Quatro assuntos e um escrito (12 de outubro de 1974)


Convênio vem de ser firmado entre a Prefeitura Municipal e a diretoria do Albergue Noturno de Bauru, destinado a combater a mendicância na “cidade sem limites”.

Os dois órgãos contarão também com o apoio das entidades de classe e clubes de serviço bauruenses, numa ação conjunta de extinção da mendicância nas ruas daquela cidade.

Segundo as notícias a respeito, os mendigos serão retirados das vias públicas pela Polícia, que operará um serviço de triagem, encaminhando os necessitados ao Albergue Noturno. Este, por sua vez, analisará as medidas de necessidade assistencial e sanitária, através dos trabalhos de uma assistente social, para o encaminhamento aos setores competentes. Os que apresentarem casos irrecuperáveis serão encaminhados a entidades de amparo e os itinerantes terão resolvidos os problemas que os levaram até Bauru, sendo recambiados para suas cidades de origem.

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Falando em pedintes, estão aparecendo “caras novas” na cidade, fazendo aumentar o já grande número desses elementos em Marília.

Se há os realmente necessitados e sem condições para o trabalho, pressupõem-se também que existem malandros e pinguços no ról dessas pessoas que estendem a mão à caridade pública.

Percebe-se a presença de homens aparentemente sadios e com forças suficientes para um trabalho, mesmo pesado, pedindo seguidamente. Muitas dessas pessoas apresentam gestos de condenável atrevimento, chegando a adentrar quintais e assustando crianças, empregadas e donas de casa, com seus pretextos e grandes insistências em pedir.

Muitos exalando cheiro de corpo e bafo de cachaça, que teimam em não arredar o pé, enquanto não forem atendidos. Muitos, que perturbam família, inclusive até depois das dez horas da noite. Moças e mulheres, algumas até de boas aparências, em condições visíveis de exercer um trabalho, mas que pedem por profissão, para fugir as atividades de serviço honrado.

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Existe em Marília um motivo que desagrada e aborrece, embora se trate do exercício de uma profissão digna de respeito, sob todos os pontos de vista.

É o excesso de pequenos engraxates, mesmo durante o período noturno, o que, por certo, deveria ser proibido pela autoridade competente. Pairam dúvidas acerca de se todas as rendas auferidas por todos os pequenos engraxates, seja devidamente carreada para os próprios lares, porque a gente vê os garotinhos comprando balas, sanduíches e refrigerantes e quando aparecem as malfadadas figurinhas na cidade, o maior número dessa freguesia é representada por esses garotos.

Não que se seja contra a atividade, mas que se regulamente e melhor fiscalize essas funções.

Por exemplo, no ponto de ônibus do Expresso de Prata o número desses garotos torna-se inoportuno. Pessoas que vão viajar, que ali esperam familiares ou que aqui desembarcam, não cogitam e nem têm tempo para lustrar os calçados. E os garotinhos, aos bandos, insistem, apregoando seus trabalhos. Durante a noite, também, o que se entende por errado, pois o trabalho noturno é especificamente regulado por lei.

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Ontem (11/10/1974), por volta das dez horas, mais ou menos, um garotão pedalava loucamente uma bicicleta, via Carlos Gomes e em direção à 9 de Julho. Corria mais que o normal e não respeitou o sinal vermelho do semáforo. E ainda por cima virou à direita, descendo em grande velocidade e contra-mão a Rua 9 de Julho.

Aliás, é algo comum isso, com menores dirigindo bicicletas contra-mão na Rua 9 de Julho, no trecho compreendido entre a Av. Carlos Gomes e Nelson Spielmann.

Sem contar-se a Av. Mauá, onde muitos garotos pedalam suas bicicletas contra-mão, em sentido da Delegacia de Polícia para a Rua 9 de Julho.

No dia em que um motorista adentrar a Mauá, ali próximo da Mesbla e der uma “cacetada” sem esperar, num ciclista que transita erradamente, o motorista virá sofrer consequências sem culpa e o ciclista deverá ir queixar-se ao técnico do Corinthians.

Extraído do Correio de Marília de 12 de outubro de 1974

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