Hoje é o Dia da Imprensa (10 de setembro de 1974)


Rende-se hoje (10/09/2012), uma homenagem a uma atividade social considerada que foi, por críticos e intelectuais, como o Quarto Poder de uma República.

Transcorre hoje o Dia da Imprensa.

Compete à Imprensa, preponderante e importante papel na defesa dos Direitos Humanos, uma vez que, receiosos das críticas de Imprensa, muitos prepotentes se contém, deixando de humilhar seus semelhantes, não prejudicando-os e não ferindo seus sagrados direitos.

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Foi a boa imprensa ardorosa defensora dos princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, surgidos na França, com o advento de 14 de Julho de 1879.

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O jornalista autêntico, nascido com essa vocação, expõe seus pensamentos com a mais absoluta liberdade. Quando não consegue os resultados pelos meios comuns, utiliza-se da veia histrionica, fazendo do humorismo um estilete, com o qual ferroteia o agente que lhe proíbe a liberdade de pensamentos.

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Em exemplo desse afirmado, relembre-se a ironia de Monteiro Lobato, ao tempo da ditadura, que custaram-lhe pesadas humilhações futuras, mas que fizeram vir o Brasil inteiro.

Na França, em delicada passagem de sua história, os jornalistas fizeram do humorismo, uma alavanca para romper barreiras e um açoite contra os prepotentes.
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Nos Estados Unidos, certa feita, um jornal estampou em manchete de primeira página, a dura acusação: ‘METADE DO CONGRESSO É COMPOSTO POR IMBECÍS”.

A Mesa do Parlamento, na defesa de sua honorabilidade, valendo-se de preceito da Lei de Imprensa e evocando a Constituição, moveu ação judicial contra o jornal, obrigando-o a desmentir a afirmativa, em manchete de primeira página e com o mesmo corpo de tipos, de igual modo e composição, em que o jornal havia cometido a violência crítica.

A Justiça acolheu “in totum” a denúncia e deferiu a ação, determinando ao jornal o desmentido da acusação.

E o jornal, cumprindo a decisão judicial, a sentença.

No dia imediato, em primeira página, com o mesmo corpo de tipos e no mesmo local, conforme decidira a Justiça, o jornal publicou a seguinte manchete:

“METADE DO CONGRESSO NÃO É COMPOSTA POR IMBECÍS”.

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Uma Imprensa sadia, honesta, sem vínculos políticos e sem cor religiosa, constitui-se no veículo divulgador de boas idéias, o freio necessário dentro da própria sociedade, o arauto da coletividade, apontando os males, mostrando o antídoto, propondo soluções, constituindo-se um dique aos mais afoitos e encorajando os que pretendem realizar algo de útil.

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Em nossa vida jornalística temos incentivado o bem, repudiando o mal. Por vezes temos pecado por excesso de zelo, mas nunca por desmazêlo ou omissão.

Temos, como criatura humana, também imperfeições, mas procuramos ser honestos conosco, agindo de conformidade com a pureza da consciência. Defendemos o que consideramos certo e condenamos o que refutamos errado, mesmo porque, além de nosso julgamento e além de nossa consciência, está a consciência de nossos leitores, fato que se constitui, em motivo irreversível da razão da existência deste jornal e de nossa profissão de jornalista.


Extraído do Correio de Marília de 10 de setembro de 1974

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