E a Casa da Cultura Artística? (30 de abril de 1959)

Para as pessoas menos avisadas ou que alimentem quaisquer sentimentos de prevenção contra os marilienses, poderá parecer que somos “chorões”.

Entretanto, se for feita u’a análise neutra sôbre os motivos dos clamores que constantemente emitimos, constatar-se-á sem nenhuma dificuldade, que nossas “broncas” são eivadas de razões e fundamentadas numa lógica indestrutível.

Pela nossa condição demográfica, pelo fato significado que traduz nossa cidade na própria balança econômica do Estado e da Federação, pelo nível cultural, cívico e religioso que ostentamos, pelos feitos galhardos dos marilienses e por uma infinidade de coisas, ganhamos direitos de reivindicações legitimas e incontestes. E lutamos por isso, porque aqueles que abandonam a luta quando é chegado o momento aprazado e difícil, nada mais são do que pusilânimes, comodistas ou mesmo covardes.

Nosso caso, hoje, é a Casa de Cultura Artística de Marília.

E perguntamos ao Sr. Governador do Estado e mesmo aos Srs. Prefeito e Vereadores municipais:

- Vai “sair” ou não?

A idéia, quando nascida, encontrou o éco necessário em todas as camadas sociais de nossa cidade. As providências surgiram um pouco tarde, mas surgiram. Lembramo-nos que nós mesmo, através desta coluna, desde 1952, “pregamos o mesmo prego” da necessidade de Marília ter o seu Teatro Municipal. Tivemos aplausos, mas os que “soltaram foguetes”, foram, como sempre, os mais insignificantes da “festa”. É o assunto ficou por muito tempo na gavêta do esquecimento.

Não existiu, no passado, uma união de idéias e providências correlatas. Apenas o desejo de alguns. Enquanto isso, Garça, a visinha cidade, continuava, mesmo com dificuldades e “aos trancos e barrancos”, levando avante as atividades de seu famoso “Leopoldo Fróes”. Teve, portanto, maiores motivos justificadores da luta. E saiu na frente de Marília, fazendo-nos despertar da letargia em que nos encontrávamos. Daí, saímos também à contenda: GETAM, Clube de Cinema e União de Treze, formaram na primeira linha da trincheira.

A Câmara entrou na dança e nos demos uma “demão” ao assunto, continuando a luta anteriormente iniciada. As providências foram realizadas verdadeiramente “a jacto”: o Govêrno contemplou Marília com uma Casa de Cultura Artística, destinando, ao mesmo tempo, a verba de três milhões para a sua construção. O município doou o terreno respectivo. A planta foi executada, aprovada. Os papeis necessários foram encaminhados. A esperança aumentou. E ficamos nisso, até hoje.

Por que?

Quer nos parecer, que por um pouquinho de inércia dos poderes públicos locais, que esqueceram o dito jocoso de u’a música popular que afirma: “cotuca por baixo...”.

Sim; é preciso “cutucar por baixo”; isto é, é necessário que a Prefeitura, a Câmara, o deputado Fernando Mauro, entidades de classe e os propugnadores e responsáveis pela idéia agora em fórma de corpo, se dirijam ao Srs. Governador do Estado, solicitando-lhe o apressamento dêsse motivo.

Não é nenhuma pretensão absurda, que represente antes de tudo um favor para Marília, porque, em primeiro lugar, significa o preenchimento de uma lacuna, reclamada com justiça pela própria cultura e desenvolvimento de uma grande cidade e sua laboriosa gente.

Vamos descruzar os braços e fazer “o bonde andar”?

Extraído do Correio de Marília de 30 de abril de 1959

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