Iniciativa Estudantil Louvável (5 de junho de 1959)

Limos há pouco, num órgão de imprensa, a notícia de que um grupo de estudantes de determinado estabelecimento de ensino, acaba de adotar u’a medida digna dos mais entusiásticos encômios. Propuzeram-se tais alunos, mediante um compromisso firmado, a desfraldar a bandeira da lealdade, contra a “cóla” e outras safadezas estudantis.

Uma espécie de pacto de honra, sem sombra de duvidas. Um compromisso mútuo, que revela a firmeza de caráter de uma plêiade de jovens bem intencionados e que deverá servir de exemplo a milhares de outros estudantes de nossa terra.

Sabem os leitores que nós próprios, através desta mesma coluna, vez por outra temos focalizado o grave problema da “cóla”, analizando os efeitos morais dêsse abjeto emprêgo, que, antes de ludibriar os mestres e os examinadores, engana vilmente as pessoas que desse expediente se utilizam. Os “coladores” denotam negligência de saber e negatividade de aproveitamento de letras ou ciências. Atestam, inegavelmente, eivas de covardia ante a realidade dos fatos, demonstrando a franqueza da capacidade de recepção frente aos conhecimentos ministrados. O uso da “cóla” corrobora o espírito preguiçoso de uma pessoa que só se preocupa em “passar de ano”, sem atentar para a repercussão futura que fará seu próprio nome, ao exibir um pergaminho ou a propor-se a executar uma profissão liberal.

O comodismo, a preguiça e a deslealdade andam de mão juntas com aqueles que não possuem auto-confiança, não estudam, não apresentam grande noção de responsabilidade estudantil, mas que procuram por um método excuso, compensar tais falhas, utilizando o sistema de “colar”.

Pensando assim, é que resolvemos comentar êsse gesto verdadeiramente elogiável, óra pôsto em prática por um grupo de bons estudantes. Esses rapazes devem servir de espêlho, onde os “coladores” contumazes deverão mirar-se.

Temos a impressão de que um pai de família, desde que seja honesto com sua própria consciência, há de preferir que seu filho leve “bomba” por qualquer circunstancias lógica dos estudos, a ver o rebento “passar de ano” pouco ou nada sabendo, mas passar à custa de “cola”. Não que estejamos insinuando que o pai do aluno ficará satisfeito e soltará foguetes se o estudante “levar pau”; absolutamente, estamos fazendo a comparação entre o obter ou não a promoção de ano escolar de maneira lógica e leal e a “passar de ano” em virtude do escuso processo de “colar”.

De qualquer maneira, fazemos questão de abordar êsse assunto, detalhando a importância dessa elogiável iniciativa. E aqui estamos, para aplaudir publicamente êsse gesto louvável por todos os modos, impregnado que está do mais puro e sadio sentimento de auto-confiança, domínio do saber e honestidade. Honestidade, acima de tudo; para com eles próprios e para com os mestres que os auxiliam a haurir as luzes da ciência.

Não servirá o caso presente de exemplos para muitos estudantes marilienses?

Extraído do Correio de Marília de 5 de junho de 1959

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