A nova “Miss” Universo (30 de julho de 1959)


Conforme é sabido, acaba de sagrar-se vencedora do concurso universal de beleza feminina, a jovem Akiko Kojima, representante do país do Sol Nascente. O resultado repercutiu como o efeito de uma bomba inesperada, pois, em sã consciência, nem mesmo os japoneses alimentavam uma sólida esperança de vitória.

Não vai aqui, nenhuma insinuação à falta de lisura do certame e muito menos a suspeita de que a beldade nipônica não seja merecedora do cobiçado cetro que acaba de conquistar; absolutamente.

Não vai, igualmente, qualquer ressentimento nacional ou algum motivo de “dor de cotovêlo” pela contundente classificação no quinto pôsto, pela representante brasileira, Vera Ribeiro. Mas de tudo isso, parece-nos que a finalidade verdadeira dêsse certame está ainda oculta e é desconhecida pela maioria das gentes. Percebe-se com alguma facilidade, a existência de uma certa política inter-bastidores, destinada a agradar povos e nações. Ou é isto, ou os membros do júri que decidem a sorte anual das novas “Misses” Universo, não estão muito bem cingidos ou enfronhados na questão de acertar com a escolha da mais bela concorrente. Repetimos, para que não paire dúvida, que nosso caso não se endereça a recém-eleita “Miss” Universo. Falamos em tése.

O Brasil, pelo que se percebe, ficou satisfeito com o vice-liderança em repetição, mesmo quando enviou para Long Beach a concorrente indiscutivelmente mais séria, que foi Marta Rocha. O tal caso das duas polegadas não convenceu a ninguém, mesmo os próprios americanos, que comentaram como injusta a decisão do júri, quando alojou Marta Rocha em segundo lugar. Posteriormente, nosso país voltou a “repetir a dose”, desta vez com injustiça, porque a representante do Rio Grande do Sul, sinceramente, não apresentava qualidades para a segundo classificação. Verdade seja dita. Nem mesmo a “Miss” Bahia.

Parece que o intuito do certame, é agradar os países mais diretamente ligados aos Estados Unidos, conforme já vimos. E. se assim for, considerando que nossa situação é permanentemente de “persona grata” com os americanos, dificilmente alcançaremos esse posto, pois existem outras nações que apresentam maiores motivos internos para serem alvo de agrados nesse sentido.

Está claro que isto é uma suposição. Mas que tem a sua lógica, se convenientemente analisada, isso nem se discute.

No caso de Marta Rocha, jamais nos convenceremos e voltaremos a repetir aquilo que já dissemos no passado: Nem o Brasil jamais apresentará uma candidata de méritos tão completos em beleza feminina como Marta Rocha na ocasião e difícil outra nação conseguirá apresentar uma candidata que venha a superar a Marta Rocha quando foi eleita vice-“Miss” Universo!

Autoriza-nos a afirmar tal fato (embora apresente alguma coisa de convencimento eu pretensão) a observação que temos feito, dos concursos desse jaez, de suas candidatas, após o segundo pôsto alcançado por Marta Rocha. Os que atentarem para o que estamos afirmando, convirão conosco facilmente, e se estivermos certos, no próximo ano, vencerá o concurso, não propriamente a que for mais bonita, mas sim a moça que representar um país que urja maior simpatia e entrelaçamento político com os Estados Unidos. Nessas condições, não se admirem os leitores, se sagrar-se vencedora do próximo certame, a representante da China Nacionalista, de Cuba ou da Argentina (países enquadrados mais diretamente nas considerações referidas). E, nesse pensar, afirmaremos ainda que se a Rússia enviar a mulher que de fato seja a mais bela das concorrentes, esta não pagará “nem resfriado” em Long Beach.

Vamos agradar o próximo concurso para verificarmos se estamos certos ou não.

Extraído do Correio de Marília de 30 de julho de 1959

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