“O Glesvidal” (18 de dezembro de 1959)

Gentilmente recebemos um exemplar do primeiro número de “O Glesvidal”, interessante revista de publicação anual, editada pelo Grêmio Literário e Esportivo “Sampaio Vidal”, do Instituto de Educação de Marília.

A remessa nos foi feita pessoalmente, com os cumprimentos dos dirigentes do citado órgão, deferência que agradecemos.

Apreciamos, de ponta a ponta, o conteúdo da revista. Gostamos de sua confecção, da variedade de assuntos ali contidos. Vimos claramente, a exteriorização do espírito jovem, dinâmico e empreendedor. Um compêncio agradável de multiformes inserções. Humorismo sadio, bem dosado, salpicando as suas páginas. Artigos bem postos, bem escritos, escolhidos, selecionados.

Vimos uma revista estudantil diferente. Diferente e agradável. Do ponto de vista técnico, “O Glesvidal” está completo. Da apreciação jornalística, idem.

Duas coisas nos impressionaram na feitura e apresentação do aludido órgão: primeiro, a idéia feliz de seus organizadores, conseguindo colunas em circulação um trabalho bem feito, graficamente falando; segundo, aquilo que se poderá chamar de “linha” – personalidade do próprio organismo.

Uma revista diversa de muitas outras que existem. Um compêndio de boas idéias e boa coisa, numa apresentação excepcional, que traduz, antes de mais nada, um espírito de iniciativa louvável, bem organizado e já vitorioso.

Os rapazes de “O Glesvidal”, após o alcance dessa primeira vitória jornalístico-literária, estão de parabéns. E saberão agora quão difícil é o escrever-se para o público e fazer que as idéias colidem com os interêsses e agrados dêsse mesmo público.

A exuberância da mocidade, sem o exagero ou as desmedidas, está patente nesse trabalho. Fazendo despontar o valor indômito do saber fecundo. Externando o calor do saber, armazenando anos após anos. Dando uma demonstração de cultura, bom gosto e idéias sólidas. Revelando um exemplo de sapiência, interesses pelas letras e pela escola. Prespontando a certeza de que a cultura será o cartão de identidade dos marilienses de amanhã.

Foram felicíssimos os jovens do Instituto de Educação, ao idealizar e fazer vir à luz o mencionado periódico.

De nossa parte, agradecendo a deferência da remessa, temos apenas uma restrição a fazer ao “O Glesvidal”: seu período de circulação é demasiado longo, se convirmos que os rapazes possuem capacidades inatas para mantê-lo e fazê-lo circular mais amiudamente. Bi-mensalmente ou tri-mestralmente, por exemplo.

Bonita, bem feitinha e de leitura gostosa a citada revista. Digna de engrandecer ainda mais, o rosário de boas iniciativas já partidas dos estudantes do I. E. M..

Continuem, pois, jovens do “O Glesvidal”. E continuem a imprimir a mesma linha de conduta que a apreciada revista apresentou em seu primeiro número. Porque a verdade é que é fácil de fazer um jornal ou uma revista, quando os que se propõem a isto executar, são, antes de mais nada, capazes intelectualmente e capazes moralmente.

Não há incoerência na afirmativa de que é difícil fazer um órgão de imprensa, sendo fácil fazê-lo quando existe capacidade. A dificuldade, acima de tudo, existe na incompetência, pois as dificuldades originárias da organização e feitura propriamente ditas, são facilmente superadas pelos espíritos tácitos e empreendedores.

A revista está boa, em todos os sentidos. Continuem, pois, jovens do “O Glesvidal”.

Extraído do Correio de Marília de 18 de dezembro de 1959

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