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Mostrando postagens de outubro, 2012

Daqui e de lá (31 de outubro de 1973)

Existem por ai. Vadios, cheirando a suor e exalando o hálito azedo de cachaça, assediando todo mundo, pedindo esmolas. Não são mendigos, embora assim tenham sido “carinhosamente” chamados. Costumam utilizar, com muita frequência, na base de “apelação”, a seguinte frase: - É melhor pedir do que roubar. Analizando-se a profundidade da afirmativa, é convir-se, à grosso modo interpretado, que de fato, é melhor pedir do que roubar. Todavia, os meios nunca justificam os fins. --:-- Eles estão pedindo. Ludibriando a fé pública. Enganando as gentes, aborrecendo a família e a sociedade. Escudados pelos mendigos realmente necessitados e que não tem condições de trabalhar, esses outros, os vadios e pinguços que muitos já chamaram, inclusive na Câmara, de “mendigos”, tem até defensores. Mais do que isso, originaram até uma crise política na cidade, que envolveu Prefeitura e Polícia. --:-- Existe outro tipo de pedintes. Estes, nunca a Câmara irá d

Repete-se a história (30 de outubro de 1973)

Volta, pelo que se percebe, a repetir-se a historia. Batida, banalíssima, tradicional, carcomida, encaniçada. Aproximamo-nos do pleito eleitoral, que deverá eleger os deputados dos Estados e da União. E, como nada há de novo sob o sol, prevê-se como irremediavelmente certo, de que Marília, mais uma vez não irá eleger um deputado próprio. --:-- Os balões de ensaio, prenunciando a viabilidade de três ou quatro candidatos locais disputando o páreo, antecipam a garantia do pleno fracasso eleitoral dos mesmos, representando paralelamente, o fortalecimento de candidatos alienígenas. --:-- A esse respeito, já temos marilienses “lacrados” como “cabos eleitorais” de gente de fora: um ex-prefeito, um atual vereador e um funcionário estadual aposentado, já estão “trabalhando” para aventureiros de outras plagas, gente que nunca moveu uma palha siquer por Marília, mas que daqui, mercê dos trabalhos desses três “bons” marilienses, sempre levam votos preciosos para seus nú

Carta sem sê-lo (27 de outubro de 1973)

Marília, 27 de outubro de 1973. Ilustríssimos Senhores: Luiz Rossi Lourenço de Almeida Senne Romildo Raineri Ruy Avallone Garrido Abdo Haddad Filho Nadyr de Campos Pedro Ortiz da Silva Luiz Homero Zaninoto Hideharu Okagawa Antonio Alcalde Fernandes Nasib Cury Octavio Torrecilla Oswaldo Doretto Campanari Wilson de Almeida e Josué Francisco Camarinha Prezados Senhores, Permitam-me Vv.Ss., a feitura da presente, que colima enfeixar o intento, de oferecer uma despretensiosa colaboração informativa. Absorvidos, naturalmente, com os afazeres particulares e pessoais das contendas cotidianas, que os sobrecarregam com o peso do “múnus público” da vereança municipal, é possível e de certa forma plausivelmente lógico, que Vv.Ss. desconheçam, de forma objetiva e franca, o que pensa uma grande parcela de nossa coletividade. Como jornalista profissional, veterano, ativo e legalmente habilitado e registrado, sou uma célula de uma coletividade.

Bate papo sem crediário (26 de outubro de 1973)

Aconteceu noite destas. Passei, como eventualmente faço, no Bar do Quito. Quito é meu conhecido de há mais de 25 anos desde o tempo em que eu ainda tinha condições físicas de lidar com uma bola e quando ele despontava como um dos bons árbitros da Liga Municipal de Futebol. --:-- Havia uma mesa de amigos. Composta por Michel Sudaya, Nicolau Nasraui, Abilio Cabrini, Dr. Antônio Alcalde Fernandes e vereador Nasib Cury, que em noite de autentica “zebra”, saboreava um sorvete. A distancia, a presença do ex-goleiro do sãobentinho, Aurélio Grassi. Convidado, aproximei-me da “assembleia”. --:-- Tenho percebido que, de uns tempos para cá, Michel está se revelando um atinado observador político. Ou por conveniência com o Quico (Quico, não, Quito), ou por influencia do Nasib, Michel está transformando-se num “peixe ensaboado”. Disso eu convenci-me, ao saber que tempos antes, no mesmo local, Michel havia ministrado uma fortíssima “sabatina política”, ao ex-prefeito Arma

Porque se não instala a 3ª Vara (25 de outubro de 1973)

