É o fim da picada! (06 de setembro de 1974)


Em julho último, realizou-se a Copa do Mundo (de 1974), como todos sabem. Nessa luta participou o Brasil, com sua seleção zagaleana, dando uma de concorrente da Papelamar, fazendo um grande papelão.

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Todas as atenções dos nacionais voltaram-se para a Alemanha e mesmo os que não concordavam com as escalações e as convocações de Zagalo, não deixavam de alimentar e depositar verdes esperanças em nosso selecionado.

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Futebol era conversa obrigatória e quiçá a mãe de Zagalo nunca tenha sido tão lembrada entre os brasileiros.

Numa dessas conversar que se desenvolviam num bar da cidade, marilienses emitiam opiniões diversas. No trivial da conversa abordou-se o selecionado inglês e sore o mesmo, um cidadão passou a enaltecer o sistema de conservadorismo e da fleugma inglesa, como um povo nobre e admirável.

Um dentista que participava da palestra não se conteve, contestando ao homem que louvava os inglêses. Disse na ocasião:

- Onde está a nobreza e as razões para admirar-se um povo, em que mais de 5 por cento dos casamentos são realizados entre pessoas do mesmo sexo?

O outro não teve argumento para a resposta e acabou silenciando.

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Este assunto – não o futebol – ensejou-me o focalizar um caso outro, por analogia.

É o fim da picada. Ou o fim do mundo.

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Amanhã, 7 de setembro, feriado nacional, Dia da Independência, irá acontecer um fato que representa uma afronta à própria sociedade e família brasileira.

O jornal “O Cruzeiro do Sul”, editado em Sorocaba, comentou o caso que aqui vei ser referido. Mais do que isso, publicou cliche de um convite de casamento.

Assim está impresso o convite:

“Anizio Dias e Maria de Lourdes Conceição, Oscar Machado e Jacira Machado, sentir-se-ão honrados com a presença de V. Excia., para assistirem ao enlace matrimonial de seus filhos Rosa e Roberto, a realizar-se dia 7 de setembro de 1974, às 18 horas, na Igreja Matriz de Sorocaba. Após a cerimônia, haverá recepção à rua Darci Menezes, no. 54, Vila Esperança, Tatui”.

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Dá conta ainda o convite do endereço dos pais dos nubentes: rua Paula Gomes, 110 e rua Maneco Pereira, s/n, na cidade de Tatuí.

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Acontece que esse casamento não será realizado por impossibilidade legal: os dois casadoiros são homens. A “noiva” Rosa chama-se na realidade José Dias.

Na Igreja não consta a realização do casamento, como não poderia deixar de ser.

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O repórter sorocabano descobriu a mancada toda: os dois vivem juntos há cinco anos e com o “golpe do casamento” pretendem proporcionar recepção a amigos e conhecidos, dando assim uma espécie de “oficialização” ao modo de vida de ambos, para não mais continuar despertando curiosidade pública.

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José Dias, a Rosa, estará usando vestido de noiva, segundo informou o noivo ao repórter. Aliás, a “Rosinha” só se traja como mulher há muitos anos.

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O que a reportagem não dá conta é se os pais dos “noivos” teriam autorizado ou não a confecção dos convites de casamento e se estão também de acordo com essa aberração e senvergonhice toda.

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Então a gente fica pensando:

Como seria bom se isto tivesse acontecido no tempo da austeridade de nossos avós, quando o homem tinha que ser homem mesmo.

Se isto assim fôra, em tempo como aquele, o delegado de polícia não seria delegado de polícia e sim um inspetor de quarteirão e teria sabido aplicar uma boa sova de relho “giboia” nessa “Rosinha” e outra igual no Roberto…

Extraído do Correio de Marília de 06 de setembro de 1974

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