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Mostrando postagens de agosto, 2013

Recursos e médias (31 de agosto de 1976)

Piada, esta: No quartel. O sargento vê uma cadeira à entrada da porta da Casa das Ordens, impedindo o livre trânsito. Olha enfezado para o primeiro soldado que alí passa em serviço e pergunta: - Quem foi o animal que deixou essa cadeira alí na entrada? E o soldado, perfilado, respondeu: - Foi o coronel, sargento. No mesmo instante ia passando um tenente e o sargento, berrando nos ouvidos do soldado: - Três dias de xadrez, por ter chamado o coronel de animal. --:-- Foi um recurso, uma saída, essa do sargento. Nada honesta, mas foi uma saída, porque ele ficou com a barra limpa perante o tenente, ficou com um falso defensor do coronel, à custa do pobre soldado, que teve que puxar três dias de xadrez. Por um lado, o recurso. Por outro, a média. É o que fazem muitos, por aí. Mesmo aquí em Marília. O recurso, desde que não seja em prejuízo de outrem, é válido, denota presença de espírito, reflexo e inteligência. O que não acontece com a médi

A carta do Policarpo (28 de agosto de 1976)

Compadre, recebi hoje sua carta e fiquei satisfeito com as notícias de que todos por aí estão bem de saúde. Nós aquí vamos remando a vida, apesar de continuar sempre a bater no mesmo prego. --:-- Estive refletindo sobre sua dissecação política e acabei concluindo que você tem muita razão. Aquí em Marília acontece o mesmo fenomeno por você citado, com referência aos candidatos que põem as manguinhas de fora. De fato, conforme disse você, o bisturi que a Revolução lancetou aquela enxurrada de partidos políticos, para permitir que apenas dois tivessem vida, não apresentou, sob certos aspectos, os resultados que seriam esperados. O negócio ficou mesmo qual certos time de futebol varzeano: trocaram-se as camisas, mas os jogadores continuam os mesmos. --:-- Você tem razão: os subversivos, os agitadores, os conturbadores da ordem, os comunistas, correram e filiaram-se no emedebê. O partido da oposição tem gente boa, é claro. Mas aqueles que eram contrários ao re

Reminiscencias radiofônicas (27 de agosto de 1976)

Há muitos anos. Estádio do Pacaembú, lotado. Campeonato paulista. Jogo: Palmeiras e Santos. --:-- Com Fiori Giglioti, Edson Leite e Enio Rodrigues, fui ao referido Estádio. Eles, para trabalhar. Eu, para assistir o cotejo. --:-- Mario Moraes era a “vedette” da radiofonia paulistana, em termos de comentarista esportivo. Pedro Luiz era o “cobra” da narração de todo e qualquer tipo de modalidade desportiva. Ambos pertenciam à Rádio Panamericana de São Paulo, hoje Jovem Pan. --:-- Edson Leite, o moço que havia iniciado-se em Bauru, era “o bom” da Rádio Bandeirantes. No interior, era o segundo em audiência  porque o primeiro era Pedro Luiz mesmo. --:-- Wilson Brasil e Geraldo Tassinari davam as cartas na Nacional de São Paulo. A Tupi não participava com grande presença no futebol e a Difusora tinha Aurélio Campos e Geraldo Bretas como titulares. --:-- Mario Moraes ficava sozinha, na frente das cabines de imprensa, destacando-se e diliciando

Uma coisa puxa outra… (26 de agosto de 1976)

O assunto em pauta nestes últimos dias tem sido o trabalhar ou não trabalhar aos domingos. Mas o fato é que ninguém trabalha, mesmo. Vejamos: O ano tem 365 dias. O dia tem 24 horas. A gente trabalha apenas 8 das 24 horas do dia. Portanto, 1/3 do dia de trabalho. Ora, 1/3 de 365 dias são 121 dias. Restam 244 dias para o trabalho. Menos dias santos e feriados, que são 29, ficam 215. De 215 dias, tiram-se 52 domingos, ficando 163 dias para o trabalho. Desses 163 dias diminuem-se 26, representados por faltas ou pequenas viagens, ficando 137. Menos 30 dias de férias, ficam apenas 107 dias para trabalhar. Menos Natal, Ano Novo, Semana Santa, carnaval, aniversário da cidade e outras datas, somam 32 faltas, restando 75 dias para o trabalho. Aos sábados trabalha-se apenas meio dia e como 48 sábados no ano representam 24 dias, ficam restando 49 dias. Desse número, a gente falta 48 por motivos de ficar nas filas do Inps, de matricular os filhos na escola, etc., restando apenas um d

A carta do Policarpo (25 de agosto de 1976)

