Um exemplo a ser imitado (4 de março de 1959)

Domingo passado, de regresso do aeroporto, fomos dar uma “sapeada” no “ginasium” do Yara Clube, onde estava sendo realizada uma competição de “jiu jitsu”.

Fomos como curiosos, porque para nós, pouca ou nenhuma diferença constatamos entre “jiu jitsu” e “judô”, uma vez que nada entendemos da técnica das mencionadas lutas.

Gostamos daquilo que vimos, embora tivéssemos alí passado como meteóro. Ordem, disciplina e organização, marcaram as demonstrações referidas, que concentraram lutadores de várias categorias e idades e de diversas cidades da Alta Paulista, inclusive Baurú.

Dentre as competições, na maioria “niseis”, tivemos a satisfação de constatar uma cifra considerável de brasileiros de origem não nipônica. E ficamos pensando na ocasião, os benefícios para o físico e para o espírito, daqueles jovens que alí se encontravam, disputando renhidamente o aludido campeonato. Ficamos pensando, como não seria melhor para a mocidade de hoje, se, ao envés de permanecer ocupada em outras ‘distrações’ inúteis, como porta de cinemas, namoricos improdutivos dentro do setor precípuo das normas da própria vida, bebericagem nos bares etc., se interessasse mais e melhor pelos esportes, especialmente os esportes amadores, aqueles que são rígidos por técnicas comprovadas, que só pódem fazer bem física e mentalmente.

Felizmente, tais classes de esporte, que até há pouco, eram considerados privilégio dos nipônicos e seus descendentes, estão conseguindo atrair as atenções e a preferência de outros brasileiros. O número dos praticantes desses esportes tem aumentado gradativa e consideravelmente nos últimos tempos.

Pensando nisso, comentávamos o fato com os nossos companheiros da curta viagem. E, apontado as vantagens entre um rapaz preocupar-se nas horas de lazer entre o esporte sadio e bem intencionado e bem dirigido e o “dolce far niente” das avenidas, todos conviram com nosso ponto de vista. Na ocasião, até um companheiro aproveitou a “deixa”, para “passar um sabão” num filho que nos acompanhava, fazendo-o ver as vantagens de uma vida assim, dentro do esporte e a vida que o garoto pretende levar, isto é, “descansar”, dormir e ir aos cinemas, quando não está nas aulas.

O outro amigo nos dizia também que vive a insistir com seus filhos jovens, para que se dediquem à natação ou outras modalidades esportivas, cujos benefícios serão usufruídos pronta e positivamente.

Daí pensamos então, em dirigir um apêlo à nossa mocidade, no sentido de que se aproxime mais dessas competições. Os japoneses nos dão exemplos frizantes e indispensáveis nesse setor. Amor ao esporte, disciplina e respeito às regras, com a prática das contendas de maneira sincera e cabal, tão francamente demonstrados pelos “niseis”, são exemplo dignos de ser imitados por nosoutros.

Toda a pessoa, especialmente sendo pai, que se dignar apreciar tais modalidades esportivas o espírito de confraternização que impera em certames como citado, verificará facilmente que de tais práticas, só advirão benefícios físicos e espirituais para seus contendores. E por certo, há de preferir que seus filhos cuidem com mais insistência desse campo, do que de outras “atividades” que se consideram por aí afóra, “próprias da idade”, mas que, na realidade, contém toda a perniciosidade inimaginável.

Extraído do Correio de Marília de 4 de março de 1959

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