Existem dois tipos de inveja: A inveja de respeito puro e admiratório pelo desenvolvimento, capacidade e valor alheio, em comparação com o nosso próprio. E a inveja propriamente dita, a inveja abjeta, de caráter pejorativo e simplista. --:-- Sempre invejei Bauru, sob o prisma da inveja sadia e respeitosa, sem razões simplistas ou pejorativas. Sempre admirei o seu progresso irrefreável, notadamente durante a última gestão de sua administração municipal, quando Alcides Franciscato regia os destinos da “cidade sem limites”. --:-- No mesmo lapso-tempo, enquanto Bauru progrediu 10 em 4 anos, nossa querida Marília estacionou, submersa numa modorra lastimável, que os pseudos “bons” marilienses teimam em negar ou em ignorar. --:-- Bauru consegue tudo o que necessita e aspira, junto às esferas administrativas da União e do Estado. Marília nada consegue. Não há nada de previlégio nisso, em pról de Bauru. E nem de preterição, contra Marília. O que exist

Prédio do Palácio da Justiça (24 de outubro de 1973)

Dia outro, via esta mesma coluna, sugeri a viabilidade de procedimento de estudos, com vistas a optar-se ou não, acêrca de um local, que reputo como estrategicamente capaz, de servir para a construção do novo Palácio da Justiça de Marília. --:-- Como se sabe a edificação de novo prédio, amplo, moderno e funcional, representa necessidade inadiável, uma exigência decorrente do progresso da comarca, no setor forense. O atual prédio da rua Bahia, tornou-se acanhado e obsoleto, não comportando como devia, o acomodamento dos órgãos competentes das Varas existentes, cartórios e dependências outras. --:-- O terreno inicialmente colimado pela municipalidade, para o destino em tela, não teria satisfeito as condições todas para ali constituir-se o Palácio da Justiça. Parece que a situação ficou em “banho maria”, representando essa hipótese, uma série de dificuldades para os serviços forenses, pois que, o protelamento ou a morosidade na adoção dessa necessária medida, virá

No passado era assim (20 de outubro de 1973)

Este escrito é feito sob encomenda. Um construtor mariliense, confesso fã aqui do escriba, palestrando outro dia, fêz-me o pedido. Disse-me ele, que deve ter uns trinta anos de idade mais ou menos, que nada sabe da II Grande Guerra Mundial e que as gerações mais novas, ignoram quase que totalmente, a participação do Brasil nesse conflito. --:-- Embora reservista de primeira categoria, tendo servido em corpo de tropa do Estado de Mato Grosso, ignorava-se os pracinhas foram todos convocados para a guerra, se eram da ativa ou se foram voluntários. E pediu-me para que escrevesse, contando de qual maneira os soldados brasileiros foram incorporados à FEB. “Para que outros saibam, porque muitos não sabem” – arrematou. Vou atendê-lo. --:-- Na época em que o Presidente Getúlio Vargas e o Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, decretaram a mobilização geral, a prestação do serviço militar era regida por processos diferentes do que agora se verifica.

Conceitos sobre a Câmara (19 de outubro de 1973)

Dia outro, determinado comerciante local, palestrando comigo, comentou a série de escritos, sobre o chamado “caso dos mendigos”. Afirmou ter acompanhado toda a campanha do jornal e particularmente deste escriba, confessando-se de acordo com meus pensamentos exteriorizados. --:-- Foi mais além, dizendo, na presença de outras pessoas: - Você está certo. Isso mesmo. “Meta a lenha” nessa cambada de vereadores. --:-- Observei-lhe, então: Não estou “metendo o pau” nos vereadores e nunca considerei nenhum deles, como integrante de “cambada”. Lembrei-lhe, que tenho criticado e criticarei, ações conjuntas ou isoladas, abordando como móvel o vereador em atividade e nunca a pessoa física do cidadão. Disse-lhe reconhecer boas intenções por parte de muitos dos edis e asseverei que bem reconheço os sacrifícios do cargo, que é um “monus público”. Mas que não deixaria de censurar, ações que, por seus objetivos, natureza, política, efeitos ou consequências, v

A propósito de uma data (18 de outubro de 1973)

