Hospital Regional das Clínicas (9 de junho de 1959)

Justifica-se perfeitamente o movimento de revolta, de caráter pacífico e eminentemente democrático óra surgido na cidade, com vistas ao descontentamento criado entre os marilienses, em face do pretendido disvirtuamento do projeto original do prédio do Hospital das Clínicas de Marília.

Como todos sabem, o anelo referido, foi acalentado durante vários anos pelos marilienses e representa a vitória parcial de muitas lutas. Justificamos perfeitamente as razões dessa pretensão, em todos os sentidos. Quer no que tange a situação demográfica de Marília, quer no que se refere ao ponto geográfico da cidade, em relação à vasta região da Alta Paulista. Tão lógico foram os pontos dessa contenda, que o ex-Governador Jânio Quadros, reconheceu os motivos dessa luta verdadeiramente necessária aos marilienses e ao próprio povo da região, dando-nos o importante nosocômio. A colaboração de Marília, não se fez esperar igualmente. A Câmara e Prefeitura, em harmonia e com a máxima rapidez, desapropriaram a respectiva área de terreno, fazendo a respectiva doação pura e simples (para o ponto previamente colimado) ao Govêrno do Estado. A planta fôra aprovada e as óbras iniciadas, após a consignação da primeira parcela da verba respectiva.

Quando tudo caminhava bem, eis que a cidade foi abalada com a notícia de que por conviniências de ordem governamental, seria disvirtuado o projeto original do prédio, para ali, em lugar do Hospital Regional das Clínicas, serem acomodadas diversas outras repartições sanitárias do Estado.

A notícia desagradou a todos e imediatamente a própria Associação Paulista de Medicina, pela secção regional local, com a credencial de autoridade no assunto, conhecedora “de visu” das necessidades e efeitos desse Hospital, colocou-se a campo, encabeçando movimento de apêlos ao Governador Carvalho Pinto e ao Secretário da Saúde, no sentido de que fosse mantida a idéia e os planos originários do prédio óra em construção. A idéia foi seguida e acompanhada de imediato pela Associação Comercial de Marília e pela Associação dos Ex-Combatentes do Brasil e novas entidades engrossaram esse cordão de reclamações, protestos e apêlos.

Hoje, às 16 horas, será realizada uma passeata-monstro, de protesto ao pretendido áto governamental. À noite, um comício público será levado a efeito; enquanto isso, um abaixo-assinado contendo milhares de assinaturas, será levado em mãos ao sr. Governador do Estado, possivelmente amanhã, por uma comissão de marilienses, da qual participarão o sr. Prefeito, o Presidente da Câmara de Vereadores, presidente da Associação Paulista de Medicina (regional de Marília), de diversas outras entidades de classe e mais autoridades e o povo.

Pensamos que o Governador do Estado, que sempre se mostrou amigo de Marília, ao ser inteirado das razões dessa reivindicação, há de, por certo, atender nossos apêlos, ordenando “última fórma” ao gesto pretendido, que tanto desagradou nossa cidade e nossa gente.

Ademais, deverá o atual Chefe de Executivo bandeirante, atentar para o fato de que o Hospital das Clínicas de Marília nos foi concedido pelo seu antecessor, Sr. Jânio Quadros, o que representa um régio presente à Marília, constituindo para nós, uma gravíssima indelicadeza, a efetivação desse gesto do prof. Carvalho Pinto, em desfazer uma providência do governo anterior para com uma grande cidade e um grande povo.

Extraído do Correio de Marília de 9 de junho de 1959

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