Pois é assim, compadre. Aquí é um contrasenso gritante. De um lado, a cidade desenvolvendo-se, graças à sua ciclópica administração municipal; de outro, fazendo como o caranguejo  andando para traz. --:-- Época de eleição é um inferno, fazendo a personalidade e as ações de muitos homens, mudarem qual birutas de aeroporto. E acabou acontecendo mesmo aquilo que eu falei na minha última carta: vários ramos comerciais, especialmente os supermercados, estão agora fechando aos domingos. --:-- O assunto foi muito comentado. Domingo passado, não houve quem não fizesse um “comentário” sobre a Câmara e a Associação Comercial. Disse-me o compadre Fidencio que ele e mais outros estão tratando de arregimentar aqueles marilienses que trabalham contra a construção do Viaduto da Rua 9 de Julho e formar um grupo para reforçar os que lutaram pelo fechamento do comércio. Esse grupo vai deliberar outros fechamentos, pois assim a medida ficará generalizada e ninguém poder

Presente de grego (24 de agosto de 1976)

Em quase todos os Estados norte-americanos o comércio fecha suas atividades às 22 horas. Em São Paulo existem supermercados que funcionam vinte e quatro horas, todos os dias. Isto é, não fecham durante a noite. Outros estabelecimentos comerciais paulistanos permanecem abertos até às 23 ou 24 horas, inclusive nos dias de domingos. --:-- Determinados ramos comerciais precisam funcionar todos os dias. O povo necessita de facilidades e de conforto, além de ser merecedor de bons serviços prestados. É contigencia do próprio progresso e do desenvolvimento da éra. Porisso, se não pode conceber que uma cidade como Marília, séde de uma região administrativa do Estado líder da Federação, venha a apresentar autêntico retrocesso em sua própria vida, com o fechamento de determinados estabelecimentos comerciais nos dias de domingo. É incrível. --:-- Para alguns comerciários, o fechamento de determinados ramos aos domingos nada mais vai representar do que um aute

E agora, José? Quid prodest? (21 de agosto de 1976)

Quid prodest? – é uma locução latina que significa o mesmo do que “de que serve?” ou ainda “que adianta?” --:-- A partir de amanhã o comércio de Marília estará morto. A cidade amanhacerá triste, com um ar de abandono, sem aquela graça e aquela vibração que sempre Marília teve, desde que aquí aportaram os primeiros pioneiros de teu progresso. Bento de Abreu iria ficar triste e aborrecido, com a cidade que ele tanto amou e que, nesta fase em que o Brasil vai para a frente, Marília, por vontade própria, vai para traz. --:-- Não se pode fazer prevalecer interesses de uma só parte. Não somos contra a honrada classe comerciária, mas não podemos compreender que se preocupe somente com esta, sem considerar a outra, que é a classe consumidora. E esta foi grandemente prejudicada. As donas de casa estão prejudicadas. Os homens da lavoura estão prejudicados. Eles não compram em supermercados, mas compram em “Varejões”, no próprio Mercado, em armazéns de bairros de saldos

Se é para esculhambar… (20 de agosto de 1976)

Em fins de 1945, advoguei através deste jornal o despertar de interesses de nossas autoridades com objetivo de sensibilizar os altos dirigentes da Lojas Americanas, a-fim de que nosso comércio fosse dotado de uma das filiais da referida empresa. Não fiquei sabendo se alguém se interessou e nem se os diretores da citada firma tiveram ou não conhecimento do teor de meus escritos. --:-- Muitos anos mais tarde voltei minhas vistas para o problema de supermercados, clamando o primeiro desses estabelecimentos para Marília. Muitos comerciantes não gostaram na ocasião. --:-- O mariliense Julio Giaxa principiava a reformar o prédio onde hoje se localiza o Bar Yara, na Rua 9 de Julho. Entusiasmei-o a abrir ali um supermercado. Propus-me a levá-lo a Sorocaba para que ele conhecesse o Supermercado Ven-Ká, situado em bairro distante do centro. --:-- Mais tarde, ainda sugeri a formação de um capital social, citando mesmo nomes como Montolar, Novaes e outros, com o

Manias e “hobbies” (19 de agosto de 1976)