Faz muito tempo. A escola rural, só ensinava até o terceiro ano do grupo, numa só classe e com a mesma mestra. Eu havia concluído esse terceiro ano, em apenas dois, porque a professora, dona Zaira, promovera-me no meio do ano letivo, do primeiro para o segundo, pela razão de que eu sabia fazer contas de dividir, com mais de dois números na chave. --:-- Para cursar o quarto ano e “tirar diploma” era preciso estudar no grupo escolar da cidade. O quarto ano funcionava das 8 ao meio dia e como o sitio onde eu residia distava oito quilômetros da cidade, precisava levantar-me às quatro, saindo ainda escuro, à pé. --:-- Meu pai decidiu e acertou, com dona Guiomar, a farmacêutica da cidade, para que eu ficasse na casa dela, enquanto estudava, trabalhando na farmácia. O marido da dona Guiomar era médico, com consultório anexo a farmácia. A mulher “faturava” mais do que o marido, pois (ele) consultava sem cobrar e o lucro era representado pelos medicamentos vendi

Tem dessas coisas (17 de outubro de 1973)

Ali na visinha cidade de Assis, o indivíduo Carlos Vieira, munido de uma garrucha velha, deu dois tiros de “rabo-de-égua” em Nair Calixto, sua amásia. Segundo consta, o Carlos vive em São Paulo, onde trabalha e de vez enquando dá uma esticadinha em Assis para encontrar-se com Nair. Em sua recente visita à casa da amante, Nair teria reclamado e queixado-se de que vivia passando fome e por essa razão, o Carlos deu “um tirico” na mulher. Será que o Carlos pensou que a bala de garrucha mata a fome? --:-- Está dando “coruquerê” seguidamente, nos semáforos da cidade. Sempre há um ou outro com defeitos ou avarias. E assim ficam dias seguidos, ocasionando confusões no trânsito e perspectando acidentes. Antes não era assim. Quando um sinaleiro apresentava defeito, sempre surgia o Graciano para “quebrar o galho”. Agora a situação está ficando como está, para ver como fica. --:-- Televisão em Marília, já disse várias vêzes, é como dinheiro em bolso de póbre

Política golgotista (16 de outubro de 1973)

Apesar de já residido em São Paulo, a despeito de orgulhar-me da Capital do meu Estado, não consigo tolerar longa permanência na paulicéia. Quiçá seja em razão do ambiente de vivença, ou talvez póssa ser em circunstância da diversificação do “modus operandi” entre a vida pacata do interior e a agitadíssima vida do grande centro, o certo é que não aprendi a apreciar o corre-corre da vida paulistana. --:-- O preço do progresso de São Paulo, tornou a cidade desumana demais, uma usina geradora de tensões nervosas e desassossego. É um corre-corre tremendo. Ninguém conhece ninguém. Tudo na base da gozação e da xingação. O Paulistano pobre e assalariado, que por razões óbvias é obrigado a residir em bairros distantes do centro, fica compulsado a levar uma vida escrava, sendo obrigado a levantar-se alta madrugada para atingir o local de serviço no centro, regressando tarde da noite para o jantar e o necessário repouso. E pensar-se, que o mariliense reside, por exemp

Preço da popularidade (13 de outubro de 1973)

Toda a pessoa que escreve para jornal, ou que milita em rádio, fica naturalmente conhecida de uma população. Especialmente, se as atividades foram constantes e as funções tiverem relacionamento direto com os acontecimentos normais da cidade. É o meu caso. --:-- Há gente que não me conhece pessoalmente, mas sabe muito bem meu nome e sabe que o Zé Arnaldo é jornalista e foi por muitos anos radialista. --:-- Daí, a popularidade. Essa popularidade, por vêzes acarreta encargos e onerações. --:-- Certa ocasião, um policial admoestou um cidadão, por uma qualquer irregularidade de trânsito. O motorista “subiu a serra” com o polícia, por sinal recruta e novo na cidade. Ameaçou o militar, dizendo que era eu, muito relacionado com o delegado e com o Ten. Cel. Irahy e com forças suficientes para transferi-lo de Marília. O policial contou a caso a outro, graduado e mais antigo e os dois vieram falar comigo. Foi quando o soldado que havia levado a indevida

To be or not To be (12 de outubro de 1973)

Eis a questão. Ou elegeremos um deputado de Marília, por Marília e para Marília, ou não elegeremos nenhum, mas contribuiremos para a eleição de “piranhas”. E tudo ficará como estava. E Marília continuará órfã na Assembleia Legislativa. Órfã e desamparada, como até aqui está e permanece. Numa comprovada prova de desamor à terra. “Alea jacta este” – a sorte está lançada. --:-- Caso as forças políticas e os candidatos locais, decidam que Marília concorrerá com mais de um candidato, desprezando a fórmula de candidato único, dificilmente conseguirá eleger seu lidimo representante. Não vai ser fácil, centralizar 25.000 votos para um só dos nomes, entre o mais de um prognosticamente cogitados. --:-- Esse problema é nosso, mariliense. Ele não atinge os “piranhas”, os candidatos alienígenas, porque estes, por mais bobos que sejam, jamais esperariam contar, todos eles e cada um de per si, com tal cifra de votos. Eles, os forasteiros, pretendem

