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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Sim, é isso aí… (26 de fevereiro de 1977)

É isso aí. Lá pelas imediações do Colégio “Amilcare Mattei”, algumas mocinhas-estudantes, ao fazer sinal de parada para os ônibus da Circular, não fazem como as demais pessoas, erguendo os braços. Elas erguem as pernas – ao envés dos braços. E os motoristas dos ônibus param os coletivos, em atenção aos exóticos e “sui generis” sinais. E essas mocinhas estão haurindo as luzes da ciência e aprendendo educação, num consagrado e prestigioso estabelecimento de ensino. Inda bem, se assim não fôra… --:-- Falando em ônibus, existe, segundo consta, determinação de escalão superior, compulsando determinada classe de coletivos, a usar luz acesa nas rodovias, durante os percursos, mesmo diurnos. Tudo bem. Mas a noite, aqui na cidade, em ruas feericamente iluminadas, alguns ônibus de uma empresa local – não se trata da Circular – perturbam motoristas e pedestres, com luzes acesas no centro da cidade. Se não estão certos, estarão errados. Por certo.

O galo velho do Rio Tibiriçá (25 de fevereiro de 1977)

Sim, foi isto que eu disse dia outro ao negrinho João. - Olhe, vou escrever uma crônica sobre esse galo velho. João olhou espantado, arregalando os olhos, fazendo realçar o branco dos mesmos, contrastando com o ébano da pele, reluzente de suor. E arriscou a pergunta, com indisfarçavel desconfiança. - No jornal? - Sim, no jornal – disse eu. --:-- E expliquei ao pretinho, que ouviu sem entender muito, mas com bastante atenção. - Os americanos costumavam dar um valor muito importante, ao lema “envelhecer com dignidade”, como a premiar respeitosamente o final dos anos das criaturas humanas. Uma espécie de respeito e gratidão pelo que fizeram os entes queridos, durante uma vida de labutas. Ou uma demonstração de agradecimento e de veneração, pela continuidade e perpetuação da espécie humana. Ou, mais do que isso, o testemunho do verdadeiro sentimento de cristandade, que se traduz no amor e no respeito aos semelhantes e na veneração para com os mais idosos…

Carnaval passou (24 de fevereiro de 1977)

Passado o período dos festejos carnavalescos, volta-se para a vida normal, de trabalho compulsório normal também. Horas estas, muita gente ainda deve continuar estando exausta, de tanto ter participado durante cinco noites consecutivas desses folguedos. Em consequência, mal dormindo, alimentando-se irregularmente e queimando mais energias do que um motor de fim de vida. --:-- Nessas ocasiões, até a gramática sofre alterações, com verbos mudando de significado: o “pular” passa a ser entendido como “brincar”. --:-- Nem sempre os motivos de alegria conseguiram predominar, ditar alto, norteando os objetivos que se pretendiam aceitar como diretores das festividades. Para muitos, carnaval é o mesmo que orgia, o mesmo que “dever” de conseguir bebedeiras, de desligamento da razão e com isso cometer abusos, excessos e arruaças. Muitos fizeram isso. --:-- Desentendimentos, briguinhas, empurrões, audaram verificando-se a granel. Obrigando a polícia a interv

Feliz carnaval, leitores! (19 de fevereiro de 1977)

Há muitos anos, palestrava eu com um sacerdote, que era vigário da Matriz de Santo Antonio local. No decorrer da palestra informal, veio à baila assunto relacionado com o carnaval. A questão fora motivada porque o então presidente Janio da Silva Quadros havia anunciado sua decisão, de proibir o uso de lança-perfumes no carnaval, como também coibir a prática de brigas de galos. --:-- E, durante esse colóquio, indaguei do padre, o “por que” da Igreja ser contra o carnaval. O religioso dissera-me que a Igreja era em princípio contra o carnaval, no que se referia ao paganismo de suas práticas, mas isso não significava que era contrária ao direito das criaturas divertirem-se. E foi mais além o sacerdote, dizendo-me mais ou menos isto: A Igreja não aprova e nem poderia aprovar os excessos que se costumam cometer, sob o pretexto do carnaval. A Igreja faculta, louva e até colabora para que o povo possa divertir-se, mas uma diversão sadia, sem maldade, sem ex

Os brutamontes do asfalto (18 de fevereiro de 1977)

