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Mostrando postagens de setembro, 2011

Nem ambulatório e nem posto de abastecimento (24 de setembro de 1959)

Há tempos, quando transcrevemos nesta coluna uma carta que nos fôra endereçada pelo Serviço Social da Indústria, dando conta de que Marília seria atendida em época oportuna com a criação de um Ambulatório Médico do IAPI e de mais um Pôsto de Abastecimento do Sesi, deixamos claro que tornaríamos ao assunto. É o que estamos fazendo. Voltamos novamente a cobrar do Serviço Social da Indústria, essa necessidade já comprovada para Marília, que é a dotação de mais um Pôsto de Abastecimento do Sesi. Justificamos no pretérito as razões dessa pretensão, que, na última análise, jamais significará um favor e sim um atendimento imprescindível aos industriários marilienses. O número de contribuintes do IAPI, a densidade demográfica da cidade, o “quantum” verdadeiramente apreciável, que empregados e empregadores da indústria mariliense carreiam para os cofres do citado Instituto, plenam de sobejo, aquilo que possa parecer, à primeira vista, uma simples pretensão. Depois, para completar, urge que seja

Campanha de Produtividade (20 de setembro de 1959)

O povo brasileiro, fóra de dúvidas, é extraordinário. Tem lá o seu “quezinho” de pejorativo, quando demonstra sua displicência ou descrédito ao próprio futuro da Nação, mas êsse defeito é superado pelo seu dinamismo e compreensão, pelo desejo de servir e ser útil. Orientado ou conclamado a acercar-se de qualquer movimento que seja necessário, acode de pronto. Só reclamá-lo, êle diz “presente”. A polícia recomenda: “Não dê esmolas na rua”. O brasileiro pensa em atender, mas quando o mendigo (autêntico ou falsificado) estende a mão, êle contribui com qualquer coisa. Uma catástrofe, uma doença em pessoa pobre, uma emergência qualquer, é só procurar e inteirar o brasileiro que êle dá qualquer coisinha. E o faz naturalmente. Ocorreu-nos isso agora por ocasião da Campanha da Produtividade, encetada pela Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo e magnificamente desenvolvida pelos agrônomos daquêle órgão. U’a medida patriótica e necessária, pelo fundo importante que apresenta e pelas c

Vontade de matar! (18 de setembro de 1959)

Realmente, a expressão que nos serve de epígrafe para o comentário de hoje é algo tétrica. Mas tem as suas razões de ser, embora impossível pareça. Sob o aspecto legal, não; sob a análise lógica, também não; mas sob o aspecto do amor próprio, póde ser justificada e largamente discutida. O fato é o seguinte: Ontem. Pessoa insuspeita, conceituada, comerciante. De crédito, de prestígio, de tradição. De nome e renome, enfim. Acercou-se de nossa reportagem. E, sem mais preâmbulos, indagou inesperadamente: “Você já teve vontade de matar alguém?”. Pergunta difícil de responder, é claro. Quem póde responder uma inquirição tão grave assim? Quem pode dar uma solução à uma pergunta tão grave e tão profunda, que encerra em seu recôndito uma filosofia tão difícil de alcançar? Não estranhem os leitores, se dissermos que a resposta deve ser filosófica, porque a pergunta foi filosófica. Encerra um “esforço para generalizar, aprofundar, refletir e esplicar”. Pois essa pessoa nos procurou, como dizíamos

Não, não somos briguentos! (17 de setembro de 1959)

