Governo Municipalista (18 de fevereiro de 1959)

Inegavelmente, o sr. Jânio Quadros foi um excelente Governador de São Paulo. A rigor, para nós, aqui da “hinterlândia”, foi o melhor governador que já tivemos em tôda a história administrativa bandeirante. O ex-governador procurou, por todos os meios, entender as suas ações e atenções para as comunas paulistas, tendo realizado e auxiliado a grandes obras, que hoje representam índice vertiginoso do progresso interiorano.

O sr. Quadros, por ocasião de sua posse, teve uma expressão em que afirmou: “Governarei de costas voltadas para o mar”. E de fato isso fez, para felicidade de nossa gente do interior.

O ex-governador, foi, em nosso entender, um Govêrno Municipalista, dos mais completos em tôda história da administração paulista.

Agora, o seu sucessor, o honrado professor Carvalho Pinto, nos dá a certeza de continuar essa grandiosa caminhada, trabalhando pela descentralização, vindo de encontro ao progresso das comunas, que são, na verdade, as cédulas vivas do dinamismo do próprio Estado. Por ocasião de sua primeira entrevista coletiva com a imprensa paulistana, o Governador Carvalho Pinto declarou à certa altura de suas palavras: “Tudo o que puder ser feito no interior, deve ser feito no interior”.

Trata-se, sem dúvida alguma, de uma promessa de continuidade do progresso interiorano. Uma asseveração de esperança e garantia e u’a sombra, ao sentido de pseudo suntuosidade, que, quando mais agiganta uma capital, mas asfixia e amesquinha os seus habitantes.

Existem em São Paulo, já, muitas repartições públicas, muitas faculdades, muitas indústrias; as ruas transbordam de gente, gente que móra em apartamento descômodos, crianças que não têm liberdade, que não tem escolas adequadas e fáceis, que não encontram vagas em parques infantís e que possuem, abundantemente, escolas de maus exemplos, de uma vida atribulada, de um corre corre insano, um lufa lufa intenso, irritante, neurótico.

Se obrou bem o Sr. Jânio Quadros, melhor obrará o Sr. Carvalho Pinto, descentralizando tudo, fazendo impulsionar o progresso interiorano, evitando a continuidade dêsse abjeto êxodo à paulicéia, onde a gente vive aos atropêlos, muitas famílias passando até misérias, só pela alimentação da mania de residir na Capital.

Em São Paulo existe exiguidade de espaço, fumaça de fábricas, apêrtos, atropêlos, explorações comerciais inacreditáveis, humildade, etc., enquanto no interior existem residências com quintais para crianças, espaço, calma, sól e ar livre. E, sobretudo, campo idêntico à São Paulo, para que o progresso se irradie, se expanda, se concretize em todos os sentidos.

Fez bem, repetimos, o Sr. Jânio Quadros, fará bem igualmente, o Sr. Carvalho Pinto, se levar avante a mesma diretriz de seu antecessor.

O municipalismo é isso, em uma das suas principais facetas. E esses dois governos, podem todos ter a certeza, estão caracterizados pelo germe do progresso municipalista, éssa bandeira de redenção do interior.

Nossos parabéns a ambos.

Extraído do Correio de Marília de 18 de fevereiro de 1959

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