Comércio Noturno (II) (5 de setembro de 1973)
Conta-nos a própria história,
que o imenso rosário de invenções que conhecemos e desfrutamos, foi em grande
parte, resultado da casualidade, do inesperado, ou mesmo do imprevisto.
O inventor da locomotiva, por
exemplo, cogitava e idealizava outro engenho e jamais pensava que estaria
descobrindo uma máquina à vapor, que deslizaria sobre trilhos de aço e que
tantos benefícios iria prestar à humanidade.
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Mas, a maioria das invenções
que hoje são realidade, geraram-se de experiências, de testes, de pesquisas, de
repetições e aperfeiçoamento de trabalho.
O aperfeiçoamento, a adoção
de uma medida ou providência, são quase sempre, frutos de uma experiência
inicial.
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Quando um caráter
experimental vem a provar que resultados positivos não deu, no mínimo serviu
para descortinar outros horizontes, com um desvio obrigatório da rota
inicialmente colimada. E com a certeza de que o fator experimentado não dando
os resultados almejados, serviu para forçar a busca de um aperfeiçoamento
melhor, por um caminho diferente, ou por uma técnica outra.
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Recentemente, a Prefeitura
pretendeu, em caráter experimental, permitir o funcionamento noturno do
comércio, um dia por semana.
O noticiário encontrou, como
não poderia deixar de ser, dualidade de opiniões. Foram opiniões “concentradas”
e que tombaram para um terreno personalistico de bilaterismo. De um lado, o
ponto de vista da Prefeitura. De outro, o entender da Câmara, por parte de
alguns vereadores.
Como bem disse o vereador
Nasib Cury na ocasião, dois órgãos que pretendiam emitir um parecer judicioso
sobre o assunto, estes não foram consultados: a Associação Comercial de Marília,
porta-voz dos comerciantes. E o Sindicato dos Empregados no Comercio, advogado
dos comerciantes.
Restaria outra força
interessada diretamente, que ninguém ouviu: o povo.
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Como experiência, a Câmara
deveria ter consentido que procedesse emenda na peça original, discriminando
essa condição.
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Não foram muito convincentes
os argumentos da Câmara, em potencial ardorosamente emitidos pelo edil Alcalde
Fernandes.
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A tese generalizada de que
tal funcionamento (um dia por semana) prejudicaria os comerciários que estudam
à noite, parece não ter uma validade muito consistente. No Zillo, Matarazzo,
Papelamar, Antartica, Ailiram e outras empresas, que operam vinte e quatro
horas por dia, existem empregados que estudam à noite e que, como tal, não são
escalados para o serviço noturno.
Na própria Câmara há
professores e acadêmicos de curso noturno.
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Na defesa de seu ponto de
vista, meu amigo Quico fez duas afirmativas que não poderiam ter sido feitas
por um advogado:
Primeira: que os comerciários
que fossem convocados para trabalhar à noite e não atendessem o chamamento,
seriam visados e despedidos. Foi um voto de desconfiança aos comerciantes.
Segundo: que alguns
comerciantes não iriam bem remunerar as horas extras devidas. Foi outro.
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O Código Comercial e a
Consolidação das Leis Trabalhistas, cuidam
minuciosa e meticulosamente da questão, discriminado direitos, deveres,
vantagens e obrigações de ambas as partes.
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Vejo-me na condição de
“plagiar” os “Flashes da Semana” do último domingo.
A própria Câmara deveria
funcionar durante o dia e não a noite. Lá há vereadores que são professores,
que são estudantes... e vereadores que precisariam ir à escola.
Extraído do Correio de
Marília de 5 de setembro de 1973
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