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Mostrando postagens de agosto, 2011

Negócio rendoso (28 de agosto de 1959)

Sim, ser deputado no Estado de São Paulo é um negócio rendoso. E tem que ser mesmo, pois se assim não fôra, não justificaria o interêsse e os rios de dinheiro que os candidatos gastam no período pré-eleitoral, aspirando uma “poltronazinha” no Palácio 9 de Julho. A Paulista fornece passes permanentes aos deputados. As empresas aeroviárias concedem descontos especiais. A política e suas manobras dependem do comportamento dêsses homens. As leis, idem. O povo também. Ser deputado é alguma coisa que inspira e justifica a cobiça geral. Não sòmente pelo “cartaz”, porque “cartaz” hoje não dá para comprar nem um grão de feijão. Existem muitos outros motivospara justificar a “corrida” desenfreada e o interêsse inconteste de muita gente em querer gozar de imunidades parlamentares, um dos maiores absurdos do Brasil. Mas, a verdade é que ser deputado, regra geral, é um negócio rendoso hoje em dia. Tão rendoso, que até nós, gostaríamos de ser deputados. Pode-se votar em causa própria. Pod

“Em nome de Deus” (27 de agosto de 1959)

Encomiosa resolução acaba de ser votada pela Câmara Municipal de Antonio Prado, Estado do Rio Grande do Sul. Pelo documento em aprêço, todas as sessões plenárias da mencionada edilidade, serão abertas e encerradas “em nome de Deus”. Justificou-se a medida com a verdade (incontestável) de que todas as atitudes do homem, devem constituir-se sem mais preâmbulo, num áto seguido de admiração, louvores, lembrança e respeito para com Deus. Medida magnifica, principalmente se bem intencionada e fielmente cumprida. Prova sobeja do respeito profundo, mercês plenas e reconhecimento total, antes e depois dos trabalhos, que, na aludida Casa Legislativa, se processam nas funções precípua e diréta em pról do povo. Exemplo dignificante êsse o de serem iniciadas e terminados os trabalhos, “em nome de Deus”. Pena que nem todas as Câmaras Municipais ou outros Parlamentos possam seguir êsse maravilhoso exemplo. Pensando bem, é melhor que tal sistema não procure ser seguido por muitos outr

Mera coincidência... (22 de agosto de 1959)

Dois assuntos distintos, de aspectos completamente antagônicos em suas finalidades específicas, polarizaram as atenções dos marilienses nos últimos dias. Ambos os motivos são de interesse publico, resguardadas as respectivas distâncias, efeitos e colimações entre sí. Os objetivos são diversos, as constituições, idem. Relacionam-se com o publico mariliense e isso é o quanto basta e o suficiente para justificar as razões desta crônica. Referimo-nos à Associação Atlética São Bento e à Câmara Municipal de Marília. E o fazemos indecisos quanto a qual núcleo tem sido mais improdutivo e mais decepcionante. O São Bento e a Câmara Municipal, estiveram no fóco dos mais desencontrados comentários públicos dos últimos dias. Os chamados “erros do São Bento” foram abordados, esmiuçados, “estudados” meticulosamente. Providências de solução foram esboçadas e ultimadas. Pelo menos, existiu atenções e houve interesse. Medidas objetivando solucionar o “impasse” foram adotadas. Amanhã, esper

Incrível, mas Verdade! (21 de agosto de 1959)

Somos brasileiros e bastante patriotas, com orgulho e a mercê de Deus. Mas que existem coisas nestes Brasis que andam permanentemente “fóra dos eixos”, isso existem. E o fato de referirmos tais razões palpáveis e indiscutíveis, em absoluto podem descolorir nosso espírito de patriotismo. Pelo contrário, o reconhecemos nossos erros, em sã consciência só nos poderá acarretar a certeza de que nos próprios somos honestos, antes e acima de tudo, conosco mesmos. Mas vejamos o contraste flagrante que apresenta atualmente nosso Brasil, o decantado “país da riquesas”: Com tantas riquesas vivas e mortas, com tantas reservas de tudo o que seja possível imaginar e exigido pelo progresso do século, com a vastidão imensa de terras, com recursos os mais diversos, vivemos constantemente nas dependências de outros povos e outras nações. Algumas dessas dependências são verdadeiramente injustificáveis e passíveis de censuras e condenação aos trabalhos da própria administração nacional. De que a

