A caturrice consciente (7 de setembro de 1973)



É um fator psicológico:

Quem escreve para o público, deixa exteriorizar, mesmo sem o sentir e quiça involuntariamente, muito do próprio Ego.

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Como experimentado no oficio, rabiscando para jornais há mais de 30 anos, sem a comprovada mínima intenção de usufruir quaisquer vantagens pessoais, tendo sentido, percebido e assimilando isso.

E tenho também, notado o mesmo, em pessoas outras.

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Quem redige para terceiros, imbuído de intenções claras, sinceras e sem intentos de dubialidade, acaba demonstrando certa dose de inquietação, mista de apego, por todas as boas causas.

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Como, nem todas as demais pessoas seguem o mesmo trilho e pensam da mesma maneira, forma-se a cifra adversa, de entenderes reversos.

Felizmente, num regime democrático, isso é possível.

Mais ainda, proporciona ensejos e faculta condições, da manifestação da dualidade ou multiplicidade de pontos de vista. Convergentes e divergentes.

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Uma coisa, certa é:

Se todo mundo, vem caminhando “de lá para cá”, o sujeito que, sozinho, teimar em ir “daqui para lá”, contra o mundaréo todo, ele não irá conseguir chegar ao destino. Mas se convencerá de uma coisa: que é um grande burro.

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Aqui em Marília, tem grupinhos que continuam teimando em ir “daqui para lá”, quando 99,9% provém “de lá para cá”! Todo mundo vê e sabe disso. Menos os grupinhos!

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A teimosia é própria dos homens.

Há dois tipos de caturrice:

A ignorantemente nata e a consciente.

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Para o primeiro tipo, o único paliativo é a complacência e a piedade.

Para o outro, não. Os da segunda classificação representados por um pequeno grupinho, vivendo num emaranhado de consciente teimosia, são como as outras fechadas, que não conseguem perceber a realidade do mundo exterior.

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Encarna o tipo dos que nada querem saber, a não ser a defesa de seus pontos de vista, mesmo auto-recomendando-lhes o inócuo e o vazio.

Mesmo sendo todo mundo vindo “de lá para cá”, eles, propositadamente, teimam em caminhar “daqui para lá” – isto é, contra todos.

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Eu continuo sempre “de lá para cá”, ao lado da maioria absoluta.

E sempre consigo chegar ao meu destino.

Isso é importante.

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A meu modo e dentro de minhas pequeninas possibilidades, trabalho por Marília.

Se eu, mariliense adotivo, trabalho pela cidade, como aceitar ou conceber, que outros, marilienses também, autênticos ou genuínos, continuem caturrando em obstruir muito do que está feito e dificultar o que se pretende fazer de bem e de bom?

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Estive matutando:

Qualquer dia, vou pedir permissão ao meu Anjo da Guarda e dar uma folga ao meu Santo protetor, para dizer algo, do muito que penso e sei dessa turminha, que continua teimando em ir só “daqui para lá”.

Para que o Anjo e o Santo, não fiquem enrubescido e nem pejados...

Extraído do Correio de Marília de 7 de setembro de 1973

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