O Governo pede e está a exigir: a velocidade máxima nas rodovias de todo o país é de 80 quilômetros horários – e nem um tiquinho a mais. A medida, além de compulsar a economia do consumo de gasolina, casa-se perfeitamente bem com a providência necessária de prevenção de diminuição de acidentes automobilísticos, muitos deles fatais. --:-- Os policiais rodoviários estão apelando para que todos se conscientizem da realidade desses apelos. Nem todos estão obedecendo, mesmo apesar do mar imenso de multas por infrações, que a polícia rodoviária está aplicando. --:-- Para nós, nacionais, tudo o que é proibido parece exercer um fascinio irresistível de desobediência. O médico recomenda: “não beba”. Aí, dá mais vontade de beber. O patrão pede: “não faça isso”. Então, a tentativa de contrariar ferroteia e muitos não resistem. O Governo pede: “não corra a mais de 80 quilômetros”. Aí é que dá mais vontade de correr, aí é que mais se desobedece o Governo.

Abertura de supermercados (17 de fevereiro de 1977)

Volta à baila, a questão da necessidade de funcionamento dos supermercados aos domingos e feriados. Uma malfadada providência da Legislatura passada – em franca campanha sucessória municipal – acabou por coibir o funcionamento desse tipo de estabelecimentos comerciais em nossa cidade. Foi um autêntico entrave no dinamismo mariliense, uma ducha de água fria no próprio progresso da cidade grande e uma autêntica mostra de conveniências e apetites de pretensões políticas. Podem negá-lo, mas foi isso que sucedeu: De um lado, alguns interessados viram o prazo para tal e de outro, os politiqueiros pretendentes à continudade de permanência de cargos, também, assim lograram entender. Mas a verdade esta deve ser. --:-- Um determinado vereador dizia-me dia outro, a respeito do assunto, que comerciários estavam exercendo “pressão” sobre os vereadores. Bah! Vereadores representam células de um Poder constituido e a ninguém é dado o direito de pressioná-los. Para

Artigo sem título (16 de fevereiro de 1977)

A sala era pequena e só tinha uma porta de entrada. Nem mesmo janela, ou siquer um “vitraux” – conforme se escrevia naquela época. Um sofá, duas cadeiras e a escrivaninha. A sala era a redação e administração do jornal. Tinha ligação com outros comôdos de fundo e separava-se por uma porta de madeira do tipo vai-e-vem. Na porta referida, em preto com sombra branca estava escrita a palavra “Tipographia”. --:-- Sentado junto a escrivaninha, havia um homem. Moreno, baixinho, com calvice acentuada. Aparentemente era ou um homem cansado ou um neurastenico. Estava sério e escrevendo a lapis sobre um papel em formato de tira. O homem era o redator do jornal. Portanto, “o bom”, respeitado, admirado. Escrevia raciocinando, como se estivesse preocupado ou encontrando dificuldades para deitar no papel, através da ponta do lapis uma idéia qualquer. Porisso, estava tão absorto que nem me vira ali parado na porta. --:-- Em dado momento, ao levantar a ca

A televisão do Simão (15 de fevereiro de 1977)

Simão é um cidadão qualquer, que vive no meio do povo, que torce para o Corinthians, que gosta de uma “branquinha”, que mora num barraco, que tem mulher e filhos. Mulher magra e feia, mesmo porque mulher de operário que mora em barraco, não tem jeito de ser bonita. Barraco feito e desconfortável, lá para o lado do Monte Castelo. Os filhos de Simão são subnutridos, mas nem eles e nem Simão sabem disso. E ainda não têm idade de trabalhar para ajudar o pai. São quatro. Dois já estão na escola primária. --:-- Simão tem sua condução própria: uma bicicleta. Velha, mas dá para “quebrar o galho”, conduzindo-o de casa até o local de trabalho e vice-versa. Se não fora a bicicleta, não poderia trabalhar onde trabalha, pois para isso teria que pagar ônibus e o que ganha não daria. Se não fora a “magrela”, teria que arranjar outro serviço, não muito distante, de modos que pudesse ir e voltar a pé. --:-- Agora, Simão não tem mais mulher e filhos. Está sozinho.