Todo mundo tem manias. Há quem não se aperceba disso, mas todo mundo tem uma maniazinha qualquer. Hoje, decidiram chamar muita mania de “hobby”. Isso já é uma mania: a mania da imitação. --:-- Numa cidade aquí perto existe um comerciante conceituado e respeitável. Ele tem seu “hobby”. “Hobby” ou mania. De certa forma, esquisito. O “fraco” desse homem é lavar defuntos. Morra quem morrer, é só chamá-lo e ele atende solícito e de certa forma satisfeito. É isso aí. --:-- Era uma vez… Um nordestino, moreno alto, que gostava de andar bem “aprumadinho” e que tinha mania de usar palheta na cabeça e terno branco no corpo. Sua mania éra inteligente. - Lá nas Alagoas, estudei dois anos com o professor Thiago e no Recife estudei três anos com o professor Soveral – dizia com enfase e indisfarçável orgulho. Se a gente falava alguma coisa, ele interferia na conversa para tentar destacar-se pela sabedoria de todo e qualquer assunto. E indiretament

O uso do que é certo (18 de agosto de 1976)

Dia destes escrevi algo a respeito do vício ou mania imitativa com respeito a camisas, emblemas, dísticos e frases em tais vestimentas. De fato, hoje em dia é comum a ver-se gente utilizando camisas e blusas com dísticos e até frases na língua inglesa, ou mesmo distintivos referentes a graduações de Forças Armadas Norte-Americano. Uma avacalhação completa. --:-- Há duas décadas passadas tal “fenomeno” não existia. Mesmo camisas referentes a estabelecimentos de ensino só eram ocupadas por alunos ou ex-alunos de tais estabelecimentos. A gente costumava “dar crédito” a legendas de escolas e de clubes, pois o assunto e o uso representavam seriedade. Hoje, não. --:-- Tenho viajado um bocado por estes Brasís e por alguns lugares do mundo. Sempre trouxe comigo, de outras plagas e de outras partes, camisas ou blusas de fóra, porém autenticas. Hoje a gente não conhece as autenticas, tantas são as falsas. Formou-se um comércio, que, encarando-se pelo lado d

Uma conceituação política (17 de agosto de 1976)

Aqueles que se acostumaram a acompanhar os conteúdos desta coluna devem ter observado que, todas as vezes que tecemos comentários sobre política, fazemo-lo com a mais absoluta independência, inclusive citando fatos e nomes. --:-- Em tempo hábil, mesmo quando Felipe não confessava e nem admitia que o nome de Tatá seria o da sua mais inteira preferência, esta coluna antecipou-se, para firmar, que, mesmo não confessando-o, Felipe “morria de amores políticos” pelo ex-prefeito Barretto Prado. E que, pela sua vontade, Tatá seria seu candidato. Alguns nos refutaram, mas nós sabíamos muito bem o terreno que estavámos pisando. --:-- Quando Ruy Garrido opoz-se à indicação de Tatá, como eventual participante da chapa de Felipe, como candidato a vice-prefeito, também coluna esta manifestou-se, para reafirmar que se de Felipe dependesse, só Tatá viria a ser seu companheiro de chapa. Nós sabíamos o porque desta afirmativa. --:-- E Tatá acabou sendo mesmo o elemento

Ah! Eu não sabia… (14 de agosto de 1976)

Numa cidadezinha não mui distante de Marília, testemunhei este fato, por volta de 1940. Na entrada do lugarejo, dois pedaços de vigotas sustentavam táboas rústicas, à quisa de um painel ou taboleta. Nesta, escrita à pixe e numa péssima caligrafia, onde letras de forma se mesclavam com caracteres manuais, um aviso. Redigido, mais ou menos, nos seguintes termos: “É prohibido andar armado por ordem do Inspetor de Quarteirão aquele que quizer andar armado que deiche a arma em casa e depois não vai dizer ah eu não sabia”. --:-- Subentendi, na ocasião, que o tal de Inspetor de Quarteirão, avisava que o porte de arma estava proibido e que a não observância implicaria na apreensão da arma. E que o “ah eu não sabia” representava para que ninguém alegue ignorância. --:-- E essa lembrança vem desenterrar uma outra, de fato completamente diferente e sem qualquer correlação com o assunto acitado acima. Até a década de 1940 os paulistanos sofriam mais do que “égua

Um conceito que outros não fazem (13 de agosto de 1976)

O passamento inesperado e abrupto do ex-prefeito Octávio Barretto Prado acabou por gerar nas hostes da Arena-2 local um flagrante e grave impasse político. Impasse político de ordem doméstica, mas que tem seus efeitos irradiados ante boa porcentagem da opinião eleitoral. --:-- Como sabem todos, Tatá deveria participar do próximo pleito, juntamente com Felipe Elias Miguel. Este como candidato a Prefeito e Octávio Barretto Prado pretendente a vice. --:-- A presença de Tatá nessa empreitada marcous por circunstâncias poli-laterais, quanto à aprovação e homologação de seu nome. Apenas uma pessoa teve a suficiente coragem de emitir seu ponto de vista, manifestando-se contrário ao aproveitamento de Tatá ao lado de Felipe. Nem o próprio Felipe conseguiu fazer perdurar, nesse terreno, uma firmeza de decisão. É que Felipe preferia Tatá, mas não o confessava publicamente, chegando a afirmar, repetidas vezes que seus companheiros do “staff” arenista é quem dever