Uma rua para um pracinha (11 de outubro de 1973)

Por força de dispositivo legal, não mais à Câmara e sim à Prefeitura, cabe a prerrogativa, de nominar as ruas da cidade, ou de propor a substituição, troca ou retificações de denominações de praças ou vias públicas. --:-- Os pracinhas de Marília, sempre foram olvidados e raramente lembrados os seus feitos heroicos, comprovados de armas em punho, no s campos de batalha da Europa. --:-- Todas as cidades, tem alguma rua ou alguma praça, cultuando os feitos e a lembrança dos ex-combatentes da Fôrça Expedicionária Brasileira. --:-- Em Marília, existe um monumento aos ex-combatentes, na Praça Saturnino de Brito. O mesmo foi erigido, em virtude de uma campanha pública, encetada e levada a efeito por este mesmo jornal e por iniciativa do então redator-secretário do “Correio”, o saudoso jornalista Luiz Franceschini. --:-- A inspiração de Luiz Franceschini, motivou-se dos contatos que tinha comigo na redação do jornal e da estima pessoal que por mim nutria, qu

Carta ao Policarpo (10 de outubro de 1973)

Marília, 10 de outubro de 1973. Caro Compadre Zé da Rua: Faço votos para que, estas mal traçadas linhas vão encontra-lo no gozo da mais perfeita saúde e felicidade, em companhia da comadre Maria Sofredora e seus onze pimpolhos. Por aqui, eu mais a comadre Maria da Fome e as crianças, vamos levando a vida como Deus é louvado. --:-- A gente lutando com a vida, trabalhando de sol a sol, no duro. A noite ganho mais uma quirerinhas, trançando laços e nos dias-santos e domingos, sempre pego um servicinho de poceiro, para ganhar alguma coisa mais. Mas não é preciso tanto assim, porque a vida está muito boa e só sobe um tiquinho de 1,2%, conforme li no Almanaque da Farmácia. --:-- Tem vizinha reclamando, que o preço da carne está muito caro, mas nós aqui  em casa nunca preocupamos com isso, porque, na verdade, a última vez que comemos um pouquinho de carne, foi quando o coronel deu aquele churrasco, para receber aquele homem da cidade, que diz que vai ser candid

Um jornal que precisa ser (9 de outubro de 1973)

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José Arnaldo e o bilhete escrito para o "mano Alcindo" em 23 / 3 / 1945 Já exteriorizei aqui, analogicamente, idêntico pensamento. A repartição, além de não apresentar nenhuma contra-indicação, vem alinhavar justificada necessidade. --:-- Preciso inventar um novo tipo de jornal. Uma coisa inexistente, “sui generis”. Um jornal diferente. Bem diferente. --:-- Um jornal impresso em delicadas tonalidades de matrizes. Todo perfumado, apresentando em envólucro de finíssimo plástico, delicadamente amarrado por fitinhas brilhantes das cores rosa e azul. Um mimo, uma jóia. --:-- Deferirá dos jornais comuns, esses jornais que não tem medo de noticiar os fatos e que dissecam a verdade, dando nome aos bois. Vai ser diverso dos jornais comuns, essas folhas que apontam erros e indicam soluções, que esclarecem, que noticiam, que informam, que louvam e criticam, quando o fator necessidade diz presente. --:-- O jornal que vou inventar, vai s

Convem saber... (6 de outubro de 1973)

O burro é um cavalo que nunca foi na escola. A zebra é um burro de pijama. Mas também aparece na Loteria Esportiva. O vagalume é um inseto que possui luz própria. O caititu é um porco muito inteligente, pois se assim não fôra, viraria com frequência, costeletas, pernil e torresmo. --:-- Cobra não pode andar de muletas. Lagarto não sabe tocar sanfona. Boi, depois de morto, quando está no açougue, vira vaca. Corimba não aprende soprar trombone. Pedinte, nem sempre é mendigo, mas as vezes pode ser, embora não seja comum. Não se pode ensinar o Pai Nosso ao vigário. O Corinthians ainda poderá vir a ser campeão. --:-- O urubu é o agente funerário dos animais. Ter gente, cuja vida é um livro aberto. Mas um livro pornográfico. Na Academia de Letras, não existem letras protestadas. Tarzan costuma pegar o cipó das seis, porque o cipó das séte vem “assim” de macacos. Chato mesmo, é um cara que senta numa lâmina de barbear, no