Ainda a Renovação de Valores (29 de abril de 1959)

Encontrou a repercussão esperada nosso escrito de ontem, acêrca da propalada e necessária renovação de valores, com respeito aos nomes que deverão compor o futuro corpo legislativo municipal.

A julgar pelos telefonemas recebidos e pelas manifestações pessoais que nos chegaram ao conhecimento, pudemos perceber que tocamos, de maneira pública, num ponto que vinha sendo observado e acalentado por diversos políticos e facções partidárias, sem que tivesse, até então, se escoado além dos bastidores.

Efetivamente, a idéia tem o seu timbre de verdadeiramente revolucionária; revolucionária, bem entendido, dentro do circuito elevado do pensamento sadio e bem mariliense. O desejar-se que Marília volte a reencontrar a trajetória iniciada em 1947, no tocante à constituição de uma edilidade realmente aperosa e que represente positivamente o “zero à direita”, não póde traduzir (e como tal não deve ser concebida) a cogitação de que dispuzemos nas duas últimas legislaturas (e maximé na óra findante), de homens indignos ou impuros para o exercício de cargos outorgados pela vontade do povo. Absolutamente.

A questão é que muitas vezes, homens dignos e bem intencionados, nem sempre conseguem a desincumbência cabal das responsabilidade para as quais foram legislativamente delegados. E, temos nesse particular a certezam excluindo alguns motivos de natural vaidade pessoal, ou de politicagem contumaz, que todos tentaram “descalçar a bota” da maneira mais honesta e cabal possível, embora não o tenham conseguido fazer, no sentido completo daquela longitude das grandes responsabilidade e exigências originárias dos cargos aludidos. No caso óra focalizado, que não é nosso e sim de nosso povo, surgido mais diretamente das observações dos partidos políticos mariliense, eternamente preocupados com as boas causas da cidade, o mistér é encontrar-se “the right man for the righ place”.

Não existem motivos plausíveis para menos prezo aos cidadãos que exerceram ou exercem os cargos aludidos e que venham a ser enquadrados na pouco cômoda condição que citamos, da mesma maneira que não podem vingar razões para endeusamento dos outros, que, mercê de suas atuações como legisladores, foram mais capazes comprovadamente. Ambos, temos em nós o pensar tentaram sair bem da empreitada. O fato, entretanto, é que a experiência nos autoriza a clamar pela necessidade avocada e em aprêço, para que urja mesmo essa renovação de valores.

É uma lei própria da natureza o fato de que nem todos nascem com as aptidões que se casam com os próprios desejos; assim, não é de admirar-se que alguns vereadores tenham tentado ser bons representantes do povo e não o tenham conseguido. Daí a necessidade de compreensão própria desses mesmos homens, sem quaisquer resquícios de mágua ou mesmo de complexos, em aceitar ar contingencias da situação tão clara. Pelo contrário, entendemos, a renúncia dos desejos possivelmente alimentados, por aqueles que assim estão classificados pela observações soberana e neutra do próprio povo, ao envés de acarretar-lhe o mais leve motivo de espécie pública, deverá colocar-los num pedestal de elogiável respeito e dignidade mariliense.

Como dissemos ontem, os partidos políticos são os principais responsáveis pela futura e necessária metamorfose aventada. Das ações deste e da própria contribuição e colaboração do eleitorado mariliense, dependerá o êxito dessa idéia. Não temos, repetimos, sôbre a mesma, qualquer primasia de paternidade; formamos apenas e tão somente, no ról dos que, sem intuitos de menos preço ou desconsideração aos que procuram e não conseguiram ser mais úteis à Marília, acalentando o fito de uma corrigenda dessa anomalia.

A renovação de valores integrantes do corpo legislativo mariliense é medida urgente e inegável.

Extraído do Correio de Marília de 29 de abril de 1959

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