Preço da popularidade (13 de outubro de 1973)



Toda a pessoa que escreve para jornal, ou que milita em rádio, fica naturalmente conhecida de uma população.

Especialmente, se as atividades foram constantes e as funções tiverem relacionamento direto com os acontecimentos normais da cidade.

É o meu caso.

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Há gente que não me conhece pessoalmente, mas sabe muito bem meu nome e sabe que o Zé Arnaldo é jornalista e foi por muitos anos radialista.

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Daí, a popularidade.

Essa popularidade, por vêzes acarreta encargos e onerações.

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Certa ocasião, um policial admoestou um cidadão, por uma qualquer irregularidade de trânsito. O motorista “subiu a serra” com o polícia, por sinal recruta e novo na cidade. Ameaçou o militar, dizendo que era eu, muito relacionado com o delegado e com o Ten. Cel. Irahy e com forças suficientes para transferi-lo de Marília.

O policial contou a caso a outro, graduado e mais antigo e os dois vieram falar comigo. Foi quando o soldado que havia levado a indevida “bronca”, admirou-se e afirmou que não havia sido eu, “Zé Arnaldo jornalista” que lhe havia ameaçado.

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Num café da cidade, outro dia, determinado cidadão, que eu conheço apenas de vista, teimou que eu era o Newton Moura e mesmo ante minha negativa, o mesmo se não convenceu, não aceitou, na presença de testemunhas, a minha identidade de José Arnaldo, porque “eu era gozador, mas que ele sabia que eu era o Newton Moura”.

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Outro dia, um cidadão de fóra, indagou-me de determinada rua central. Expliquei-lhe o desejado. Na informação, deve ter ocorrido o gesto normal das mãos, indicando distância, esquerda ou direita. O mesmo deve ter ocorrido com o solicitante, como é natural. Informado, o homem correu para o carro, que havia estacionado em local proibido, afastando-se rapidamente e eu seguindo meu caminho.

Um cidadão presenciou o fato.

E esse mesmo cidadão, “esparramou” na hora, que eu havia “brigado” com um cara que estava num carro com chapa de São Paulo.

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De vez enquando, aparece aqui na redação, um cidadão qualquer, para saber questões relacionadas com os ex-soldados constitucionalistas, por ter sabido que eu “fui” combatentes de 32.

Em 32 eu era criança.

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De uma cidade distante, fui procurado outro dia, por um emissário de um clube, para acertar um triangular de bochas. Haviam informado ao forasteiro, que eu era presidente de um clube de bochas da cidade.

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Já me solicitaram para “quebrar galhos” na Prefeitura, porque foram informados que eu “trabalho” para o prefeito.

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Numa conversa que eu não participei e que me contaram, gerou-se uma teima e um distinto chegava a apostar, que eu já fôra vereador e até presidente da Câmara.

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Numa excursão do MAC, um dos excursionistas apontando para outro uma imensidão de cafezais, identificou a propriedade como a “Fazenda do Zé Arnaldo”.

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Perto de São Paulo, nasceram trigêmeos no mês passado.

Inda bem que eu nunca passei por aquele local.

Extraído do Correio de Marília de 13 de outubro de 1973

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