Comércio Noturno (I) (4 de setembro de 1973)
Filho de Imigrante europeu
pobre, fui obrigado a aprender a trabalhar desde tenra infância. A inevitável
circunstancia, da necessidade de subsistência, acabou, sem que eu percebesse,
tornando-me um eclético em labor.
Tanto isso é verdade, que
acabei praticando e parcialmente dominando, mais de trinta atividades de
trabalho!
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Garoto, trabalhei em
farmácia, cujo estabelecimento abria suas portas por volta das seis da manhã e
só encerrava suas atividades, geralmente depois das 10 da noite, quando ninguém
mais havia para atender.
Isso, de segunda a domingo,
de primeiro de janeiro a 31 de dezembro, inclusive na sexta feira santa.
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Como aprendiz de alfaiate,
trabalhava de cedo à noite, inclusive aos sábados e domingos.
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Numa venda de beira de
estrada, na zona rural, passei alguns anos. No balcão, na lavoura, como peão
boiadeiro, como açougueiro, etc. Tudo ao mesmo tempo.
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Posteriormente, já adulto,
fui garção, quarteiro e porteiro de hotel, empregado de bar e escriturário
estudando à noite. Trabalhava numa casa comercial, das 7 às 18 horas,
frequentava a Escola de Comercio das 19 às 22 ou 23,30 horas e depois disso “quebrava
o galho” como garção até uma hora da matina.
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Ultimamente e durante 20 anos
consecutivos trabalhei em média diariamente, 14, 16 e até 18 horas ou mais,
exercendo até oito atividades inclusive cargos não remunerados, como
presidente, secretário e membro de entidades de classe ou associativas e também
como comissário de menores.
Durante quase 20 anos,
frequentei sem faltas as sessões ordinárias, solenes e extraordinárias da
Câmara Municipal, como repórter parlamentar do “Correio” e como correspondente
das “Emissoras e Diários Associados”.
Eventualmente, como primeiro
secretário, presidi reuniões da Associação Comercial de Marília, chegando a
“descascar muitos abacaxis”.
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Como pessoa relativamente
viajada, vi em cidades adiantadas dos Estados Unidos, como San Diego, San
Francisco e Los Angeles, um comercio vibrante, funcionando duas vezes por
semana durante à noite.
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Retrospectando a memória,
considero funcionamento noturno do comercio, o tempo em que fui auxiliar de
farmácia e empregado de alfaiataria, quando os estabelecimentos trabalhavam com
as portas abertas, até dez ou mais horas da noite.
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Em São Paulo, existem
supermercados que trabalham a noite toda. Mais precisamente, vinte e quatro
horas por dia!
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Em Paris, o comercio funciona
noturnamente. O mesmo em Viena. Em Londres.
Em Las Vegas (Estados
Unidos), Acapulco (Mexico), Capri (Itália) e Monaco (França), como centros
turísticos internacionais, o comércio noturno vai até às 23 horas.
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Em nossa cidade, pretendeu-se
como experiência, permitir o funcionamento do comércio noturno um dia por
semana.
Um dia apenas.
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Fico matutando:
Câmara, Viaduto, Cemitério,
Comercio noturno...
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Voltarei ao assunto.
Ora se voltarei...
Extraído do Correio de Marília de 4 de setembro de
1973
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