Uma sugestão (9 de abril de 1959)

O Paço Municipal de Marília, óbra imponente da moderna arquitetura e patrimônio inegavelmente reclamado pelo próprio progresso de nossa cidade, está prestes a ser concluído. Até o fim do ano, segundo se informa, todas as dependências da máquina funcional, legislativa e administrativa do município, deverão estar instaladas na nova casa.

Erguido num ponto verdadeiramente estratégico, destaca-se soberbo, com a condição de primeira entre os congêneres de toda a “hinterlândia”.

Óbra de vulto, completa, belíssima. Três nomes de marilienses autênticos, apresentam a condição de timoneiros e responsáveis por essa grandiosidade, cada qual dentro de uma ação distinta. Dr. Aristóteles Garcia, quando Prefeito Municipal, adquiriu o terreno onde hoje está construído o novo Paço, para o fim especifico atualmente ocupado; por u’a “ninharia”, convenhamos. Adorcino de Oliveira Lyrio, também Prefeito muitos anos após, chamou a sí a responsabilidade da iniciativa e dos primeiros passos da idéia que hoje é realidade palpável, cabendo ao atual Chefe do Executivo, as honras do erguimento dêsse edifício municipal.

Bem, nada disso representa o ponto vital dêste escrito; o que acima delineamos, fizemo-lo mais a título ilustrativo e informativo, pois certos estamos que muita gente ignoraria que o terreno fora comprado especialmente para o fim destinado. Nosso assunto, hoje, é apresentar uma sugestão ao sr. Prefeito Argollo Ferrão. Resume-se no seguinte:

A fachada do Paço, que existe sôbre o “anfiteatro” destinando à Câmara e que se mostra para a Praça Saturnino de Brito, grande e espaçosa, deve ser ocupada, em toda a festa, para um fim especifico, em nosso entender. Caso já existam motivos análogos ou correlatos aos que vamos expor, deixaremos o dito por não dito, uma vez que nossa intenção é tão apenas colaborar com a municipalidade. Como dizíamos, aquela fronte toda de concreto, torna-se ideal para alí serem incrustados, de preferência em alto relêvo, motivos sugestivos da própria história de Marília. Café, algodão, água fluoretada, nomes de marilienses ilustres, acontecimentos preponderantes dentro da própria vida ou mesmo do nascimento da cidade, etc., dariam uma vida diferente à toda aquela parte, tornando a citada fachada ocupada de maneira bonita, histórica, artística e instrutiva ao mesmo tempo. As palavras “Paço Municipal”, se indispensáveis, poderiam ser de concreto, colocada de maneira a encimar o referido espaço, com iluminação noturna por processo indireto.

Se ficar em branco o espaço referido ou se for o mesmo ocupado com a legenda identificadora do edifício, pensamos que perderá Marília uma excelente oportunidade, para apresentar os motivos públicos e obrigatoriamente visíveis, que óra acabamos de referir.

Como se trata de uma idéia, que expendemos à guisa de colaboração, certos estamos de que o Prefeito Argollo Ferrão lhe dará a atenção devida, aceitando ou não, conforme melhor entenda, maximé tendo-se em conta de que S. S. é um ilustre engenheiro, encontrando-se, portanto, em condições de aquilatar ou não a oportunidade ou inoportunidade do alvitrado.

Pensamos assim. Técnicamente, não sabemos se estamos ou não certos; praticamente e sob o ângulo de observação de primeira análise, não havendo destino de ocupação do trecho referido, entendemos necessária essa providência.

Poderá dizer alguém que pensar é fácil, fazer é que são elas. Nós encaramos, neste particular, o outro prisma da questão: estamos pensando em alguma coisa que se nos afigura necessária, patriótica e bem mariliense.

Como a sugestão é livre (e não custa nada), aqui fica a idéia.

Extraído do Correio de Marília de 9 de abril de 1959

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