Como qualquer pessoa sensata, somos também apologistas do antigo dito, que afirma que “roupa suja se lava em casa”. Sucede, porém, que terça feira última, ante-ontem, vimo-nos forçados a desprezar a afirmativa supra referida, para adentrarmos, embora a contra-gosto, num pormenor que diretamente diz respeito à cidade e ao povo mariliense, visto tratar de assunto que encontrou uma repercussão sem precedentes em quasi todos os quadrantes do país. Encontrava-se o autor destas linhas num tabelionato de São Paulo, tratando de assuntos particulares. Ao ser chamado por um escrevente e não sabendo nosso nome, gritou por “Senhor de Marília”. Ao ouvir isto, um cidadão que alí se encontrava e que posteriormente se identificou como sendo advogado, perguntou-nos se eramos de Marília. Ao respondermos afirmativamente, o homem indagou: “Você também é briguento?”. A pergunta, assim de chofre, confessamos, nos “desmontou”. Quisemos saber a sua razão e o homem esplicou: “Vocês não foram os que desautorara

Mercado de carne (16 de setembro de 1959)

Em recente editorial do jornal “Osservatore Romano”, que se edita no Vaticano, os concursos de beleza que vem sendo realizados ultimamente em todas as partes do mundo, foram classificados como “mercados de carne”. A expressão pode parecer um tanto rude assim à primeira vista, mas não deixa de ter a sua razão e o seu fungo lógico. As assertivas referidas do “Osservatore Romano” baseiam-se nas declarações da atriz francesa Martine Carol, ao ter esta afirmado que usou “pouca roupa de banho” em várias películas cinematográficas e que agora pretende dedicar-se exclusivamente à arte. O jornal não mencionou o nome de Martine Carol, mas deixou clara a sua identificação, sem qualquer margem de dúvidas. Apreciando o uso de pouca roupa, o citado órgão oficial de Roma condena veementemente os concursos de beleza como sendo autênticos mercados de carne e nessa condenação incluiu o certame que escolheu “Miss” Europa em Palermo, no último dia 30. Esclarece o mencionado editorial, que “não é apenas co

Frases soltas (12 de setembro de 1959)

Na lagôa de águas plácidas e estagnadas, o homem paciente pescava ilusões. --:-:-- Só para separar as orelhas é que aquele indivíduo usava a cabeça! --:-:-- Éra um filme tão ruim, mas tão ruim, que até os artistas o interpretavam com indisfarçável descontentamento. --:-:-- Abriu o livro de histórias e encontrou-se na Grécia antiga. --:-:-- Os govêrnos são como os jequetibás sagrados, em cujas sombras sempre medram diversos cogumelos venenosos. --:-:-- Doença abjeta domina aquele homem: repleto de defeitos, só sabe ver as deficiências alheias. --:-:-- Ao colocar a carta no correio a mocinha expediu o próprio coração. --:-:-- Ele não professava a filosofia; éra apenas um ferrenho oposicionista à realidade! --:-:-- Erro de origem: Não basta saber tão somente assinar o nome para saber votar. --:-:-- Num protesto mudo, porém justo, o dócil cavalo atirou por terra aqueles impertinentes cem quilos de gordura, que atendem pelo nome de Maria. --:-:-- Depois do terceiro chopp o cidadão conseguiu

Patriotismo? (11 de setembro de 1959)

Conversávamos algures com um grupo de amigos, quando veio à baila o assunto “nacionalismo”. Emitiram-se, sôbre a tese, opiniões várias entre os interlocutores. Concluímos que da palestra ficou clara a idéia predominante que o nacionalismo não é aquilo que se apregôa por aí e que hoje serve de chavão aos falsos patriotas. Em verdade, como dizia um dos presentes, o nacionalismo, entre nós, pode explicar-se como sendo tão sòmente “aquela coloração vermelha que “formiga” e que os homens sentem no rosto conhecida como vergonha”! O resto é conversa, porque existindo brios, seguem-nos o patriotismo sincero, que é o nacionalismo leal. Um cidadão de fóra participava da conversa. Homem de aspecto simples, porém exteriorizando uma vida experimentada na crueza da vida. Bem falante, de regular cultura. Goiano de nascimento. Conhecedor de todos os rincões do Brasil. Deteve-se êsse nosso amigo até então desconhecido, numa análise dos descasos governamentais para com o nordeste e o Brasil-central. Arg