Lixeiros e candidatos (19 de setembro de 1973)

 
Como em todas as cidades do mundo, existe entre nós, uma classe de trabalhadores, das mais humildes e ignorada.

Todavia, representa a mesma, um rosário de gente útil à cidade e a todos nós. Na maioria, são homens sem muita instrução, mas que levam a sério o seu trabalho honrado, sem esperar de quem-quer-que seja o mínimo reconhecimento, tão somente pelos seus modestos salários de trabalho.

Essa classe é a dos lixeiros municipais.

São esses homens que são vistos diariamente e mesmo à noite em alguns casos, varrendo as sujeiras das ruas, recolhendo recipientes de lixo defronte às residências, proporcionando com isso, bem estar à própria população.

Hoje, 19 de setembro, transcorre o Dia do Lixeiro.

Cumprimente você, respeitosamente, o lixeiro simples de sua rua.

Graças ao seu trabalho humilde, a cidade conserva-se limpa, o que é motivo forte, para a alegria de nossa gente e dos forasteiros.

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Não é necessário ser profeta ou “bidú”, para saber que, pelo jeito como estão sendo concatenadas ou pretensionadas as coisas, Marília irá ficar, mais uma vez, sem representante na Assembléia Legislativa.

Anotem isso:

Se não cerrarmos fileiras em torno de um só candidato ao Palácio 9 de Julho, iremos outra vez, sentir o amargor da orfandade na Assembléia Legislativa.

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Candidatos alienígenas, aqui aportarão sorridentes e lampeiros, levando preciosos votos dos marilienses, como sempre tem ocorrido.

E, para tal, contarão com a “colaboração” de gentes da cidade.

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Já há candidatos à reeleição, que desbriadamente, principiaram a realizar seus “trabalhos de sapa” na cidade. Alguns, já com garantia antecipada de um regular coeficiente de votos.

As redações de jornais e emissoras de rádio, começam a receber matéria publicitária desses autênticos “caras-de-pau”.

E o pior, é que alguns elementos dão guarida ao citado despudor político, fazendo o jogo desses alienígenas.

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Pretensão ou vaidade individual de alguns, vai dar continuidade ao desabonador estado de coisas em que politicamente vivemos, no que respeito diz, à nossa permanente orfandade no Ibirapuera.

Se concorrermos com diversos candidatos, não iremos eleger nenhum.

Mas, a dispersão de votos, irá beneficiar candidatos estranhos, que nunca moveram uma palha por Marília.

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O último pleito foi um exemplo que não deve ser esquecido.

Como se isso não bastara, é só dar um pulinho ao Cartório Eleitoral e verificar, pelos resultados oficiais, quantos milhares de votos os marilienses deram para gentes de fora.

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É tempo ainda, de acordar.

É tempo de pensar em termos de Marília e não de individualismo ou simpatias por gente de fora. E muito menos, por não desejar votar em determinados candidatos locais.

É bom pensar que será melhor o Dito e o Bastião, desde que legitimamente nosso, do que no “doutor promessa” de outra cidade.

Vamos pôr a cabeça no lugar, pensando em Marília.

Se a repetição dos fatos for novamente palpável, eu irei ser um dos que não terão culpa, porque não votarei, como nunca fiz, em candidatos forasteiros.

Extraído do Correio de Marília de 19 de setembro de 1973

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