Um crescimento irrefreável (14 de agosto de 1973)



É uma comparação grosseira:

O desenvolvimento de uma cidade (a nossa, por exemplo), assemelha-se ao crescimento de uma criança.

Mesmo com o contato cotidiano, os pais quase nunca percebem os filhos “esticando” rapidamente. Vez por outra, são alertados por uma pessoa amiga, que há tempos não viam, quando esta, observando um meninão, não contem a admiração: “como cresceu essa criança!”

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Assim é Marília.

A gente lutando com a vida, presa aos compromissos da própria subsistência, vai vendo tudo como um lugar comum. Vai surgindo um prédio aqui, outro ali, um melhoramento acolá. Mas como o próprio filho, a gente vai observando todo o seu desenvolvimento progressivo, sem analisar um maior interesse.

Então é preciso que uma pessoa de fora, nos alerte: “puxa, como Marília está crescendo!”

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Tenho um parente que reside fora, numa cidade quiçá maior do que Marília. Pelo menos, em termos de arranha-céus centrais, supera a nossa.

Pois bem. Quando essa pessoa vem a Marília, o que ocorre esporadicamente, passa horas seguidas girando com seu automóvel pela Avenida Sampaio Vidal, sem cansar-se de admirar lhe a beleza que nós não notamos, porque nos habituamos a achar simplesmente comum.

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Dizia-me ontem, um antigo comerciante mariliense, que, acorrentado aos seus deveres normais, havia feito da vida, uma rotina normal, chegando a esquecer que Marília estava crescendo. E confessou-me sua admiração, ao dar um “giro” pelo alto da Vila São Miguel, surpreendendo-se com seu progresso lá na saída para Pompéia.

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Na faixa de novas construções, Marília está apresentando um crescimento vertiginoso. Quem se der ao trabalho de dar um passeiozinho lá pelas imediações do bairro Maria Isabel, adjacências da Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, vai admirar-se do número de belíssimas residências daquele local.

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Isso, é apenas um exemplo.

Domingo último  (12/8/1960) fui fazer um reconhecimento lá pela baixada do Tênis, no Bairro Salgado Filho. Algumas dezenas de novas construções surgiram nesses últimos tempos e talvez mais de uma dúzia de outras residências estão sendo edificadas.

São casas de fino gosto, de arquitetura arrojada e moderna, que estão transformando uma parte de terra estéreis, num autentico bairro Morumbi paulista.

Uma beleza mesmo.

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Quem transita pelo asfalto da Rio Branco, provindo ou rumando via Av. Saudade, não tem oportunidade de apreciar esse mencionado número de novas construções, ali e nos fundos do Tênis. Adentrando o local e circulando por ali, é que dá para aquilatar e apreciar o que aqui se descreve.

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Naquele local, vai surgir um edifício de 12 andares mais ou menos, de apartamentos residenciais. Um prédio arrojado e moderno, com “play ground”, piscinas e tudo o mais.

E dotado de uma vista panorâmica belíssima.

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Está sendo irrefreável, o surto de construções em Marília.

Tanto isso é verdade, que a cidade se depara com falta e escassez de diversos tipos de material para construção. Mais ainda, já está ressentindo-se a falta de mão de obra especializada, pois Marília está ressentindo-se de carência até de pedreiros e serventes.

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Os marilienses que estão fora, quando aqui retornarem vão ficar muito admirados.

A “criança” está crescendo muito!

Extraído do Correio de Marília de 14 de agosto de 1973

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