“Museu relâmpago” (14 de março de 1959)

Decidiu a Associação dos Ex-Combatentes, emprestar também a sua colaboração aos festejos organizados oficialmente pela Câmara e Prefeitura, pertinentes ao 30º aniversário do município.

Os “pracinhas” organizarão entre nós, no centro da cidade, um “Museu Relâmpago”. Esse acontecimento significará uma contribuição modestíssima, é verdade, porém sincera e terá o sabor do ineditismo em Marília. Suas proporções será mínimas, porque pequeno é o número de “pracinhas” marilienses e em consequência, não poderá ser grande o repositório de troféus, medalhas e objetos utilizados pelos expedicionários de Marília na última guerra mundial, onde uma parcela de gente de nossa cidade, juntamente com os demais brasileiros de todos os rincões do país, sugrafaram, ao lado das bandeiras das Nações Aliadas, o sacrossanto pavilhão Verde-Amarelo.

Mas não deixará, convenhamos, de constituir-se em algo diferente entre nós, não deixará de representar um motivo a maior dentro do plano de alegria que representará feliz evento e que marcará o transcurso de meia dúzia de lustros de nossa emancipação municipal.

Os marilienses tomarão conhecimento e contacto com pequenas coisas, muitas de aparência banal, mas cujos significados encontram-se encravados na consciência, no dever e em recordações pouco felizes dos expedicionários marilienses. Verão nossos munícipes, objetos e roupas de uso pessoal da ocasião, verificarão diversos recursos próprios da estratégia e da ciência, conhecerão armas e munições diversas e outros diversos assuntos e objetos desconhecidos de muita gente.

Por exemplo, poderão conhecer a famosa metralhadora alemã, “batizada” pelos brasileiros como “Lurdinha”, a mais poderosa arma portátil até agora vista em todo o mundo; conhecerão diversas outras coisas inéditas, como, por exemplo, até o tipo de pó dentifrício utilizado pelos combatentes brasileiros, granas de mão e de fuzil, roupas para enfrentar o terrível inverso europeu e diversas outras coisas e fatos.

Será, portanto, uma demonstração algo diferente para nós todos. Pena que os “pracinhas”, sendo em número relativamente pequeno entre nós, não tenham maior quantidade desses objetos que eles guardam como verdadeiras relíquias, para exibir aos marilienses em geral. Em todo o caso, valerá a boa intenção dos ex-combatentes, que, encontraram no fato, a única fórma de colaborar com a cidade e com os poderes públicos, néssa ocasião em que o Presidente da República e o Governador do Estado, com suas presenças, prestigiarão também o aniversário de nossa cidade.

Não restará dúvida que será um acontecimento inédito, embora frizemos, de pequenas proporções, em face ao número de ex-combatentes aquí radicados. Como todos sabem, cada qual tem consigo no mínimo um objéto, guardado com carinho inviolável, pois cada objeto desses, significa um trecho inolvidável da vida de cada “pracinha”. Entendem os ex-combatentes, que os marilienses têm também o direito de conhecer esses fatos, que tão profundamente calaram recordações em suas próprias vidas, recordações éssas indeléveis e inapagáveis.

Os “pracinhas”, com essa iniciativa, estão imbuídos das melhores intenções e com o fato nenhuma outra coisa farão, a não ser exteriorizar o desejo de mostrar sob alguma fórma, sua gratidão a Marília e aos marilienses, por ocasião da passagem do 30º aniversário de nosso município.

E eles fazem muito bem, não restam dúvidas. Nossos votos para que esse movimento, óra apregoado pela Secção local da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil, consiga o êxito almejado.

Extraído do Correio de Marília de 14 de março de 1959

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)