Viagem aos Pampas (IV) (4 de dezembro de 1973)



Eram 16h30 quando atingimos Ponta Grossa, cidade dinâmica, que se denomian “Capital Mundial da Soja”. A firma Sambra possui ali, a maior indústria de soja do Brasil e do mundo todo. Uma gigantesca área construida, onde trabalham milhares de operários e que se constitui no ponto alto do parque industrial pontagrossense.

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Quem viaja para o sul, via litoral, conforme fôra o nosso caso, tem forçosamente que passar por Vila Velha.

Vila Velha, hoje ponto turístico internacional, representa um indesvendável carpicho da própria natureza. Alí, há milênios de anos, a natureza forjou, em pedras sem-duras, artísticas e exóticas figuras, representando castelos à distância, um gigantesco obelisco em forma de um cálice e “edificações” outras, esquisitas, impressionantes. Hoje Vila Velha é atração turística da parte sul do Estado do Paraná.

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Antes de atingir-se o Estado de Santa Catarina, desce-se a conhecida “serra de Curitiba”, cujo topo fica numa altitude de 1.165 metros acima do nível do mar. Uma serra perigosíssima, que exige atenção e cuidado dos motoristas em trânsito, especialmente os que dirigem pesados caminhões de carga.

Numa das curvas, apresenta uma espécie de nosso conhecido “abismo da morte”, local que tem ceifado muitas vidas de motoristas e passageiros desconhecedores do trajeto. Algumas vezes, quando o motorista percebe a curva fechada, não dá tempo para sentir o perigo e o veículo despenca no desfiladeiro.

No momento em que passávamos por ali, havia ocorrido um acidente desse tipo, quando um carro precipitou-se no grande buracão, que deve ter mais de trezentos metros de profundidade.

A medida que se vai avançando para o Sul, depois de descida a Serra de Curitiba, nota-se o terreno mais plano.

As paisagens passam a apresentar formas diversas. As construções oferecem o ar da influência e do gosto europeu, diferentes da arquitetura destas bandas.

O transporte da zona rural, para cereais e ferramentas e meso para a condução de lavradores e familiares, é feito através de “troles”, de tamanho pequeno, sobre quatro rodas, puxados por cavalos ou bois, na maioria por bois. Alguns desses “troles”, são dotados de cobertura de lona, com o teto arredondado, lembrando bem, miniaturas das “diligências”, que tão bem nos conta o cinema americano, nos filmes de faroestes.

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Em Guaruva, já no Estado de Santa Catarina, fizemos parada para o jantar. Naquele trecho, especialmente nos restaurantes de beira de estrada, difícil é o serviço à la carte. Ou se come pelo sistema de rodízio, ou se pede uma refeição completa, uma espécie de “comercial” de nossos hábitos. Apenas  que, optando por um ou outro tipo de alimentação, come-se bem melhor e muito mais barato do que por aqui. Oscilando entre doze e quinze cruzeiros, a gente alimenta-se de certa forma, que aqui acabaria custando mais de vinte.

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Após a janta, o motorista achou por bem “rodar” mais um pouco, ganhando mais distância, antes do pernoite.

Isto foi feito e por volta das 22 horas, paramos na localidade de Piraberaba, em Santa Catarina, par o repouso.

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Na manhã seguinte, alcei-me cedo, mal o dia clareava.

Curioso, comecei a observar os caminhões de transporte, que no local haviam pernoitado. Todas as placas eram de cidade de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, só a de “nosso” caminhão do Estado de São Paulo (Marília).

Detive-me a ler os nomes das cidades nas placas dos veículos e as legendas dos para-choques dos mesmos. Muitas curiosidades, alí continham-se, na filosofia dos motoristas.

(continua)

Extraído do Correio de Marília de 4 de dezembro de 1973

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