The monkey is right (12 de fevereiro de 1977)

Certa noite, num bar central, um cidadão aproximara-se de mim, iniciando uma conversa, depois de ter-me formulado uma determinada pergunta. E isso foi o início de uma palestra. A não ser de vista, não conhecia o referido senhor. Nem sabia sua profissão, ou onde trabalhava o mesmo. Ele próprio havia declinado o seu labor: funcionário municipal. --:-- Naquela ocasião, já se conhecia o resultado do pleito (recente) de 15 de novembro e Pedro Sola ainda estava a frente da administração municipal. Depois de alguns copos de cerveja gelada – fazia muito calor – o meu amigo “voluntário” principiou a botar as manguinhas de fora: confessou que não gostava de Pedro Sola. --:-- Dei corda ao visitante e deixei-o falar. E o homem começou a desenrolar uma linhada de baboseiras, que causou até dó. Falou de muito gente, citou nomes. No decorrer da conversa, percebia, em suas alusões, que o mesmo referia-se com predileção a algumas pessoas já de certo modo “manjada

Você sabia que o sabiá sabe assobiar? (11 de fevereiro de 1977)

Questão da abertura dos supermercados aos domingos e feriados representa necessidade mariliense. Significa dinamismo, modernismo, conforto e avanço progressista de um centro. O interesse da maioria deve sobrepor-se ao interesse da minoria. E a lei das coisas e ditame do senso, da razão e da racionalização. Marília está errada com seus supermercados fechados aos domingos. Estamos em época de avanço e não de retrocesso. Assunto vai voltar à Câmara, não com roupagem nova, mas com roupa reformada. Vereador Santo Raineri vai propor a questão no meio termo. Um paliativo que não interessa aos consumidores – plantão de supermercados. Não refrescará, porque os fregueses têm suas preferências e conveniências. Morador da Vila São Miguel, que não tenha condução própria, não terá nenhum interesse em comprar no supermercado Pastorinho, se o Superbom não estiver de plantão. Morador do bairro Cascata, freguês do Pastorinho, não tem interesse em comprar no plantão do Superbo

Pedaço de recordação (10 de fevereiro de 1977)

Certa ocasião, ví na vitrina de um estabelecimento comercial, na rua Cel. Galdino, um cartão com os seguintes dizeres: “O bom não é ser campeão. O gostoso mesmo é ser corinthiano”. Achei muito bacana a inscrição, embora eu não seja corinthiano. Vi na legenda, não uma evaziva, ou um consolo, ou uma desculpa, pelo “sofrimento corinthiano”. Vi, em contrário, uma vaidade e um orgulho, uma espécie de um ráio de incentivo e de estímulo, varrendo qualquer eventual desânimo ou esmorecimento. --:-- Sem relação ou correlação, o dístico referido ensejou-me a convicção de que é bom também ser velho, vivido num centro, para recordar com saudade fatos passados, coisas já idas, episódios que o tempo se encarregou de guardar em suas gavetas de esquecimento. --:-- Vejamos, neste jogo de associações de lembrança, como o imprevisto e as coincidências podem servir de inspirações ou influenciar fatos. --:-- A cidade tem três casas de pastos, com nomes originais italianos

Marília precisa de carro-guincho (08 de fevereiro de 1977)

O crescimento de uma cidade, o avanço da cifra de densidade demográfica de um centro, o índice de vertiginosidade progressista carreiam consigo várias exigências e necessidades. São os onus do progresso. --:-- Apesar da expansão comercial começa a ressentir-se, em setores vários, necessidade ou defeciências. Ou, no mínimo, uma espécie de insatisfação, quando ao anelo e o pretendido, porque se tudo se expande e cresce, igualmente se elasticica o desejo e a exigência, por vezes, pendendo até para o exagero ou a pretensão desmedida. --:-- Então, acha-se ruim ou que serve mal um ônibus, ou um outro meio de transporte. Ou até um hospital. Mas o certo é que mesmo aceitando-se a hipótese antes aventada, há de considerar-se também que, em alguns casos, a poeira do relaxamento e da pressa, ou de lucros fáceis, ou de meio ou subterfúgios outros, chegam a justificar casos que tais. --:-- Em condições essas, não se concebe, por exemplo, que uma cidade como Marília –

Neste sábado… (05 de fevereiro de 1977)

Este cinco de fevereiro assinala a data daqueles que trabalham em oficinas e artes gráficas. Hoje é o Dia dos Gráficos. O gráfico é um artista anônimo, um cidadão comum, que muita gente ignora. É ele um profissonal de muita responsabilidade, quer nas oficinas de obras tipográficas, quer nas oficinas dos jornais e hebdomadários. Geralmente são homens simples, obedientes, que se perdem no anonimato característico do borborinho das oficinas. Homens de mãos sujas de tinta e graxa, mas de carateres limpos, porque exercem um trabalho honrado. Com este registro, coluna cumprimento os gráficos de nossa cidade, nas pessoas dos gráficos do “Correio”. --:-- Quando da campanha de Pedro Sola e Armando Biava, em 1972, sugeri, através de coluna esta, aos dois candidatos, providências no sentido de construção do Bosque Municipal. O referido próprio havia sido “inaugurado” por duas vezes, mas as inaugurações foram apenas de fachada, porque, em realidade, tudo continuava a pe

