das comunas, que são, na verdade, as cédulas vivas do dinamismo do próprio Estado

Essa, não! (14 de fevereiro de 1959)

A notícia vem de fora. Da Califórnia, Estados Unidos. Parece fantástica, mas é real. Assemelha-se incrível, mas é verdadeira. É inédita. Vejamo-la, tal qual como nos chega ao conhecimento: “Uma fábrica de conservas da Califórnia, começou a lançar no mercado refeições completas em lata, para homens solteiros. Cada lata contém um cupom e o possuidor de 100 cupons tem o direito de apresentar-se no escritório local da fábrica, onde um funcionário encarregado facilitará o seu encontro com uma jovem, elegante e bonita, com a qual poderá casar... O “slogan” da fábrica é: “de nossos almoços aos banquetes de casamento...” As vendas dêsses produtos alimentícios aumentaram 10 vezes, quando foi publicamente anunciado que as moças apresentadas nos escritórios da fábrica de conservas são bonitas de verdade, boas donas de casa e que tratam o assunto seriamente. Vejam os leitores, até que ponto a perspicácia comercial explora o sentido da propaganda! Distribuindo moças casadoiras, pode-se dizer. Ofere

Trânsito de bicicletas (13 de fevereiro de 1959)

Comentamos há pouco, a feitura de uma Portaria policial, da lavra do delegado Severino Duarte, quando êste respondia pela Regional local. E, na ocasião, focalizamos a oportunidade e iniciativa útil e feliz da citada autoridade, visando colocar os menores que dirigem bicicletas motorizadas, em condições de melhor pilotarem os referidos veículos. Conforme o contento do aludido documento, o regulamento respectivo deverá ser baixado dentro em breve e todos os ciclistas motorizados serão chamados à polícia, para receber instruções iniciais, sôbre o regulamento de trânsito. Na ocasião, fizemos alusão, aos benefícios que tal medida acarretará aos próprios ciclistas, ao trânsito em geral e mesmo aos funcionários incumbidos de sua fiscalização. Fomos procurados por um ilustre cidadão e político mariliense, com respeito ao assunto. Sugeriu-nos êsse amigo, que lembrássemos ao Dr. Lélio Peake, atual delegado regional, para que, dentro ou à margem da citada portaria e seu respectivo regulamento, se

Cessou a folia... (12 de fevereiro de 1959)

Findaram-se os quatro dias que constituem o chamado tríduo carnavalesco. Acabou a barulheira noturna dos bailes de Mômo, o cheiro fraquíssimo de pouco lança perfume. Em Marília, praticamente, não existiu o denominado carnaval de rua. E não poderia mesmo existir, tão cara e difícil ainda a vida atual. Milhares e milhares de pessoas, permaneceram pacientemente algumas horas postadas ao longo das duas margens da Avenida do Fundador, procurando “ver” o carnaval que não existiu. Não fôra a caprichosa abnegação de Consuelo Castilho, ninguém poderia jamais justificar a “pernada” inútil ao centro da cidade. Consuelo e seus partidários, com as “invenções” estrambólicas, proporcionaram qualquer coisa para que o povo não ficasse alí plantado vendo veículos desfilar e “tomando banho” de bisnagas. Poder-se-á dizer que as apresentações do “C. C.”, afóra as das crianças, foram as mais inocentes do carnaval. A baleia “Moby Dick”, o “Galo” (que mais parecia um pavão de cauda fechada) e o touro e tourei

Cada louco com sua mania (10 de fevereiro de 1959)

É inegável, que todo o homem, depois de viver trinta anos, está naturalmente em condições de dizer-se conhecedor da vida, dos homens e das coisas. Embora sem nenhuma identificação de “globe trotter”, todo cidadão que nasceu do trabalho e do trabalho vive, teve, por força de circunstâncias, que servir de receptáculo a uma série de marchas e contra-marchas, que redundaram-lhe, compulsoriamente, no porte de uma bagagem de experiências indeléveis e inapagáveis. Porisso, comum é o encontrar-se cidadãos afirmar que jamais teriam casado, se tivessem a experiência de hoje. Ou que gostariam de retroceder à idade de 15 anos. Essa experiência, acarretou nos indivíduos, especialmente nos bem moldados de espírito, uma atitude diversa em alguns pontos, porém firme como o aço em outras situações. Obrigou o homem a observar melhor o caminho da vida, forçou-o a lobrigar o futuro com uma preocupação ferrenha e perfeitamente justificável, tendo-o colocado, em dois prismas distintos: Ou tornou-se manhoso

