Fato para pensar (03 de outubro de 1974)
Determinado fazendeiro de
nosso município palestrava ocasionalmente com o repórter, dia destes.
Mariliense genuíno, dando-se ao trabalho de ler jornais diariamente, ouvir
rádio e assistir televisão, provou, no decorrer da conversa, seu perfeito
entrosamento com os fatos e enfoques da atualidade.
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Discorreu naturalmente sobre
o futebol, lamentando aquela derrota do MAC frente a Ferroviária de Araraquara,
pela contagem mínima. Se tal não fôra, o clube mariliense teria sagrado-se
campeão absoluto do primeiro turno desse desinteressante campeonato “José
Ermírio de Moraes”.
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No campo da política o
fazendeiro mostrou-se algo apreensivo, por sentir no espírito público a
probabilidade de um carreamento a maior de votos para o partido oposicionista.
Alegou que muitos brasileiros assim iriam fazer como uma espécie de “protesto”
inválido e inglório.
Classificou o referido
“protesto” no mesmo nível desses propalados “protesto” da juventude – sem
ninguém saber dizer o porque do mesmo protesto.
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Justificou, de maneira
plausível, a defesa de seu ponto de vista.
Muita gente ignora que,
apesar de tudo o que se fala em termos de depreciação, de antipatriotismo, de
ogeriza e de represálias acêrca da situação nacional atual, destitui-se de
lógica, de pedestal firme. Porque a verdade é que o Brasil, hoje em dia,
representa um dos países do mundo onde está sendo mais fácil viver, apesar de
todos os “senões” aparentes e desencantos.
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Tem razão o fazendeiro mariliense.
O Brasil representa hoje a
5ª. nação em área territorial e a 8ª. em população do mundo. Seu solo é
riquíssimo e suas terras férteis. Abundantes são seus mananciais de água.
Excelente é o seu clima e privilegiada é a sua situação topográfica, quase que
totalmente isenta das consequências de fenômenos da própria natureza – sem
vulcões, sem tremores de terra, etc.
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País verdadeiramente
cosmopolita, onde muitos estrangeiros vivem com mais liberdade do que em suas
próprias pátrias de origens.
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Verdade que somos um país
inflacionário. Mas é justo que se analise que a inflação constitui um fenômeno
internacional e que ganha corpo presentemente em nações várias, num ritmo mais
acelerado do que entre nós.
Haja vista que os próprios
Estados Unidos, país que sempre registrou o menor índice de inflação no mundo,
abisma-se hoje face ao coeficiente elevatório do próprio custo de vida.
O fantasma da inflação domina
a Itália, a França, o Japão e até a Rússia. Inclusive a Inglaterra, o país
europeu que mais se caracterizou até aqui pelo seu conservadorismo indefectível
e milenar.
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Se não bastara isso, quase
nunca o brasileiro se detém em analisar o avanço da tecnologia nacional, o
crescimento das áreas industriais, o progresso no campo da agricultura, o
advento do Mobral, o rasgo de nosso solo, com o surgimento de modernas
rodovias, o crescimento vertiginosos do parque industrial automobilistico e
aeronáutico – além de dezenas de pontos outros, imponderáveis e vivos.
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Pensando nisso e alinhando
esse pensamento ao ponto de vista inicial, manifestado pelo fazendeiro
referido, a gente fica matutando:
É possível, sensatamente,
votar-se nas próximas eleições, em elementos que são contrários a esse
maravilhoso Governo da Revolução.
Extraído do Correio de Marília de 03 de outubro de 1974
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