O enjôo vem depois (04 de agosto de 1976)
Dentre alguns dos muitos
nomes já oficialmente anunciados como candidatos à vereança municipal, para a
disputa do pleito a ferir-se em novembro vindouro, pode-se perceber que nem em
todos os aspectos atendeu-se o imperativo da viabilidade de sucesso.
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Sob alguns prismas, chega-se
a subentender de que a preocupação cingiu-se mais ao círculo de quantidade qo
que propriamente de qualidade.
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Não se pretende, com tais
considerações, o menosprezar ou mesmo insunuações à falta de competência de
alguns desses referidos cidadãos. Nem tão pouco restringir as faculdades e as
liberdades de escolha e opções que se configuram na nossa própria Constituição.
O que se deve analisar é que
não são todos esses conhecidos nomes que estão perfeitamente a altura do
desempenho do mandato da vereança.
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Ora, se existe certa faixa da
população local que se manifestou já aversa ao comportamento de alguns de
nossos atuais vereadores, é esquisito o conceber-se que nomes inexpressivos, do
ponto de vista de capacidade legislativa, possam merecer votação tal, que os
conduza à nossa Casa de Leis.
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Por outro lado, alguns dos
atuais nomes, não conseguiram ainda aperceber-se da responsabilidade das
funções da vereança. Nem siquer sabem o que isso chega a representar. E nem se
deram ao trabalho de pensar que terão que falar em público, elaborar leis e
pareceres, defender pontos de vista e trabalhar para o município e a gente
mariliense.
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Procure, o leitor, bater uma
caixa com alguns desses já anunciados nomes e se convencerá que muitos deles
estão apenas tentando participar da luta, mais com o verniz do espírito de
aventura, do que, propriamente, conscientizados daquilo que irão fazer ou
executar, no caso de eleitos.
Indague de alguns desses
nomes o que pensam executar e quais os planos que pretendem defender.
Poucos saberão.
Mas sabem que se eleitos vão
“papar” três mil cruzeiros. Não se aperceberam que irão expor-se ao ridículo,
pois o povo verá bem cedo que muitos enganaram-se e muitos foram enganados.
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Dia outro, perguntei a um
desses candidatos o que iria o mesmo falar em palanques para justificar ao povo
o pedido de seus votos.
Não soube responder.
Indaguei o que faria na
Câmara, ante determinadas e hipotéticas situações que expuz. Também não soube
responder.
Perguntei como faria, se
fosse designado para integrar uma comissão de redação ou de justiça da Câmara e
tivesse que dar parecer sobre um projeto de lei de responsabilidade.
Embatucou.
Inqueri, se designado pela
Câmara, tivesse que falar de improviso diante de um Governador ou de uma alta
autoridade militar.
Também não soube responder,
mas teve uma saída:
- Então você acha que só eu
terei que ser o bom na Câmara? – foi o que respondeu.
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São 90 nomes para 15 lugares.
Mesmo os candidatos já
experimentados e que se julgam bem alicerçados politicamente estão receiosos do
sucesso. Isto significa que não vai ser fácil a reeleição para alguns dos
atuais. E eles sabem disso.
E esse temor não existe por
parte de muitos dos novatos.
O que é certo.
Marinheiro de primeira viagem
fica todo eufórico na largada do navio.
O enjôo vem depois.
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