Um alerta necessário (17 de novembro de 1959)

Em nossa edição de terça-feira última, focalizamos a expedição de despachos telegráficos assinados pelo Prefeito Argollo Ferrão, com respeito ao perigo que ronda a construção (necessária) da rodovia de contorno da cidade.

Para alguns, talvez haja sido a notícia aludida, vista superficialmente apenas, sem a detenção de u’a análise cuidadosa sôbre a sua real importância.

Efetivamente, a questão é mais grave do que parece, diz respeito direto aos interesses do próprio poderia de desenvolvimento de Marília e consulta, por outro lado, a própria economia estadual.

A razão desse fato diz referência ao pensamento da companhia construtora do último trecho da rodovia oficial Marília-Baurú, que, pelos termos contratuais, está na obrigação de proceder também a construção da estrada de contôrno da cidade, deixando amplo e fácil acesso de circulação dos vários ramais que demandem a outras estradas de ligação de Marília com outras centros. Se levado a têrmo o propósito de campanha construtora, será rescindido o contrato de trabalho e terá a própria Secretária de Viação de instituir nova concorrência pública para o complemento desses serviços, com maior oneração das finanças do Estado. Além disso, deve ser considerado o lapso de tempo que tal melhoramento levará para ficar concluído. Daí, além dos prejuízos de ordem econômica que pesarão sôbre os cofres estaduais, advirão aqueles que não se casam com os interesses do dinamismo de nossa “urbe”.

Assim , obrou bem o Chefe do Executivo mariliense, em fazer soar essa clarinada de alerta, chamando as atenções dos poderes competentes, que, como se é de esperar, irão, certamente, interessar-se pelo caso em fóco.

Vejamos, na integra, o teor do telegrama expedido pelo Sr. Argollo Ferrão e dirigido ao Governador Carvalho Pinto:

“Informado que a Cia. Americana de Engenharia Ltda., firma construtora da estrada Baurú-Marília, está tentando eximir-se da responsabilidade de construção do contôrno da cidade de Marília e pleiteia rescisão dessa parte do contrato, tomo a liberdade de sugerir a Vossência, a conveniência de recusar a recisão pleiteada, pois trará enormes transtornos para esta cidade e possivelmente também ao Estado, considerando-se a provável elevação do custo dos serviços a realizar.”

Telegrama de conteúdo idêntico foi enviado ao Secretário da Viação e Óbras Públicas, Brigadeiro Faria Lima.

Ao diretor do Departamento de Estradas de Rodagem, através de telegrama, o prefeito Argollo Ferrão apresentou o mesmo brado de alerta, tendo recomendado os interesses e estudos do caso em apreço, que, indubitavelmente, consulta as necessidades não só de Marília como do próprio Estado.

É de esperar-se que as autoridades para as quais foram endereçados os apêlos citados, hajam por bem escolhe-los e esmiúça-los com carinho, pois a sua procedência e razão são irrefutáveis.

Vamos aguardar os acontecimentos.

Extraído do Correio de Marília de 17 de novembro de 1959

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)