O jogo das coincidências (04 de fevereiro de 1977)

Se não tratará aqui, do jogo das coincidências que nos apresenta a Silvio Santos, através da televisão. Sim, de outro jogo. Falamos de nossa Câmara Municipal. Registrada já, em sua primeira reunião, uma coincidência do mesmo quilate, de algumas das muitas contundentes sessões do legislativo anterior. --:-- Quatro anos de edilidade pretérita, marcados indelevelmente por desentrosamento de idéias, dentro de um mesmo partido – por sinal, o partido do Govêrno. Com tais dissidências e desarmonias arenistas, onde treze vereadores se dividiam e degladiavam em idéias, edis emedebistas, em número de dois apenas, tiveram suas vantagens indiretas e conseguiram tirar as suas casquinhas. --:-- Repete-se a história, com a caracterização dos conchavos políticos, consubstanciados e configurados quando da eleição da atual Mesa de nossa edilidade. Onze vereadores da situação contra apenas quatro da oposição. Se tivessem desejado e bem querido, os onze edis situaci

Só dando com um gato morto… (03 de fevereiro de 1977)

Os inconformados  os que se habituaram a ganhar fácil, seja de qual jeito for, os maus brasileiros, estes murmuram, por aí, cobras e lagartos acerca da situação atual do Brasil. Pintam quadros dos mais negros e abjetos. E, além de tudo, justificam a “alta” do preço da gasolina. Alta que não houve. Mas que eles contam como favas certas, que o preço de cada litro de gasolina é de sete cruzeiros. --:-- Não iremos afirmar que a vida está fácil para todo mundo. Que as coisas se adquirem por preços irrisórios. Seria insensatez. Mas, ufanemo-nos, por viver no Brasil. Isso, sim. Isto aqui ainda é o melhor lugar do mundo para se viver e morrer tranquilo. Quem duvidar, que saia do país. Ou, então, que pergunte aos que conhecem plagas outras. --:-- País cosmopolita, que acolhe em seu seio gentes de origens diversas. Que a todos oferece oportunidades e chances de viver comodamente, na mais absoluta e ampla liberdade, quase sem restrições com as f

Vereadores, bom dia! (02 de fevereiro de 1977)

Vereadores Aldo Pedro Coneglian, Atílio Brabo, Carlos Pavarini Filho, Domingos Alcalde, Ermelino Flora, Herval Rosa Seabra, Hideharu Okagawa, João Neves Camargo Júnior, José Abelardo Camarinha, Luiz Homero Zaninoto, Pedro Ortiz da Silva, Rubens Travitzki, Santo Raineri Primo, Sebastião Mônaco e Yojiro Shimabukuro. Bom dia! --:-- Nossa saudação, bem mariliense. Nossos augurios para que vocês tdos possam sempre sentir os bafejos de uma inspiração santa e elevada, para desobrigação da incumbência de bem legislar por Marília, trabalhando em pról da grande e laboriosa família mariliense. --:-- Dos quinze nomes eleitos e ontem empossados para a representação da vereança municipal, no período legislativo 1977-1980, somente quatro representam continuidade. Onze, a maioria absoluta, encarna a renovação de valores, a alteração praticamente total do corpo legislativo que se iniciou em 1973 e que ontem teve encerrado seu espaço-tempo. --:-- Há uma grande res

Sola, Theobaldo e Archimedes (01 de fevereiro de 1977)

Quando, em 1972, Felipe Elias Miguel desistiu de sua candidatura a Prefeito e Pedro Sola o substituiu, deu este, uma prova de prestígio e de estima a Theobaldo, que era o candidato a vice-prefeito, na chapa de Felipe. Tendo sido verificado a alteração de candidato, surgindo um outro nome, seria viável também, a substituição do nome remanescente. Todavia, Sola foi incisivo, advogando a permanência de Theobaldo junto a ele. E ambos venceram as eleições. --:-- Sola surpreendeu com sua visão administrativa, seu espírito de luta, seu despreendimento e seu acendrado amor por Marília. E, introduziu uma nova sistemática na administração municipal, dando incumbência ao vice-prefeito, que, desde o dia 4 de abril de 1929, até o último dia do segundo governo de Tatá, nada mais representava do que uma figura meramente decorativa. --:-- Sola e Theobaldo caminharam juntos durante quatro anos consecutivos e os dois deram o melhor de sí, para o progresso mariliense e o b