As berebas marilienses (3 de outubro de 1973)



Marília apresenta, por mais que tente disfarçar, muitas berebas purulentas, mal cheirosas e malignas, a dificultar e até a impedir, seu progresso normal e natural.

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Uma delas, asquerosa e nauseabunda, as famigeradas cancelas da Fepasa. Inconcebíveis, do ponto de vista de apreciação do progresso da urbe. Responsáveis por um rosário de “louvores” pejorativos, que o consenso geral recomenda, mesmo sem o alardeio público. “Encômios” diretos à Câmara que votou contra a construção de viaduto, em operação frontal contra uma colaboração designada pelo Governo do Estado.

Se Jó vivera e aqui residisse, iria entregar um princípio bíblico: perderia a tramontana e a estribeira, divorciar-se-ia de sua santa paciência, para proferir “cobras e lagartos” contra as porteiras da Fepasa.

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Bereba outra, a televisão “recebida” em Marília.

Um moto-contínuo de enervamento das gentes. De xingos, até. Uma fábrica de ira. Um poço de decepção.

E o povo, pagando. Compulsoriamente.

E continuando mal servido.

Esclarecimentos, divulgação de perspectivas à guisa de promessas, até aqui nada tem resolvido, porque a televisão de Marília, continua a ser uma bereba.

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Falsos necessitados, que não passam de vadios, atrevidos e excelentes consumidores de cachaça, mas que alguns vereadores chamam condoidamente de “mendigos”, continuam intranquilizando a família e a sociedade mariliense.

Outra bereba.

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Edifícios sendo demolidos, no centro da cidade, para dar lugar a estacionamentos de aluguel.

Como o analgésico, uma faca de dois gumes.

Necessários por um lado, para desafogamento do vultuoso trânsito, prejudiciais por outro, entravando o erguimento de novas construções centrais.

Bereba, também.

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O fedor insuportável no acanhado e infuncional trevo do Hospital das Clínicas, provocando o tapamento de narinas e causando ânsias de vômitos, também outra bereba.

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A discrepância, a discordância, a oscilação das cotações dos gêneros de utilidade urgente e necessidade primeira, em Marília, nas feiras, nos supermercados, no mercado, nos empórios e nos armazéns, mais uma bereba.

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Vereadores da Câmara Municipal, de uma cidade como Marília, um centro extraordinário de educação, com sete Faculdades em funcionamento, pronunciando “mêndigos” e “mendingos”, ao envés de “mendigos”, bereba igualmente.

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Muita gente pretendendo eleger-se deputado estadual e gente de fora aqui cabalando seus votinhos, esta a bereba de nossa incompetência e falta de habilidade pública.

Mais ainda, falta de amor à terra.

Bereba.

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Tudo subindo de preço.

Menos o nível da vergonha de muita gente.

Também bereba.

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Muitas outras existem.

Urge uma coordenação de todos, para que um conjunto possa empunhar os necessários bisturis, lancetando de uma vez por todas, as berebas purulentas, mal cheirosas e malignas, que dificultam o progresso mariliense.

Extraído do Correio de Marília de 3 de outubro de 1973

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