Baixo índice de politização (12 de agosto de 1976)

Aconteceu aqui em Marília. Certa ocasião, determinado presidente de nossa Câmara Municipal, dileberou a adocação de uma medida que não conseguiu alcançar, de súbito, a interpretação devida e a profundidade necessária de sua real profundidade. A referida deliberação disse respeito à proibição pura e simples de que os funcionários da Câmara redigissem requerimentos, indicações ou outras proposituras de interesses ou em nomes dos edis. --:-- De início, o pensamento baseou-se no intento de desafogamento das atribuições de servidores da Casa, que, por muitas vezes, tinhan que intererromper suas obrigações burocráticas normais para “fazer” requerimentos ou indicações de última hora. Pode ter sido esse o colimado do presidente de então. Mas, por outro lado, serviu qual um termometro para medir a capacidade redacional e inteligência de alguns edis e acabou por provar que era bem diminuto o número dos vereadores realmente capazes de redigir um simples requerimento, pe

Ainda sobre os americanos (11 de agosto de 1976)

Escrevi ontem (10/8/1976) sobre o povo norte-americano, que classifiquei como bacana, tendo inclusive esclarecido o porque de tal consideração. Para reforço do mesmo tema vou citar alguns detalhes configuradores de tal pensamento. --:-- Dezembro, 2, 1944. Meu trabalho – III/6º. RI, a primeira tropa a atacar Monte Castello – havia sido submetido por elementos do Iº. e IIº. Regimentos de Infantaria e encontrava-se na cidade de Porreta Therme. Eu e mais quatro companheiros, após “salivar” o Ten. Dantas Borges, conseguimos permissão para um passeio a Pistoia, depois de 73 dias de ininterruptos combates. Em Pistoia, unimo-nos a um soldado americano e ao entardecer, quando pretendiamos retornar, avariara-se o rotor do jipe. Procuramos três ou quatro oficinas militares do Exército Americano, mas não nos atenderam, por falta de Requisição do Exército brasileiro. E o soldado americano que estava conosco e que tentava “quebrar o galho”, acabou encontrando uma solu

Imitações tolas (10 de agosto de 1976)

Não pensem que sou anti-americanista. Em contrário, gosto muito do povo norte-americano, embora reconheça nessa raça comerciantes exímios e capazes, gente que não dá ponto sem nó. Mas isso é outro caso. O norte-americano é um cara muito bacana. Muito afeito ao trabalho e respeitador da lei. Genericamente é, assim, embora se considere que toda a regra tem sua exceção. --:-- Convivi com cidadãos norte-americanos, por relativo tempo, embora esse convívio fosse esporádico. Refiro-me à última Grande Guerra, da qual o Brasil participou através da gloriosa Força Expedicionária Brasileira, a FEB. --:-- Comecei a contactar com soldados norte-americanos antes do embarque da FEB para a Europa. Através de cursos militares, ministrados por oficiais brasileiros e norte-americanos. Depois, no navio que conduziu o primeiro escalão da FEB à Itália, sensibilizei-me mais pelos “yankies”, ao mais de perto conviver com os mesmos. --:-- Na Itália, antes da

Amanhã, Dia do Papai (07 de agosto de 1976)

Sendo domingo o dia de amanhã e não circulando esta coluna, abordaremos no espaço de hoje a motivação do Dia do Papai. --:-- Fomos buscar aquilo que de mais sublime se nos pareceu para traduzir todo o anelo, todo o amor, toda a esperança de um pai por um filho. Uma prece. A “Prece de um soldado por seu filho”. De autoria do grande cabo de guerra do Exército Norte-Americano, General Douglas Mac Arthur, que comandou as tropas aliadas nas batalhas da África e que teve participação na invasão da Europa, em princípios de 1944. Esta, a “Prece de um soldado por seu filho”. --:-- “Faze, Senhor, de meu filho um homem tão forte, que saiba quanto é fraco; e bastante bravo, para se enfrentar a si mesmo, quando tiver medo; um homem altivo e inflexível quando for derrotado numa luta honesta; e humilde e manso quando for vitorioso. “Faze, Senhor, de meu filho, um homem cujos desejos não tomem o lugar dos átos; um filho que Te conheça – e saiba conhecer-se a si m