E o Pronto Socorro Municipal? (12 de novembro de 1959)

Assunto velho êsse. Até já carcomido pelos anos. Empoeirado, embolando. Algo reumático. Ao lado do Corpo de Bombeiros, continua a desafiar a argúcia de nossos administradores e legisladores. De há muito, por qualquer motivo, se encontra na gaveta do esquecimento.

Entra Prefeito, sai prefeito, elegem-se vereadores, todos abordando a questão e ninguém, de efetivo, algo fazendo sôbre a questão. “Tabú”, “caveira de burro” ou falta de pulso?

O fato é que é lacuna para ser completada em Marília e parece difícil a sua solução.

A cidade reclama êsse melhoramento e ninguém poderá contestá-lo. Muitas promessas, muita demagogia já giraram em tôrno do assunto, parecendo até o “Sputnik” em redor da Lua!

Não se concebe que nossa “urbe”, com uma estimativa de mais de 80 mil almas, apresentando uma trepidação própria dos grandes e dinâmicos centros, e, por isso mesmo, exigindo os efeitos de todos os requisitos do progresso de uma cidade moderna, apresentando problemas de assistência social de vulto considerável, continue nesse pé, nesse descaso, com respeito à criação do Pronto Socorro Municipal. Cidades de menor densidade demográfica, consequentemente de menores exigências dentro dêsse mesmo terreno, ostenta êsse melhoramento indispensável.

Não só as gentes da cidade, como, igualmente, as populações das zonas rural e periférica, especialmente os pobres (e mesmo os “remediados”, em casos específicos), dependem e carecem dos benefícios inestimáveis e inalienáveis de um Pronto Socorro.

Inúmeros são os casos conhecidos em que é constantemente reclamada a interferência dêsse utilíssimo organismo. Exemplos sem conta frutificam por aí, diariamente, quando até casos dolorosos são presenciados por todos, comentados discretamente pela imprensa, tocantes em verdade, chocantes em realidade.

Ainda agora, a vizinha cidade de Tupã, acaba de nos dar um magnífico exemplo, de como pode e quando pode fazer a boa vontade, no sentido de servir. Não podemos manter a municipalidade tupãense um órgão completo e tecnicamente adequado, organizou um Pronto Socorro Municipal de emergência, para prestar socorros e serviços médico-farmacêuticos aos seus munícipes. Foi adquirida uma ambulância pela Prefeitura. Foi nomeado um enfermeiro experiente, para trabalhar nesse setor, bem como foi instalada uma pequena farmácia, junto ao almoxarifado da própria Prefeitura. Assim, não só pequenos socorros, como a distribuição de remédios aos pobres e necessitados, estão sendo processados com êxito pelo Pronto Socorro de Tupã. O profissional referido, quando os casos exigem a interferência médico-hospitalar, fugindo, porconseguinte à sua alçada conduz a pessoa ou pessoas necessitadas à Santa Casa, onde são entregues ao médico de plantão.

Como se vê, embora não completo o serviço, pelo menos é uma atenuante da exigência referida. Demonstra, antes de tudo, interêsse e boa vontade de solver-se o problema e a sua solução, mesmo que parcial, foi encontrada.

Tupã nos deu um exemplo. Marília poderá seguí-lo, principalmente na impossibilidade de conseguir-se o complemento dessa urgência de maneira total.

Aqui fica o lembrête.

Extraído do Correio de Marília de 12 de novembro de 1959

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