Cada cabeça, uma sentença (19 de dezembro de 1973)



Há tempos, sugeri via este diário, a possibilidade de estudos, com a finalidade de concluir, da viabilidade ou não, de construir-se o novo Edifício do Forum de Marília, em parte da área onde existe hoje, o jardim da Praça Maria Izabel.

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A idéia, segundo me constou dias após, teve boa repercussão e até acatamento, por parte de magistrados, promotores e cartorários marilienses.

O prefeito achou-a ótima.

O mesmo, alguns vereadores.

E muitos advogados.

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Recebi uma carta sobre o assunto.

Carta contendo assinatura, endereço e até  R. G..

Por estar tão amplamente identificada, suspeitei de sua autenticidade e percebi na assinatura, um manuscrito não natural, mas sim compulsado.

O missivista protestou (direito que lhe assiste) contra a idéia.

Mas foi infeliz, pois mostrou-se ignorante quanto ao meu ponto de vista. Ou então, mal intencionado.

Eu não pretendi e num sugeri, a destruição da praça e nem a devastação da área verde.

Cogitei no escrito (direito que também me assiste e que faz parte de meu trabalho profissional), a edificação em parte da praça. Frizei, muito bem, que se não tratava na idéia, de “acabar” com o jardim.

Portanto, sem procedência fica, a carta recebida, porque misturou batatinhas com cebolas.

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A área é grande. No caso, deixará de existir o trecho da rua Sergipe, entre as avenidas Nelson Spielmann e Pedro de Toledo.

A praça, em sua parte maior, continuará e poderá ser inclusive mais modernizada. O prédio, suntuoso, representará uma obra de vulto arquitetônico, ao lado da majestosa Catedral, dando um valor maior, ao local propriamente dito e ao patrimônio residencial particular daquela parte baixa da cidade.

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O jardim, de um quarteirão inteiro, mesmo dispondo de fonte sonora-luminosa, não vem atendendo as suas finalidades.

Todos sabem disso.

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E não será destruido, pois eu não falei em tal e nem tal assunto passou-me pela cabeça, embora tenha habitado o bestunto de alguns precipitados, dentre outros o missivista referido.

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Foi uma sugestão bem intencionada. E bem mariliense. Como dezenas de outras que aquí apresentei, durante 28 anos de lides jornalísticas. Muitas delas, idéias anteriores por mim lançadas, hoje são realidades do progresso mariliense.

Por questão de modéstia, deixo de citar algumas ou muitas.

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Os que se manifestaram contrários, combatendo tão somente, quiçá não tenham ainda, dado seu quinhão de colaboração a Marília.

Tentaram meter os pés pelas mãos, com desejo de aparecer ou confundir. Ouviram cantar a galinha, sem saber onde.

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Sugeri a construção na parte central ou no trecho da rua referida. Não disse da destruição do jardim e sim da ocupação de uma pequena parte, que em nada lhe prejudicaria a beleza e a estética e também não obstruiria e nem impediria suas funções precípuas.

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O jardim de Maria Izabel, não está cumprindo suas finalidades. Ali já se constituiu um local de marginais, desocupados e mulheres de vida irregular.

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Na viabilidade de realização da idéia, o jardim continuará. Sendo mais bonito, mais moderno, ornamentando um prédio que representará orgulho patrimonial e arquitetônico daquela parte da cidade.

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Uma coisa tenho quase certeza:

Os que deram contra, possivelmente não se atrevem a levar as esposas e filhas, para passar horas naquele local.

Por que, então, essa falsa defesa e essa tendênciosa  interpretação, da realidade do que exteriorizei?

Extraído do Correio de Marília de 19 de dezembro de 1973

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