Isto não deve acontecer! (19 de agosto de 1959)

Não uma e nem duas vezes, no passado, já abordamos semelhante assunto. A questão de paixões desenfreadas no que diz respeito ao partidarismo político, maximé nas ocasiões que antecedem os pleitos eletivos, deve merecer atenções gerais, notadamente por parte dos próprios dirigentes políticos. Marília, com uma população que se considera culta, não deve incorrer em exemplos dos mais desairosos, que por aí afóra campeiam. Época pré-eleitoral é ocasião propícia para os que, de espírito baixo, se aproveitam para descer ainda mais, vindo a público com ataques pessoais e até “sujando a agua” da vida particular dos adversários. Método contra-producente e contra-indicado. O candidato político ou seus cabos eleitorais, conforme o caso, devem usar o expediente utilizado pelo bom comerciante. O comerciante atinado e experimentado, jamais tenta convencer o freguês, de que a mercadoria do concorrente é pior do que a dele; pelo contrário, ele se esforça e esmera na argumentação, para provar qu

O negócio é o seguinte... (15 de agosto de 1959)

O atual Chefe da Nação, ao lado da construção de Brasília, incentivou e prestigiou bastante a indústria automobilística nacional. E temos entre nós, a fabricação em série e em grande escala, de caminhões e automóveis de diversos tipos, marcas, qualidades e gostos. Os veículos “made in Brasil”, apesar de todo o apôio e facilidade conferida pelo govêrno brasileiro às industrias automobilísticas, tornaram-se, praticamente, mais caros do que os importados. E suas qualidades de duração estão em suspenso, porque ainda não fazem cinco ou dez anos que estão rodando nas estradas nacionais. Está o Brasil, portanto, graças ao atual Presidente da República, em condições de exportar caminhões e automóveis, para quem quizer compra-los. E, se está em condições de exportar veículos, uma outra realidade dura, núa e crúa existe à margem, capaz de envergonhar-nos, até perante os países mais póbres do globo terrestre: É que nosso país está também em condições (necessidade) de importar arroz, feijã

Candidatos a Vereadores (13 de agosto de 1959)

Não há muito, quando os partidos políticos locais principiaram a cogitar a feitura da lista de nomes, para disputar a próxima vereança, escrevemos diversas vezes, sôbre a necessidade de u’a remodelação de valores em nossa Câmara Municipal. Puzemos as coisas no devido lugar, em têrmos. Focalizamos, em comparação, o atual Corpo Legislativo da cidade, frente às estupendas atuações das legislaturas anteriores, especialmente a primeira, do após período de redemocratização. Sem rodeios, comentamos a inatividade de certos edis e suas incompetências como representantes do povo, embora fossem pessoalmente e fóra das atribuições legislativas, excelentes e benquistos cidadãos. Nada dissemos de novidade, no entanto, porque até o menos arguto mariliense, desde que viesse acompanhando o transcorrer dos trabalhos da edilidade local, estaria ápto a concordar conosco. São agora conhecidos, todos ou quasi todos os nomes de candidatos à futura vereança e urgente é o comentar-se, q

Já surgiu um exemplo (12 de agosto de 1959)

