Viagem aos Pampas (VI) (6 de dezembro de 1973)



Em Santa Catarina, existe uma cidade, que tem também o nome de Araçatuba.

Laguna, histórica cidade catarinense, mantém uma tradição centenária. Suas ruas e prédios citadinos, apresentam um aspecto semelhante à diversas cidades paulistas, localizadas na Central do Brasil, como Capapava, Mogi das Cruzes, etc..

A pesca marítima ocupa lugar de destaque em Laguna, estando em construção, inclusive, um Porto Pesqueiro de âmbito federal.

À margem da rodovia BR-101, crianças, homens e mulheres, apregoam a venda de camarões, ostras, siris, lagostas e mariscos.

A cidade é retirada da margem da rodovia alguns quilometros. O acesso à Laguna é feito através de um distrito lagunense (mais ou menos como Nóbrega), que tem o curioso nome de “Cabeçuda”.

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No sul de Santa Catarina, já próximo ao Rio Grande, existe um município com o nome de Sombrio.

O atrativo mais importante de Sombrio, são as Furnas.

Essas furnas merecem a atenção e a curiosidade. Ali está o mistério da natureza. Em milenares rochas, as ondas do mar abriram uma gigantesca cratera. Muitos milênios de anos devem ter transcorrido, para o corroição das rochas pelas águas marítimas. Um bar e restaurante foi erguido junto as pedras, existindo rochas naturais em seu interior, provando um gosto e capricho inusitado e um arrojo da própria engenharia nacional.

As furnas apresentam uma temperatura fria e ali se comercia uma pomada que dizem ser natural, formada como uma espécie de limbo como de asfalto, na umidez das rochas internas e escuras. Dizem que a pomada é excelente para a pele, feridas, reumatismo, artritismo, etc. Sua composição, segundo a bula e os panfletos de propaganda, apresenta resíduos de algas marinhas, peixes, vegetais, cálcio, salitre e penicilina. Inexiste a manipulação farmacológica nessa pomada e um quadro dá conta de ter sido a mesma submetida a exame de laboratório em Georga, Estados Unidos, atestando essa composição e essa propriedade terapeutica.

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No Estado do Rio Grande do Sul, pequenas e toscas casas de madeira, margeando a rodovia, dão um aspecto diferente à região, em comparação com as habitações de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

A região norte-riograndense é produtora de abacaxis. Mas são uns abacaxis de espécie minúscula, diferente dos de São Paulo e Minas. Pequenos, mais ou menos do tamanho de uma beringela das grandes.

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Ao atingir-se o município de Osório, RS, rumo a Porto Alegre, os veículos adentraram a famosa rodovia sulina “Free Way”. É uma auto-estrada moderníssima, de um percurso de aproximadamente cem quilometros, superior a nossa Castelo Branco. Tem três mãos de direção cada pista, sendo separadas por canteiros e gradis de duas direções. Não tem cruzamento e a velocidade mínima e de 120 quilometros horários.

Os gauchos tem orgulho inestimável dessa “Free Way”.

Em Osório existe o posto de pedágio mais moderno e atualizado do Brasil. Todo eletrônico. A entrada nos “corredores” do posto é indicada por meio de sinalização luminosa e os cálculos das tarifas são projetados eletronicamente num grande quadro.

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À margem da “Free Way”, verdadeiras planicies, o gado faz presença marcante. Rebanhos e mais rebanhos. E o curioso, é que ali não existe o capim gordura, nem o colonião, nem o pangola. São gramíneas rasteiras e baixas, que são formadas sobre terrenos alagados, permanecendo a tona da água. O gado pasta, “afundando” na água até o meio das patas ou as barrigas, parecendo ter as pernas “enterradas” na própria grama.

(continua)

Extraído do Correio de Marília de 6 de dezembro de 1973

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