Sede Campestre para o São Bento (7 de novembro de 1959)

Idéia oportuna éssa a de se conseguir uma Séde Campestre para a Associação Atlética São Bento. De início, poderá parecer um pouco ousada, mas se se ativer o raciocínio dentro do plano da lógica e da necessidade, poderá aquilatar-se que não a é.

O alvi-rubro é o clube de futeból mais querido da cidade. Sua tradição de glórias, escrita com louros, é uma honra, não só para o desporto mariliense, como igualmente para a região. Seu nome lembra a Santo Padroeiro de Marília e invóca o do timoneiro da cidade, o saudoso Bento de Abreu Sampaio Vidal. Vive o clube no coração dos marilienses, como um autêntico patrimônio do próprio povo.

Sobreviveu o São Bento a intempéries diversas, mercê unicamente dêsses motivos. Se possuísse algum patrimônio, algum valor material, jamais teria, no pretérito, experimentado as dificuldades e algumas falta de alento que sentiu. Jamais teria interrompido sua trajetória de glórias, ausentando-se até de certames oficiais de futeból.

Desde que nasceu, a associação não possui bens. O patrimônio do clube, hoje, resume-se na história de sua própria vida, em alguns jogos de camisas, numa bandeira alvi-rubra e algumas dúzias de troféus. Nem campo possui o São Bento, apesar de contar com o privilégio de usofruto (quasi usucapião) do Estádio Municipal.

Assim, o problema de um estádio próprio, hoje em dia, passa a constituir-se num pretensão um tanto elevada, não só pela dificuldade de encontro e aquisição de uma área especifica, como, principalmente, pelo vulto monetário da construção propriamente dita. Tendo-se em vista que o Estádio não constitui no momento nenhum problema de “sangria desatada”, é plausível que se aproveite a idéia lançada por êste diário, adquirindo-se a gleba conhecida como “piscina do japonês”, para alí ser construída a Séde Campestre da A. A. São Bento.

Os bancários de Marília já nos deram um exemplo frizante de o quanto se póde fazer nesse sentido, havendo interesse e boa vontade. Da mesma maneira que o público acudiu e colaborou com a classe bancária, aquiescerá em acercar-se dessa iniciativa. O local é magnifico para a concretização da idéia. Já existe a piscina e há espaço vital suficiente para a casa da séde, quadras de tênis e basquete, pequeno parque infantil, etc.. Assim, o São Bento teria meios para ampliar ainda mais o seu quadro social, oferecendo aos seus filiados, não só o futeból que é capaz, como igualmente outros lazeres, maximé considerando-se que Marília ainda deixa algo a desejar nesse particular.

A cidade também lucraria com isso. Mais um melhoramento surgiria em Marília, a corroborar com seu indebelável progresso e a firmeza da realização de seus homens.

Para tal, é mister que se constítua uma comissão especial, independente dos diretores, pois estes não poderiam mesmo tratar dessa questão e dirigir o futeból ao mesmo tempo, principalmente nesta época de aproximação do super-campeonato da “segundona”. Essa comissão, conforme já sugerimos em nossa edição de ontem, deverá ser integrada por elementos ligados à própria vida de Marília, das mais diversas profissões ou ocupações.

Além da colaboração do povo, poderá a comissão solicitar, não como empréstimo, mais à guisa de doação, alguma verba-auxílio dos deputados que se identificam como amigos de Marília, auxílio êsse, mesmo da própria concessão pessoal. Temos visto, no “Diário Oficial”, esses favores e o nosso caso não seria nem um privilégio e nem um precedente. Além do mais, até dos govêrnos poderia a comissão pleitear pequenas ajudar para o fim em téla.

A idéia, como dissemos, é digna de estudos e de aproveitamento. Que tal esmiuça-la e refletir sôbre o seu conteúdo?

Extraído do Correio de Marília de 7 de novembro de 1959

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