Pessimismo e otimismo (4 de fevereiro de 1959)

É bem verdade que a notícia da paralização de atividades do Instituto de Educação, produziu, como seria de esperar, certa espécie e não menos espanto, entre grande número da população local.

Um estabelecimento de ensino que fecha as suas portas depois de uma série de benefícios públicos no setor da instrução de nossa mocidade, ocasiona mesmo motivos de apreensão popular. Mesmo dando margem ao ensejo citado, em hipótese algumas, pensamos, poderia justificar um pessimismo tão elevadamente exagerada que por aí campeia, como se fôsse uma gramínea malígna que, com a mesma indiscutível força recebida da selva umedecida pelas últimas chuvas, brota da terra.

Os que comentam o fato, pintado o quadro do mais negro imaginável, prognosticando inclusive o futuro de um gigantesco espectro a dominar e prestes a cair, de um momento para outro, sôbre nossas cabeças, estão propalando notícias desairosas e “prevendo” imaginações fantásticas e condenáveis.

O mínimo que essas pessoas poderiam fazer no caso, uma vez que demonstram uma “preocupação” sem limites e sem comparativos, seria o conhecer o mais minuciosamente a situação da escola e auxiliá-la.

Isto, porque, os que tantos adjetivos de negativismo proferiram a respeito e tão abjetamente pincelaram o futuro de Marília, esqueceram-se de dizer, quando falaram (e falam) nesse fechamento da citada escola, o número exato das outras tantos que foram instaladas ultimamente em Marília.

Se é lamentável para todos, o fechamento de um centro de educação, não é justo que olvidemos que no final do ano passado e nos primeiros dias do exercício óra iniciado, tivemos progressos nesse setor, com as inaugurações de outras escolas, como, por exemplo, o ginásio “Dr. Bezerra de Menezes”, o curso técnico de contabilidade do SESC, a majestosa Faculdade de Filosofia, a transformação do Colégio Estadual e Escola Normal em Instituto de Educação, etc..

Muita gente esqueceu-se de avaliar êsses cometimentos, para concentrar atenções pejorativas e baterias pessimistas, com exclusividade, na paralização das atividades de ensino do Instituto de Educação de Marília.

Enquanto a cidade perdeu uma escola, ganhou várias outras. E nossas autoridades e pessoas interessadas, continuam ainda lutando para aquinhoar Marília com outros grupos culturais, como, como exemplo, a transformação da Escola Artesanal em Escola Industrial.

Apesar de que existem praticamente, muitos motivos que justifiquem, de módo geral, um certo pessimismo dos marilienses, em certos ângulos da própria vida, nêsse particular o negativismo não encontra paralelo uma vez que a equidistância entre as comparações em téla é galvanizada e palpável.

Nesse particular, portanto, para os sensatos, existe o otimismo num volume gigantesco, que, apesar dos pesares, não chega a receber, qualquer sombra de prejuízo tão assustador assim, como se propala com êsse exagero pessimismo, que, tão incrivelmente, passou a habitar as cabeças de muita gente nos últimos dias.

Os que assim estão obrando, devem atentar, depois da análise da realidade, que “o diabo não é tão feito assim como o pintam”.

Extraído do Correio de Marília de 4 de fevereiro de 1959

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