Bate papo sem crediário (26 de outubro de 1973)



Aconteceu noite destas.

Passei, como eventualmente faço, no Bar do Quito. Quito é meu conhecido de há mais de 25 anos desde o tempo em que eu ainda tinha condições físicas de lidar com uma bola e quando ele despontava como um dos bons árbitros da Liga Municipal de Futebol.

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Havia uma mesa de amigos. Composta por Michel Sudaya, Nicolau Nasraui, Abilio Cabrini, Dr. Antônio Alcalde Fernandes e vereador Nasib Cury, que em noite de autentica “zebra”, saboreava um sorvete. A distancia, a presença do ex-goleiro do sãobentinho, Aurélio Grassi.

Convidado, aproximei-me da “assembleia”.

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Tenho percebido que, de uns tempos para cá, Michel está se revelando um atinado observador político. Ou por conveniência com o Quico (Quico, não, Quito), ou por influencia do Nasib, Michel está transformando-se num “peixe ensaboado”. Disso eu convenci-me, ao saber que tempos antes, no mesmo local, Michel havia ministrado uma fortíssima “sabatina política”, ao ex-prefeito Armando Biava.

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Michel é um “expert” em saber aplicar “infusão de mostarda política” aos outros. E se os “outros” não forem vivos, acabam “vomitando” tudo o que o Michel deseja que seja confessado.

Se o Michel “pegar” um repórter inexperiente, ele acaba invertendo os papeis e “entrevistando” e “arrancando tudo” do outro. Menos comigo.

Tanto isso é verdade, que o Nasib, com toda a sua sagacidade política, vez por outra vai no lance do Michel e “vomita” também.

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Cabrini, Aurélio e Quico, apenas prestavam a atenção na conversa, em que Michel fazia seu jogo contra mim. Nasib incorporou-se no mesmo “tempero” do Michel e quem acabou ouvindo muita coisa, foi o repórter aqui.

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Nasib declarou guerra ao prefeito. Foi ele quem disse, na ocasião. Um direito que lhe é assegurado e que está previsto no artigo 150 da Constituição.

Michel provocou e Nasib continuou.

O “turco” da Comasa continuou instigando e o Nasib continuou a engolir o anzol.

E a conversa partiu para um terreno outro e Michel exímio “gozador”, perguntou-me se o Pedro havia comprado o “Correio de Marília”.

Nasib estava completamente “fisgado”.

E destampou o falatório.

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Afirmou que o jornal devia cinco milhões ao Pedro Sola e que o Pedrão havia “perdoado” a divida. E que, em vista disso, Pedro Sola “dava” mensalmente um milhão e meio ao jornal, para “defende-lo”.

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Disse, em resposta que Pedro Sola não dava dinheiro para ninguém, porque era espanhol. E que nem espanhol e nem turco dá dinheiro para os outros. E perguntei ao Michel, ao Nicolau e ao Nasib, que, sendo “turcos”, se eles algum dia haviam dado dinheiro aos outros.

Aurélio, Quico e Cabrini limitaram-se a sorrir.

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O Anselmo (Scarano, gerente do Correio de Marília) garantiu-me que Pedro Sola nunca deu dinheiro algum para o jornal e que o CORREIO não é jornal que se “vende” – nem mesmo ao prefeito.

A Prefeitura paga ao jornal, apenas e tão somente, o preço de suas publicações oficiais, consequência de contrato firmado, por decorrência de ganho de uma concorrência pública. Da mesma maneira, que correlatamente a Câmara paga pelas suas publicações oficiais, ao nosso confrade “Jornal do Comércio”.

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No que a mim diz respeito, faço questão de afirma-lo em público. Pedro Sola nunca deu-me nada. Nem siquer um palito de fosforo. Nem um refrigerante num dia de meu aniversário e Natal.

A única coisa que o Pedrão “me dá”, quando me vê, e apenas um “bom dia”, ou uma “boa tarde”.

Só isso.

Falei.

Extraído do Correio de Marília de 26 de outubro de 1973

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