Sei lá se é… (14 de janeiro de 1977)



Eles têm o direito de viver. E de ganhar seu dinheiro. Pelo menos, assim, estão levando uma vida que se vislumbra como de encaminhamento plausível para um futuro de trabalho.

Melhor assim, do que abandonados, vendo maus exemplos e andando em más companhias.

Refiro-me aos pequenos engraxates.

Mas há um erro ai na imediação do ponto do Expresso de Prata.

É a proliferação desses garotinhos, mercadejando suas habilidades.

Até aí, nada demais.

Ocorre que quem está esperando um parente ou amigo que está para chegar, ou que quem corre atraz do horário de ônibus, não têm tempo e nem está interessado em lustrar os sapatos.

E os garotos, aos bandos, insistem. E não percebem, que, estando todos eles junto, se um não conseguiu o trabalho, os outros também não. Mas se estiverem cinco, mesmo todos eles tendo ouvido a recusa do pretenso freguês, os outros quatro, um por vez, insistirão no clássico “quéngraxá?”

Sei lá se é…

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A gente vai dirigindo pelaí. Ou cruza, ou é cruzado por um veículo. Ou ultrapassa, ou é ultrapassado por outro carro.

E a gente vê os clássicos letreiros em muitos deles: “Auto Escola” e “Cuidado, Escola”.

Então, instintivamente, a gente julga que se trata de um carro de instrução (está escrito) e como tal, deve conduzir um aluno, acompanhado de um monitor. Isso é suficiente para que a gente dobre os cuidados.

Mas nem sempre os referidos veículos estão com alunos. Não, pois costumam em algumas ocasiões, correr bem e ultrapassar “bem” e nem sempre “maneiram” nos cruzamentos.

Seria conveniente que carros para instrução só servissem para instrução, como as ambulancias e os carros funebres que têm funções específicas. Ou não seria?

Sei lá se é…

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Então a gente gosta de tentar a sorte. Quem não gosta?

E o vendedor de bilhetes vem se aproximando. E a gente pergunta: “Tem cachorro?”

Aí o bilheteiro responde que não, mas tem “cabra”, tem “gato”, tem “lefante”, o diabo.

Ora, se o fregues perguntou se tem “cachorro”, a resposta não tem meio-termo: sim ou não. Mas o homem do bilhete não percebe isso e volta a insistir com nomes de outros bichos, deixando por vezes o fregues encabulado.

Será que alguns bilheteiros não entendem bem o que os viciados preferem?

Sei lá se é…

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Falou-se do aumento da carne.

Ninguém falou na Sunab. Todavia, uma portaria de tal organismo, abriga os estabelecimentos especializados a manterem em lugar visível, a respectiva tabela vigente.

Em Marília nada disso ocorre.

Porque aqui, como sempre, ninguém fiscaliza ninguém.

E então, como não poderia deixar de ser, em cada ponto tem um preço diferente.

Estará certo?

Sei lá se é…

Extraído do Correio de Marília de 14 de janeiro de 1977

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