O arrôto de um ex-foragido (8 de novembro de 1973)



Confesso que não sou lá muito entendido em política internacional. É um mecanismo bastante complexo, que na interpretação dos críticos especializados, pode apresentar sabores diferentes, paladares amargos ou insôssos.

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Com a atual crise beligerante no Oriente Médio, não estou disposto a esquentar a cabeça, porque sei por antecipação, que os judes vencerão a guerra. Se não vencerem, vai ser esta a primeira vez, que o dinheiro perderá uma causa.

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Vou deter-me mais perto daqui. Na Argentina.

O “caudilho” Perón, concedendo recentemente uma entrevista ao jornal italiano “Domenica del Corriere”, não teve o mínimo pejo, em declarar sem temerosidade, seus “ideais” exóticos. A exemplo de Fidel Castro, “desceu a lenha” nos americanos. Anunciou que bandeará a Argentina, para a política de Pequim.

Como raposa política, usou o termo “Pequim” que até o mais inocente observador, percebe que o significado é outro.

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Perón olvidou-se do que recentemente aconteceu ao seu colega Allende. O chileno “abriu as pernas” para a baderna, a desorganização e as greves e o resultado, fatal lhe foi.

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O que me deixou “mordido” nessa entrevista de Perón ao semanário italiano, foi a sua taxativa afirmação de que “o Brasil irá à Argentina de chapéu na mão”.

Bah!

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Perón tentou enganar-se à si próprio, porque o povo argentino não deve pensar assim. O Brasil já está praticamente liderando a América do Sul e em breve, a liderará em total sentido. Liderança sócio-econômica e não liderança de poder e imposição de força, como sonha o atual presidente portenha.

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Perón esteve ausente de sua terra durante 17 anos. Mesmo acompanhando à distância, os acontecimentos argentinos e sulamericanos, não tem o conhecimento próprio da realidade dos fatos.

Dezessete anos esteve exilado. Exilado é o termo que se dá aos políticos, porque na verdade, ele esteve foragido.

Com quase 80 anos de idade, está na segunda infância, oriunda da decreptidade e da senilidade. Em outras palavras, sem responsabilidade dos homens amadurecidos, porque, em verdade, ele já passou a fase do amadurecimento, descambando para aquilo que os fruteiros dizem das laranjas extemporâneas: “passado”.

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Foi muito intempestiva a sua afirmativa. Mais do que isso, a uma ameaça. Uma ameaça à América livre. Uma ameaça de sufocamento ao Brasil.

E ele está completamente enganado “com a cor da chita”.

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Perón deveria pensar na Argentina, em termos de grande nação, de boas relações com os países visinhos, numa operação de atrair simpatias internacionais e acelerar o intercâmbio comercial entre os países, especialmente os da América do Sul.

Mas, não.

Arrotou grandezas e ameaças.

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Seguirá o caminho dos títeres, dos déspotas, dos caudilhos, dos que se julgam semi-deuses.

Alguém precisa dar para Perón ler, a historia dos ditadores, desde Nero, Napoleão, Hitler, Mussolini, até o recente Allende.

Extraído do Correio de Marília de 8 de novembro de 1973

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