The monkey is right (12 de fevereiro de 1977)



Certa noite, num bar central, um cidadão aproximara-se de mim, iniciando uma conversa, depois de ter-me formulado uma determinada pergunta.

E isso foi o início de uma palestra.

A não ser de vista, não conhecia o referido senhor. Nem sabia sua profissão, ou onde trabalhava o mesmo. Ele próprio havia declinado o seu labor: funcionário municipal.

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Naquela ocasião, já se conhecia o resultado do pleito (recente) de 15 de novembro e Pedro Sola ainda estava a frente da administração municipal.

Depois de alguns copos de cerveja gelada – fazia muito calor – o meu amigo “voluntário” principiou a botar as manguinhas de fora: confessou que não gostava de Pedro Sola.

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Dei corda ao visitante e deixei-o falar.

E o homem começou a desenrolar uma linhada de baboseiras, que causou até dó. Falou de muito gente, citou nomes.

No decorrer da conversa, percebia, em suas alusões, que o mesmo referia-se com predileção a algumas pessoas já de certo modo “manjadas” como funcionários de conceito apenas médio e que “descia a lenha” em nomes conhecidos como bons, eficientes e pontuais.

Deixei a linhada correr.

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Continuei a dar corda. E o homem a destravar a língua, a ponto de entusiasmar-se e achar que eu pertencia à mesma panelinha dele.

Deixei-o pensar assim.

Deixei-o falar.

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Parecia-me que o homem era do tipo melancia – verde por fora e vermelho por dentro.

Deixei-o continuar e percebi que ele sentia-se feliz, por ter encontrado um “correligionário”.

E então conclui até onde o ponto de vista do mesmo se estendia e onde queria chegar. E porque, afirmava, com enfase e um certo orgulho, que era “manda-brasa” e não arenista.

E contou em quem havia votado.

Cruz, credo!

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Provoquei-o para que voltasse a falar de Pedro Sola, ainda na Prefeitura.

Insisti, com jeitinho.

E o homem “vomitou”.

- Ele é… Persegue muito os funcionários e vive dando “gancho” para os coitados que ganham pouco na Prefeitura…

E falou.

E “meteu o pau”.

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Contornei a palestra e voltei ao assunto: a razão principal da ogeriza do funcionário contra o Prefeito de então.

Desta vez, tive sorte.

O homem “se abriu”.

- No tempo de Biava e Tatá, eu marcava o ponto e tomava chá de sumiço e com o Pedrão, não…

Interrompi:

- Ah! Então você era vagabundo e agora o Pedrão não deixa, né?

O homem pensou e não soube responder, porque fui eu quem encerrou o diálogo. Disse-lhe, saindo de perto:

- O macaco está certo…

Extraído do Correio de Marília de 12 de fevereiro de 1977

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