Reminiscencias radiofônicas (27 de agosto de 1976)


Há muitos anos. Estádio do Pacaembú, lotado.

Campeonato paulista.

Jogo: Palmeiras e Santos.

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Com Fiori Giglioti, Edson Leite e Enio Rodrigues, fui ao referido Estádio. Eles, para trabalhar. Eu, para assistir o cotejo.

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Mario Moraes era a “vedette” da radiofonia paulistana, em termos de comentarista esportivo. Pedro Luiz era o “cobra” da narração de todo e qualquer tipo de modalidade desportiva. Ambos pertenciam à Rádio Panamericana de São Paulo, hoje Jovem Pan.

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Edson Leite, o moço que havia iniciado-se em Bauru, era “o bom” da Rádio Bandeirantes. No interior, era o segundo em audiência  porque o primeiro era Pedro Luiz mesmo.

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Wilson Brasil e Geraldo Tassinari davam as cartas na Nacional de São Paulo. A Tupi não participava com grande presença no futebol e a Difusora tinha Aurélio Campos e Geraldo Bretas como titulares.

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Mario Moraes ficava sozinha, na frente das cabines de imprensa, destacando-se e diliciando-se com os olhares curiosos da grande torcida.

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Começou o referido jogo.

Eu, caipira do interior, mas já vinculado à radiofonia esportiva, como comentarista da PRI-2, fiquei tudo observando, porque sempre tive a filosofia que o homem aprende cada vez mais, bastando que se interesse e leve as coisas a sério.

Por outro lado, sentia-me um tanto orgulhoso, em permanecer alí, ao lado de tantos profissionais importantes.

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Oberdan, que era arqueiro do Palmeiras, era tido como o melhor goleiro da época, precedido por Cabeção, que pertencia ao Corinthians.

Naquela tarde, Oberdan não jogou e seu posto foi cedido a Fabio – que mais tarde defendeu o São Bento de Marília.

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E o Aurélio Campos, naquela tarde, todas as vezes que o Santos atacava e que o goleiro palmeirense era obrigado a intervir, pronunciava o nome de Oberdan e não o de Fabio, que era quem jogava.

Mas o Aurélio Campos cismou de “pegar no pé” do jogador Del Vecchio.

Todas as vezes que Del Vecchio entrava na bola, o Aurélio “tirava um sarro” do jogador, dizendo, mais ou menos, assim:

- Bola para a esquerda, em direção a Del Vecchio, este vai perder, já perdeu… isso é nome de jogador, em Bretas? Parece nome de violão ou de xarope…

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E era só a bola oferecer-se para Del Vecchio, que o Aurélio Campos aprontava tremenda gozação sobre o jogador, espezinhando o curioso nonme de origem italiana.

Mas, numa investida dos jogadores santistas, a defesa “estirou” uma bola para Del Vecchio, pelo setor direito. E o Del Vecchio acabou driblando toda a defesa palmeirense, para marcar um bonito gol, deixando Fabio de boca aberta.

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Assim se apagou o grito uníssono de “gol” do jogo, houve uma explosão de risos na cabine de imprensa e que contagiou gente que estava próximo e também muitos que acompanhavam o cotejo através de rádios portáteis.

Foi quando Aurélio Campos, retornando ao microfone, após o comentário de Geraldo Bretas, do lance do gol e do destaque da “raça” do marcador, que Aurélio Campos fez todo mundo rir, quando disse infantilmente:

- Bonzinho esse Del Vecchio, né, Bretas?

Extraído do Correio de Marília de 27 de agosto de 1976

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