Administração Municipal em Base Empresarial (04 de outubro de 1974)


Por ocasião da última reunião mensal da Ordem dos Velhos Jornalistas do Estado de São Paulo fez-se presente, como convidado especial, o Brigadeiro Sobral de Oliveira, prefeito municipal de São José dos Campos.

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Referido alcaide discorreu, na ocasião, sobre a sua administração municipal na base empresarial, afirmando ter conseguido vencer uma corrida contra o tempo, transformando uma cidade pacata e bucólica, num grande centro industrial.

Seu lema inicial foi ode que a Prefeitura é uma grande empresa, da qual os municípes são os seus acionistas.

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Para tal, contratou os serviços de uma firma idônea para o planejamento geral e urbano, com prioridade, de carátel urgente, nas áreas de seneamento básico, educação e habitação.

No primeiro ano de sua administração, o Brigadeiro Sobral aplicou cerca de 67% no terreno da educação, contra os 20% exigidos pela lei. No segundo ano, 47% e 37% no último ano de sua administração.

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Justificou o prefeito de São José a aplicação dessas verbas, considerando que, por levantamentos feito no ano 2.000, o Grande São Paulo alargará sua faixa, alcançará a cidade de Campinas e dentro de um raio de 100 quilômetros atingirá São José dos Campos, apresentando uma densidade demográfica de 73 milhões de habitantes.

Nesses 26 anos que faltam para o ano 2.000 existe a imperiosa necessidade de cuidar-se desse problema, com a humanização das cidades, para evitar-se que o homem sucumba ante as pressões naturais do meio-ambiente.

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Para as exigências do mercado de trabalho, que demandará mão de obra especializada, fundou a Escola Base. Fundou também, com vistas ao plano, a Escola das Mães, Associação de Pais e Mestres, visando a qualificação dos trabalhadores em bases seguras, tendo em vista de que a população de São José dos Campos dobra a cada quatro anos.

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Afim de elaborar e poder cumprir o programa, teve que apelar para a imprensa, para a indústria, para entidades particulares, obtendo de todos pleno apoio. Tanto assim que diariamente, das 7 às 8 horas, fala à comunidade, recebendo e acatando críticas, por entender que o povo deve participar da administração do município.

Obteve junto aos industriais da cidade um empréstimo de 10 milhões de cruzeiros, para a construção de uma escola de mão de obra qualificada, empréstimo esse sem juros e sem correção monetária, que, no dizer do prefeito, não representa milagre e sim conscientização.

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Dos 45 mil estudantes de São José, apenas 10% eram universitários, existindo, portanto, material humano para ser aproveitado.

Lançou, com real proveito, o seguinte “slogan”: “É preciso ter imaginação para buscar mais recursos, pois é preciso financiar a cidade”.

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O retorno desses empreendimentos será em proporções gigantescas, pois entende o prefeito que “antes de receber o homem, a cidade tem de fazer a casa do homem”. Tem que dar-lhe o mínimo de conforto.

A cidade terá que admitir mais 200 mil habitantes até 1977, pois existem 40.000 empregos abertos pela indústria e para tal urge a necessidade da construção de cidades-satélites, além da orientação adequada da cidade-mãe.

Nessas cidades implantar-se-á, por antecipação, o asfalto, água, esgoto, energia elétrica, escolas, hospitais, supermercados, áreas de recreação, igrejas, bancos, hotéis, clubes.

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Ai está um homem que não conheço, mas que passei a admirar a sua alta visão, seu tino administrativo e seu espírito de trabalho profícuo, realístico e empreendedor.

Extraído do Correio de Marília de 04 de outubro de 1974

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