Traduzindo o reflexo daquilo que escrevemos por duas vezes consecutivas, no tocante ao pretendido por um grupo de vereadores marilienses que aspira a remuneração dos respectivos mandatos, divulgamos ontem, um manifesto da União Democrático Nacional. Foi um exemplo dignificante, exteriorizando pela UDN, que, assim, se colocou ao lado dos interesses pecuniários da própria municipalidade. E nem poderia deixar de assim acontecer, pois sempre vimos na referida facção partidária, uma plêiade de grandes líderes políticos. Ficando o partido udenista em Marília, em contra-posição ao movimento que reputa aos inglório e anti-mariliense, veio formar, indiscutivelmente, ao lado de nosso ponto de vista, ao par dos interesses do município, junto aos interesses do próprio povo de nossa cidade. Entendemos nossas congratulações aos dirigentes udenistas locais, pelo passo firme tomado publicamente, numa demonstração de amor pela cidade e sua gente, com o desejo irretorquível de querer se

Nobilíssima campanha (11 de agosto de 1959)

Nobilíssima e humana, plena do mais irrestrito sucesso, foi a Campanha do Sangue Vivo, ontem encerrada em Marília. Provou, mais uma vez, o quão grandioso é o coração mariliense. Atestou com insofismável certeza, o qual humana é a cooperação de gente de Marília, que acorreu de pronto e sem fazer-se de rogada, a doar de suas veias, o plasma da vida – o único líquido capaz de reerguer uma vida em eminência de morte, não substituído ainda pela ciência dos homens. Pelo seu gesto e sentido eminentemente altruístico, incontestavelmente cristão e profundamente humano, mereceu aplausos de reconhecimento de todos aqueles que comungam os sentimentos de fraternidade e solidariedade humana. Ricos e póbres, pretos e brancos, de diversos pensamentos religiosos, irmanaram-se piedosamente, doando o próprio sangue, para socorro de milhares de vidas. Foi um exemplo edificantes dado pelos marilienses, que, mais uma vez, souberam – como sempre –, responder “presente” quando reclamados.

Ainda a vereança remunerada (8 de agosto de 1959)

Nosso escrito de ontem, acêrca de um movimento reinante entre alguns vereadores, objetivando instituir o sistema de remuneração para a vereança mariliense, serviu de comentários diversos. Conosco mesmo, várias pessoas abordaram o assunto e, dentre meia dúzia de cidadãos, apenas um (edil, por sinal) discordou de nosso ponto de vista, para manifestar-se favoravelmente à remuneração do exercício de vereador. É claro que cada qual tem o direito de pensar como bem quizer e por isso respeitamos o entender daqueles que entendem o contrário, advogando ou não o pagamento dos vereadores. Nós, entretanto, pensamos de maneira adversa; entendemos o mandato de vereador, maximé no interior, onde as sessões ordinárias são semanais e noturnas, como um “múnus público”. E pensamos ainda – repetimos – que os que não pretendem sujeitar-se à prestação gratuita dêsses serviços, que jamais devem candidatar-se ao pôsto referido. Nunca a vereança no município de Marília deverá constituir-se em motivo

Vereança remunerada? (7 de agosto de 1959)

Consta a existência de um movimento objetivando que o exercício da vereança, em nosso município seja remunerado, já a partir da próxima legislatura. A base dêsse objetivo, seria a própria lei específica das comunas, segundo se sabe ainda. Curioso êsse movimento, principalmente em Marília. Curioso e algo esdrúxulo, pois nossa Câmara, ao votar uma resolução bastante sadia do ex-vereador Álvaro Simões, deliberara que em nosso município, o mandato de vereador só seria exercido gratuitamente, como um “múnus público” que é. Tal decisão carreou para a edilidade mariliense, uma série de aplausos de diversos outros centros e a deliberação em aprêço, do corpo legislativo local, foi citada como exemplo frisante dos mais patrióticos imagináveis. Entendemos nós, apartidários que somos, que obrará infinitamente mal e de maneira bastante incoerente, a Câmara Municipal de Marília, se, por sua maioria, der guarida ao pretendido em referência. O cargo de vereador, principalmente em n

“O terceiro homem” (6 de agosto de 1959)