Carnaval (7 de fevereiro de 1959)

Extra-oficialmente, inicia-se hoje no Brasil, o tríduo carnavalesco. Tríduo de quatro dias, bem entendido. O carnaval, afirmam, é uma festa popular. Nós entendemos que “foi” popular, porque hoje em dia, “brincar” o carnaval, só mesmo como muito dinheiro e com muita boa vontade. A vida anda caríssima, não permitindo aos orçamentos modestos, a aquisição de fantasias ou apetrechos próprios para os folguedos de Mômo. Por outro lado, o carnaval dos últimos tempos, metamorfoseou-se por completo, perdendo aquele sentido bonito de uma diversão sadia, onde participavam ricos e póbres, com o objetivo único de animar o espirito das agruras da vida. Temos visto, nos últimos anos, o disvirtuamento quasi total dos folguedos carnavalescos, quando foliões desbancaram para o excesso das liberações alcoolicas e daí para os exageros, muitas vezes atentatórios à própria moral e à família. Certo é que nem todas as pessoas assim agem. Ainda existe o grande numero dos sensatos e conscientes, daqueles que pro

Excelente providência (6 de fevereiro de 1959)

Uma excelente providência, que resultará, por certo, em medidas de esclarecimento, de prevenção de acidentes e facilidade para o próprio trânsito. Trata-se de uma portaria baixada pelo então delegado Dr. Severino Duarte, cujo regulamento deverá ser tornado público dentro em pouco. A resolução referida, tendo em vista que o Código Brasileiro de Trânsito dispensa a exigência de carta de habilitação, para os que dirigem as chamadas bicicletas motorizadas, cuja capacidade em cilindradas não ultrapasse uma determinada potência de HP, objetiva, em caráter instrutivo, colocar em condições de manuseio de tais veículos, em fase das exigências do trânsito, todos os cliclistas que pilotam tal tipo de bicicletas. Em sua maioria, os que trafegam pelas ruas da cidade em “monaretas”, “gulivetes” e outras marcas dessa qualidade de bicicletas, são menores; e como tal, não habilitados com respeito aos regulamentos do trânsito, podendo expor ao perigo e comprometer, às vezes, até a integridade física dos

Pessimismo e otimismo (4 de fevereiro de 1959)

É bem verdade que a notícia da paralização de atividades do Instituto de Educação, produziu, como seria de esperar, certa espécie e não menos espanto, entre grande número da população local. Um estabelecimento de ensino que fecha as suas portas depois de uma série de benefícios públicos no setor da instrução de nossa mocidade, ocasiona mesmo motivos de apreensão popular. Mesmo dando margem ao ensejo citado, em hipótese algumas, pensamos, poderia justificar um pessimismo tão elevadamente exagerada que por aí campeia, como se fôsse uma gramínea malígna que, com a mesma indiscutível força recebida da selva umedecida pelas últimas chuvas, brota da terra. Os que comentam o fato, pintado o quadro do mais negro imaginável, prognosticando inclusive o futuro de um gigantesco espectro a dominar e prestes a cair, de um momento para outro, sôbre nossas cabeças, estão propalando notícias desairosas e “prevendo” imaginações fantásticas e condenáveis. O mínimo que essas pessoas poderiam fazer no caso

Selecionando os candidatos à vereança (3 de fevereiro de 1959)

Temos percebido nos últimos dias, que a efervescência política, embora sem transparecer, está sendo um fato na cidade. Com exceção da UDN que já lançou seu candidato à sucessão do prefeito Argollo Ferrão, os demais partidos políticos, estão ainda algo indecisos e baralhados. A preocupação é um fato; a necessidade de um homem ideal, que reúna qualidades administrativas, simpatia pública e possibilidades de vitória, embora pareça difícil para os prognósticadores da Avenida, é um “calçanhar de aquiles” para os dirigentes políticos. No tocante ao relacionamento e homologação dos nomes para disputar as cadeiras de vereadores, o problema também existe, se bem que em menor monta. Temos notado a preocupação indisfarçável dos dirigentes partidários na feitura dessas listas. Está em foco a cogitação de nomes que, de fato, venham a representar condições as diversas legendas, nomes êsses mesclados por pessoas de diversas, de maneira a constituir-se um corpo de edís, fundamentalmente técnico e indi