Viagem aos Pampas (I) (28 de novembro de 1973)



Já tornou-se-me um hábito.

Todas as vezes, quando realizo alguma peregrinação ou andança, por estes Brasis, ou mesmo pelo exterior, costumo escrever algo a respeito dessas viagens.

Considero isso uma espécie de ausência de egoísmo, tentando “repartir” com os leitores, algo do que me foi dado experimentar ou observar.

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Já relatei, dentre outras, viagens minhas feitas à Bahia, ao Recife, Mato Grosso, Alagoas, Brasília, Argentina, Paraguai, Paraíba, Amazonas, Panamá, México, Estados Unidos, etc.

Também já contei pormenores de uma viagem feita no interior de uma locomotiva da Fepasa, no trajeto de Marília à Panorama, ida e volta.

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Já relatei, em passado, um vôo por mim empreendido à bordo de uma avião militar inglês, da Royal Air Force – RAF, numa missão de bombardeio a depósitos de óleo no Rhur, quando da ocasião da II Grande Guerra Mundial.

Igualmente já contei aos meus leitores, a sensação de viagens de mais de duas semanas num navio, em téco-técos, em aviões de passageiros e em aviões de transporte da Força Aérea Brasileira.

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Sonhava, anteriormente, em fazer uma viagem à bordo de uma locomotiva, que já concretizei.

Também alimentava o sonho de fazer uma viagem longa, na cabine de um caminhão de transporte de cargas.

Esta foi recentemente realizada.

É sobre esta “aventura” que irei contar aos meus leitores, alguns fatos dessa andança.

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Para quem, como eu, nasceu na zona rural, criou-se na lavoura até praticamente a maioridade e chegou a percorrer vários países do mundo e quase todos os Estados do Brasil, o motivo traduz-se num agradável orgulho.

Em nossa terra, já havia percorrido o Paraná, São Paulo, Minas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Ceará, Pará, Amazonas, etc..

Faltava-me conhecer dois Estados sulinos: Sta. Catarina e o Rio Grande do Sul.

E isso vem de ser possível.

E aconteceu, como pretendia, numa viagem de caminhão.

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E a viagem aconteceu. Num pesado caminhão-carreta, de uma conceituada firma mariliense, a “Ferreira da Costa & Cia. Ltda.”.

Um possante “Scania Vabis”, ano 72, tipo “110 Super”, uma garantia total. Mais do que isso, uma dupla garantia: o veiculo propriamente dito e a pericia de seu condutor, o experimentado motorista José Clóvis de Oliveira.

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Foi uma viagem com a tonalidade de aventura, pois experimentei durante uma semana, o “modus vivendi” dos motoristas de caminhões, em longos percursos.

Trata-se de uma classe que muito trabalha e muito sofre, mas que leva a vida sempre com um sorriso nos lábios, “à la esportiva” e embuida de uma responsabilidade muito grande: a própria vida, a vida alheia e um considerável patrimônio dos patrões (o veiculo e as cargas).

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Como combinado fôra antecipadamente, cingi-me ao nivelamento do motorista, passando a viver a vida do mesmo, com a única exceção: não dirigir. Em outras palavras, sendo um companheiro de viagem, um ajudante “ah doc”, comendo quando o mesmo comia e do mesmo que ele comia e dormindo nas mesmas condições em que o mesmo era obrigado a dormir.

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Em futuros artigos desta “Antena”, relatarei para conhecimentos e curiosidade dos leitores, o transcorrer da viagem.

Extraído do Correio de Marília de 28 de novembro de 1973

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