Propalado, prática e virtualmente lançado, surge na política sucessória municipal, “o terceiro homem” – Octavio Simonato. Indiscutível é o prestígio dêsse político mariliense, como matemático é o seu colegiado eleitoral, fruto de um trabalho perseverante que data de mais de oito anos. Ninguém poderá opor qualquer dúvidas às intenções de Octavio Siminato, com respeito a um plano pessoal ou partidário de um bom govêrno municipal. Entretanto, tal lançamento, se acertado e homologado, apresentará um quê extemporâneo e traz consigo um “senão” prejudicial ao próprio candidato, “senão” êsse, oriundo de um conchavo político inter-bastidores, que não chegou a alcançar a repercussão e os efeitos esperados e que se impregnou, inclusive, de malquerenças e dissidências políticas de um núcleo local. Com o lançamento de tempo hábil das outras duas candidaturas já oficiais e conhecidas e com o esfriamento natural, supra citado a candidatura do “terceiro homem”, tornou-se, automaticament

Pau de amarrar égua (5 de agosto de 1959)

Certa vez, ao analisarmos a função de jornalista, dissemos que nossa tenda de trabalho se transforma, em muitas vezes, num autêntico “muro de lamentações”. Isso porque, não raro, recebemos sugestões ou queixas das mais esdrúxulas imagináveis, quando alguém nos procura para que façamos o papel de borracha – isto é, apagar erros alheios. Dissemos que as consultas mais esquisitas do mundo, são dirigidas algumas ocasiões ao profissional de imprensa, na esperança de que alguma coisa seja consertada. Ao lado das razões lógicas, se apresentam algumas idéias de caráter absurdo, como, por exemplo, a do leitor que nos insinuou outro dia, que comentássemos o procedimento irregular de determinada dona de casa. Nosso escrito a respeito, serviu de motivo até para um outro colega, que não teve qualquer pejo em nos pregar uma “lavada” em boas condições. Não ligamos para o fato, porque sabíamos o que estávamos dizendo... Curioso, que, posteriormente, a mesma pessoa que incriminou no

O custo de vida (4 de agosto de 1959)

O problema pôde parecer complexo, assim à primeira análise. Entretanto, sua solução é relativamente fácil, embora dependa diretamente de alguns pontos fundamentais, considerados (também à primeira vista) difíceis. O que se fala, o que se escrever, os gritos, os clamores diversos e a demagogia que em tôrno do assunto se tem feito, se faz e continuará fazendo, nada adiantaram, nada estão adiantando e nada adiantarão. Está faltando, antes de tudo, uma esquematização de ações, um plano sinceramente, decidido, inatacável e positivo, partido do próprio Governo Federal e seguido à risca pelos governos estaduais. Sem isso, nada feito. A fiscalização dos preços é falha, porque nem todos os seus dirigentes conhecem “de visu” e de móto próprio, as causas, os efeitos, as origens. Impressionaram-se por números estatísticos, que, muitas vezes são mentirosos. Deixam-se levar pelo “bico doce” dos magnatas. Outras vezes, embora ninguém póssam prova-lo em cartório, obtem também algumas “m

Prestigio pessoal (1 de agosto de 1959)

Para quem não morre de amores pela política, como é o nosso caso, fácil é o analisar-se a conduta daqueles que se não fazem a política como profissão primordial, pelo menos dela tiram algum proveito e a ela dedicam grande parte de suas preocupações diárias. Já tal fato não sucede com o cidadão que tem qualquer vínculo doutrinário, pois, por mais imparcial que procure ser, sempre verá uma oportunidade indisfarçável de “puxar a sardinha” para um lado. Isso é natural e a política é mesmo como o amor; basta a gente gostar, para achar “tudo azul”, ignorando defeitos que estão visíveis, que todos veem, menos o apaixonado. Coisa assim parecida com o sentimento amoroso de alguém, que, perdido de paixão, consegue ver, no ente amado, uma beleza natural e exterior inexistente e às vezes inexistente também anteriormente. Isso nos ocorreu, ao presenciar ontem, por méro acaso, um “tete-a-tete” político, entre dois cidadãos locais, politicamente contrários. Discutiam ambos o prestígio