Esse inventor pernambucano… (24 de dezembro de 1974)


Conheço um mariliense. O que não é nenhuma novidade, pois conheço milhares de marilienses.

Esse mariliense hoje não mais aqui reside.

Até há alguns anos era ele bancário em nossa cidade.

Tinha um hábito diário, infalível e imutável.

Quando saia do banco, para o almoço, passava num bar da cidade e fazia questão fechada de jogar uma partida de bocha, antes de ir “pegar o rango”.

Quando, por vezes, alguém perguntava se ele estava em férias, dizia que não, que ia almoçar e voltar a tempo para o trabalho do Banco. E o fazia, mesmo.

Mas, seus amigos, na base da “gozação”, diziam:

- Mas quando o fulano vai chegando em casa, a mulher dele põe o feijão-com-arroz no liquidificador, bate, despeja num copo, ele “engole” o almoço e volta para o banco…

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Lembro-me desse episódio porque o presenciei muitas vezes.

Mas a razão que me faz sua revelação vem residir num outro fato, ligado por analogia.

Esse outro fato não aconteceu em Marília, mas sim lá no Recife.

É que lá existe um pernambucano “da peste” para inventar coisas. É o Sr. Augusto Farias.

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O inventor pernambucano Augusto Farias está notabilizando-se por dar tratos à bola e a propagar invenções verdadeiramente “sui generes”, algumas até de interpretação ou aparências esdruxulas.

Mas são invenções cuja primazia coube ao pernambucano, que prova ser detentor de uma imaginação das mais férteis e que exerce uma atividade constante, na preocupação de descobrir coisas novas.

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Não sei se os leitores já leram ou ouviram falar algo a respeito desse homem.

Mas acredito que todos conhecem, saibam o que é e já tenham no mínimo provado uma gigantesca fruta que se chama jaca, que, se não é do agrado do paladar de todos, pelo menos em termos de aroma agrada muito, por ser muito cheirosa.

Pois bem.

O pernambucano queimou pestana, dispendeu energia mental, queimou fosfato, fez testes, permaneceu fazendo experiências duradouras e cansativas em seu laboratório, para conseguir seu intento: inventou a carne de jaca!

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Mas o Augusto Farias não parou ai.

Cismou de inventar um tipo de sorvete diferente, até então existente em todo o mundo.

Pasmem.

O inventor pernambucano, depois de anunciar a sua descoberta (carne de jaca), divulgou a bomba: sorvete de caranguejo!

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Não sei se os pernambucanos estão comendo a carne de jaca com “macaxêra” ou não e se, como sobremesa, estão lançando mão do sorvete de carangueja. Isso eu não sei.

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Mas o inventor pernambucano continuou pesquisando e realizando novas experiências, no afã de novos inventos.

E acabou por conseguir mais outra extraordinária invenção.

O Sr. Augusto Farias acaba de inventar o feijão em pó, instantâneo e solúvel apresentado sob a forma de farinha e de altor teor alimentício.

“Si non é vero, é benne trovatto”.

Extraído do Correio de Marília de 24 de dezembro de 1974

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