Para Carolo ler (24 de novembro de 1973)



Concentração política situacionista tem palco e séde hoje em Marília.

Figuras centrais desse conclave, deverão ser forçosamente, o senador paulista Carlos Alberto Carvalho Pinto, o presidente da ARN estadual, deputado Jacob Pedro Carolo, o deputado federal mariliense Diogo Nomura, o presidente do diretório local Sebastião Monaco e o prefeito Pedro Sola.

Na pauta dos trabalhos dessa concentração política figura um móvel de elevada importância para o porvir da cidade: a indicação do nome ou dos nomes do candidato ou dos candidatos, para concorrer à deputação.

Falando em termos de Marília, nosso interesse maior, situa-se marcante e indelevelmente, em torno da deputação estadual.

É necessário que Carvalho Pinto e Carolo saibam que Marília está saturada com a condição de sua orfandade política no Palácio 9 de Julho.

É preciso, também, que ambos saibam que os marilienses autênticos, aqueles que de fato amam a cidade e se preocupam com seu futuro e sua representação, não estão, em maioria, vendo com bons olhos e nem com toda a simpatia, os nomes que se anunciam em perspectiva.

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Eu falo de cátedra, doutor Carolo.

Tenho comigo, a elevada honra mariliense, de ter sido o primeiro a levantar a bandeira, pró eleição de um deputado mariliense. Isso, no ido ano de 1947. Por intermédio deste Jornal. Antes da Câmara mariliense, formada após o chamado período de redemocratização do país. Antes da coesão e formação na mesma trincheira, das demais forças vivas do município.

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Bato-me seguidamente (toda Marília é prova disso), para que, na oportunidade que hoje se apresenta, indique-se um candidato único de Marília. Igualmente tenho insistido, para que, se concretizada essa hipótese, o eleitorado local, cerre alas em torno desse mesmo nome.

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Não se poderá garantir a eleição de um candidato à deputação estadual, se o mesmo não conseguir um coeficiente mínimo de 25.000 votos.

E, com mais de um nome indicado, considerando-se a evasão de votos, que serão destinados por eleitores marilienses a candidatos alienígenas, jamais Marília elegerá seu representante à Assembléia Legislativa.

Anotem isso, embora eu próprio deseje equivocar-me.

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Não há muito, parte dos membros arenistas locais teriam deixado transparecer, que apoiariam determinado cidadão, mesmo que o diretório regional não homologasse seu nome. Não seria uma rebeldia?

Existe ainda uma incoerência, pois no passado a própria Arena teria negado (legenda) ao mesmo para disputar uma cadeira da vereança local!

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O senador Carvalho Pinto e o deputado Jacob Pedro Carolo irão outorgar uma procuração na noite de hoje. Procuração para um ou mais cidadãos tentarem representar Marília no Palácio 9 de Julho.

A procuração terá, por natureza própria, poderes amplos e ilimitados.

Procuração não se designa e nem se confia a quem não tenha capacidade para sua desincumbencia e que merecedor não seja de toda a confiança.

Será Marília, sua população de 110 mil almas, quem estará passando por substabelecimento de Carvalho Pinto, Carolo, Nomura, Monaco e Sola, essa procuração.

Vai daí, sobre os costados desses substabelecedores recairá uma importância pesada, enorme, responsável.

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Vai ser uma espécie da domação de um burro chucro: Carvalho Pinto, Carolo, Nomura, Mônaco e Sola se incumbirão de selar o animal, colocar o bridão, apertar a barrigueira, firmar o rabicho e o peitoral, taparão os olhos do burro, para Marília montar. Depois largarão por conta da própria sorte o temeroso domador. Ele que se arrume, que se dane, que procure aguentar os corcovos e os saltos, ou mesmo uma possível “boleada”.

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À distancia, Pinheiro, Sólon, Dualibi, Dabus, Agnaldo e outros alienígenas, estarão assistindo a doma. Eles tirarão proveito do próprio burro, sem o risco de quedas e de fraturas.

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Se Marília cair do burro, os culpados só poderão ter os seladores do animal.

Garanto, sob palavra de honra, que nem eu nem o técnico do Corinthians teremos culpa...

Extraído do Correio de Marília de 24 de novembro de 1973

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