Crimes sem precedentes (7 de março de 1959)

Estávamos “matutando” sôbre o assunto que destinar ao espaço de hoje nesta coluna, quando o amigo Anselmo (Scarano) nos exibia um jornal interiorano, no qual estava estampada uma notícia verdadeiramente revoltante. Tratava-se de um crime sem precedentes, praticado contra um menor indefeso.

Eis, mais ou menos, a notícia que lemos estarrecidos:

Aconteceu há pouco, na cidade de Araraquara. Um monstruoso indivíduo alí residente, conhecido pela alcunha de João Mineiro, fez criminosa aposta com um companheiro, sem dúvida alguma do mesmo timbre moral. Apostaram os dois, que João Mineiro não seria capaz de arrancar, à dentadas, o órgão genital de determinado menor. “Topada” a aposta e estipulada a quantia em dinheiro que deveria ser paga a João Mineiro pela realização do compromisso, este designou-se a levar a têrmo a inominável empreitada. Praticou o monstruoso crime, em plena via pública, acuando a vítima indefesa, que foi derrubada, desnudada, pisoteada e denominada pelo citado monstro, de extrema periculosidade, que consumou a aposta, seccionando o órgão genital do menino!

O desditoso menor encontra-se agora internado no Hospital de Sta. Casa de Araraquara, em rigoroso tratamento, que, conforme opinião dos médicos que o tratam, jamais poderá conquistar a sua perfeita integridade.

O monstruoso indivíduo foi preso e prestará contas de seu áto, estando a polícia empenhada na captura do outro elemento, o apostador com João Mineiro, pela co-autoria e responsabilidade do hediondo crime.

A notícia, fóra de dúvida, é de arrepiar. É de desejar, apesar de todo o nosso sentimento cristão, a existência da pena de morte para monstro que pratique um crime tão incrível como o referido.

Pra onde caminhamos, para onde caminha a humanidade?

Seguidamente manuseamos noticiários policiais verdadeiramente abismadores. Crimes sem nome, sem precedentes dentro de nossa própria vida. Quais as garantias que dispomos, contra monstros disfarçados que circulam pelas ruas, que perambulam pelos bares, alguns até que trabalham e são estimados pelos patrões?

Já pensaram os leitores, como se encontrarão agora os pais desse infeliz menino, vitima da sanha perversa desse anormal?

Não estamos fazendo sensacionalismo com êsse noticiário, que provêm, por sinal de boa fonte. Não o pincelamos ou colorimos com filosofia, idéias ou sofismas. Revelamo-lo como o conhecemos.

Não é mesmo um crime revoltante e sem precedentes? Não é mesmo um caso passível de pena de morte?

Extraído do Correio de Marília de 7 de março de 1959

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